sábado, 31 de dezembro de 2011

Acontecimento de 2011: Os Heróis de Fukushima


É costume em final de cada ano fazerem-se os balanços dos sucessos e insucessos nos mais diversos níveis da história da nossa pegada pelo mundo.

O ano que agora finda, pessoalmente, não me deixará saudades.

No entanto, prefiro terminar o ano destacando um acontecimento que remete a Humanidade para os mais altos valores da sua condição.

Para mim o acontecimento que destaco em 2011 fala de pessoas anónimas, algo que resultou de uma resposta à calamidade que assolou um país, que dista a muitos quilómetros do meu.
Refiro-me aos Heróis da Central Nuclear de Fukushima no Japão.

No dia 11 de Março de 2011, sexta-feira, o Japão foi assolado por um forte terremoto de magnitude 8,9 graus na escala de Reitcher que atingiu em particular a costa nordeste do referido país.

O abalo foi seguido de tsunami (onda gigante com potencial destrutivo) que devastou cidades, arrastando prédios, casas, carros e navios, ceifando todas as vidas que encontrou pela frente.

As imagens são demasiado fortes,  torna-se indescritivel de relatar por palavras um cenário de calamidade tão devastador, tão desolador, perante a impotência humana face à grandiosidade da destruição …

Porque vivemos na era da globalização, da informação em direto, a cobertura televisiva  levou as imagens e os relatos possiveis dos sobreviventes a todo o globo.

Fica uma vez  mais patente o poder da Natureza contra a pequenez humana que muito pouco faz do que está ao seu alcance para proteger o seu habitat natural: a Terra, a casa de todos nós.

Como referi no inicio, tenho a obrigação de destacar um punhado de pessoas anónimas que trabalhavam na Central Nuclear de Fukushima.

Refiram-se pessoas altamente qualificadas, que no momento em que perceberam que os reatores da Central Nuclear estavam em risco de derreter, deram as suas vidas na esperança de minimizarem os efeitos de uma tragédia que já por si era enorme.
  
Pouco ou nada sabemos das vidas particulares dos Heróis da Central Nuclear de Fukushima, tratavam-se de engenheiros, técnicos, outros trabalhadores que se submeteram a elevadas  taxas de radiações,  com o intuito de travarem males maiores, para o Japão, mas, também, para o Mundo.
No entanto, não persistam dúvidas que a Natureza devolverá sempre todos os males que a Humanidade lhe conferir, quer sejam através das emissões de gases poluentes ou seja em nome de qualquer  avanço tecnológico.

Mas o Homem também é capaz de feitos notáveis. Num momento de catástrofe como o foi o Terramoto de Março de 2011 no Japão, dentro de uma Central Nuclear, elevaram-se  altos valores de solidariedade,  que apenas são detidos por pessoas muito especiais, digo mesmo singulares!

Os  Heróis da Central Nuclear de Fukushima, concentraram a sua inteligência para  atenuarem os efeitos muitíssimos nefastos que seria o rebentamento das turbinas da central nuclear, caso não as conseguissem arrefecer.

Num momento de decisão crucial que  para muitos seria fugir… os Heróis de Fukushima sacrificaram a própria vida pela vida de outros humanos, padecendo as terríveis consequências por tal genialidade!

Como portuguesa e europeia, presto-lhes a minha mais sincera homenagem, dizendo-lhes:  OBRIGADA pela coragem demonstrada!

Arigato (有難う)  Heróis de Fukushima!
Hoje dia 31 de Dezembro de 2011 elevo as minhas preces para todos aqueles que já não se encontram entre nós e muito em particular para os Heróis  anónimos de Fukushima!

Devido à sua bravura permitiram-me hoje escrever esta história fazendo-me acreditar que a Humanidade (ainda) tem a oportunidade de encontrar um caminho para os povos de todas as nações continuarem a viver no melhor planeta da Via Láctea: o nosso, o planeta Terra!


sábado, 10 de dezembro de 2011

Portugueses extraordinários: Irmã Maria da Comunidade Vida e Paz

Em 1989 a partir da janela do seu local de trabalho no secretariado-geral do Episcopado, situado no Campo dos Mártires da Pátria, em Lisboa, a Irmã Maria não conseguiu ficar indiferente à problemática dos sem-abrigo.    


Durante o dia deambulavam pessoas pelas ruas  que depois, pernoitavam em condições infra-humanas, com fome, frio e, sobretudo sem amor.

Pessoas que pareciam invisíveis perante os olhares de outras que continuavam o seu percurso sem lhes dedicarem um minuto de atenção.

O entendimento da Irmã Maria, fundadora da Comunidade Vida e Paz, foi pleno, juntamente com outras pessoas pertencentes a um grupo de oração, intitulado de Movimento Carismático, dedicaram mais que um olhar aos sem-abrigo.

Os fundadores da Comunidade Vida e Paz inspirados pelas palavras de S. Paulo aos romanos delinearam um plano de ação para proteger uma população marginalizada, com pessoas velhas, menos velhas e doentes.

Os objectivos primordiais da Comunidade Vida e Paz consistia em retirar das ruas o maior número de pessoas sem-abrigo,   reabilitá-los, de modo a possibilitar a sua reinserção  em sociedade.

Antes de desbravarem terreno junto dos sem-abrigo, os mentores do projeto passaram muito tempo a observar as suas “rotinas”, na tentativa de perceberem as suas reais necessidades.

A intervenção não podia ser “coisa” efémera, estavam a  mexer com vidas de pessoas que já por si, eram muito degradadas, quer fisicamente e/ou psicologicamente.

O plano de ação tinha de ser duradouro e para concretizar e garantir o seu sucesso seria preciso envolver pessoas (de boa vontade) que estivessem prontas a ajudar e a sacrificar algum tempo das suas vidas nas ações de voluntariado, na captação de fundos e, principalmente, dispostas a darem o que de melhor existe no interior de cada ser humano, sem garantia de retorno.

O amor em todas as dimensões é algo que não pode ser substituído por palavras ou planos de intenção.

O amor ao próximo é fazer sentir ao nosso semelhante que estamos prontos a ajudar e acudir, estender a mão e minimizar os sofrimentos.

Desde comida, a agasalhos, o importante era dedicar tempo a pessoas a quem a palavra “presente” está subsumida às necessidades básicas de sobrevivência.


Houve adesão de muitas pessoas à ideia meritória da Irmã Maria, num tempo em que a problemática dos sem-abrigo, não estava na ordem do dia nos meios de comunicação social e, também, das agendas dos decisores políticos.

Em 1989 Portugal ainda estremunhava perante as mudanças sociais, económicas e politicas. Portugal  tinha entrado na Comunidade Europeia em 1986 e, a revolução de Abril, tinha ocorrido somente há 15 anos.

Em Portugal, em virtude das muitas transformações que ocorriam simultaneamente, ambicionava-se atingir um nível de bem-estar e de conforto semelhantes aos de outros países da Europa, esquecendo-se (infelizmente) problemáticas tão diversas, como a dos sem-abrigo.

E, no meio destas convulsões, lá estava a Irmã Maria, muito Iluminada, a pensar em intervir numa comunidade (os sem-abrigo) mais habituada à marginalização.

No entanto, a Força do muito querer, de  intervir e de ajudar foi ganhando alicerces e seguidores.

Desde os finais dos anos 80, todas as noites as carrinhas da Comunidade Vida e Paz  saem para as ruas de Lisboa, com uma legião de voluntários que pela noite dentro levam uma refeição quente, agasalhos e uma palavra de conforto às pessoas que têm como tecto o céu.

Se em 1989 a sociedade parecia indiferente perante a comunidade dos sem-abrigo, na actualidade a conjuntura económica e social parece ser propicia a colocar mais pessoas à margem em virtude do desemprego e da desagregação familiar, entre outras situações.

No presente imperam os “valores” do capitalismo, onde a  procura desenfreada pela obtenção de lucros, concorre com valores mais nobres como o da Solidariedade.

A Irmã Maria com a sua Obra plantou sementes e caberá a todos os que se sentirem tocados pela  imensa generosidade dar continuidade a tão nobre projeto.

Caberá a cada cidadão nas localidades onde reside (seja em Portugal, ou no Mundo) não ficar indiferente à realidade de alguns porque “estamos feitos, mas não acabados” e o que hoje plantamos nas nossas ações diárias havemos de colher no amanhã o resultado .

sábado, 3 de dezembro de 2011

Para os pescadores de Caxinas: A Portuguesa

Foram resgatados do mar com vida os seis pescadores da localidade de Caxinas, freguesia  de Vila de Conde, no norte de Portugal, ao fim de 60 horas de naufrágio!
Esta é uma daquelas notícias que eu não podia deixar passar sem comentar, dado o meu fascínio, em primeiro pelas histórias com finais felizes e, em segundo, pela tentativa de  perceber "ao" que se agarram as pessoas em momentos de aflição.
Comecemos pelo final feliz, ocorrido, ontem, sexta-feira, dia 2 de Dezembro de 2011.


Como potencialidade económica, a atividade da pesca em Portugal, emprega uma parte significativa de homens, oriundos principalmente, das zonas litorais. São conhecidas as rudes condições em que laboram estes homens, seja pelas condições adversas do mar ou pela falta de condições de segurança das próprias embarcações.

O «Virgem do Sameiro» assim, se chamava o barco, onde seguiam os seis pescadores, não dispunha de um sistema de GPS, que permitisse por meio da vigilância por satélite, verificar a sua  localização. O «Virgem do Sameiro» naufragou terça-feira à noite, ao largo da Figueira da Foz.

Após o resgate, os pescadores relataram que o Mestre da embarcação depois dos homens terem lançado as redes ao mar mandou-os  descansar, para depois prosseguirem com a faina.

Foi, no entanto, um curto descanso, dado que o Mestre, ao verificar que a água entrava na casa das máquinas e que o afundamento da embarcação estava eminente,  os alertou !

Rapidamente foi lançada ao mar a “balsa”  de 5 metros, que haveria de  abrigar os seis pescadores nas 60 horas que se seguiram.

A balsa estava equipada com um pequeno kit de água potável,  alimentos e foguetes de sinalização (very lights) .  Quatro sinalizadores foram lançados pelos pescadores sempre que avistavam ao largo alguma embarcação, sem no entanto, conseguirem os resultados esperados.

Imaginem a pequenez humana de seis homens, dentro de uma balsa insuflável perante a imensidão de água em pleno oceano Atlântico.  

As Entidades em Portugal utilizando meios marítimos e aéreos lançaram uma operação de busca e salvamento da embarcação desaparecida. Esta operação de resgate foi por duas vezes interrompida durante a noite. Com o desenrolar das operações e com o passar das horas e sem deslumbrar qualquer sinal, a “esperança” ia-se dissipando em encontrar  os pescadores com vida.

As notícias que vieram a público eram desoladoras. Todas as circunstâncias apontavam que uma vez mais, a desgraça e a perda de vidas humanas, ia de novo assolar a comunidade piscatória de Caxinas. As famílias dos pescadores preparavam-se para receber a noticia da morte dos seus entes queridos.  

Mas, eis que na manhã de sexta-feira, pelas 11H, um helicóptero da Força Aérea Portuguesa, que não estava envolvido na “operação de resgate dos pescadores”, apenas fiscalizava pelo ar possíveis atividades de pesca ilegal, deslumbra na imensidão da água, a luz do quinto sinalizador lançado pelos pescadores!

A tripulação da embarcação
«Virgem do Sameiro» tinha finalmente sido encontrada ao fim de 60 horas à deriva!
A partir daquele momento, em que muitos, afirmam de “acaso”, a tripulação do helicóptero desencadeou os meios para resgatar os seis náufragos.
A operação foi de alto risco, dadas as condições adversas do mar com forte ondulação e com  baixa temperatura da água.

Os militares lançaram-se ao mar para içar um a um os seis pescadores para o  helicóptero que os haveria de transportar para terra.

Vamos à segunda parte da notícia, como conseguem os “Homens” sobreviverem em  condições tão  adversas?  Onde encontram a esperança quando já nada parece fazer “sentido” perante  a iminência da morte?

Recordo-me uma vez mais, dos mineiros chilenos que em 2010 sobreviveram 69 dias soterrados nas profundezas da terra. Também, uma vez mais, o que sobressai dos relatos dos sobreviventes, quer sejam os mineiros, quer sejam neste contexto, os pescadores de Caxinas, foi a FÉ que os manteve vivos perante a aversão!

Dá que pensar, que pelo facto de uns Acreditarem que podem ser salvos, e outros que podem salvar, às vezes os milagres acontecem!

Horas mais tarde a balsa que protegeu os seis pescadores de Caxinas foi recuperada pela Marinha Portuguesa. Dentro da balsa encontravam-se alguns pertences dos seis pescadores, entre os objetos encontrados, estava um terço, que se tornou um símbolo de união e de conforto das longas  horas de provação. O Comandante do navio de resgate da Armada Portuguesa, estava com o terço na mão e disse aos repórteres  que  gostava de o entregar pessoalmente ao Mestre da embarcação, porque segundo as suas palavras sabia bem do valor do “terço” naquelas horas de espera...

Os seis pescadores foram recebidos na terra de Caxinas, como heróis do mar! Aliás, faz todo o sentido, chamarem-lhes “heróis do Mar”! Sem sombra de dúvida, foi por existirem homens com esta fibra e que com este tipo de resiliência que os bravos nossos antepassados, ultrapassaram muitos “cabos das tormentas” e cujo hino nacional os imortalizou.  

Bravo pescadores de Caxinas!

Sejam muito bem-vindos à vossas famílias e ao orgulho nacional, pela resistência e pela força de acreditarem perante obstáculos (quase) intransponíveis!

 Para os pescadores de Caxinas,  A Portuguesa


“Heróis do mar, nobre Povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!”

A Portuguesa

sábado, 26 de novembro de 2011

O Fado chama-se Amália, chama-se Portugal!

A palavra fado vem do latim fatum, que significa, "destino".

Os portugueses e o seu "destino", têm no Fado a maior expressão cultural e, que melhor caracteriza, a forma de pensar, de sentir e agir de um povo.

As origens do Fado, são desconhecidas, segundo algumas teorias, diz-se que foram herdadas dos cânticos dos mouros, na época da reconquista cristã.

Outras teorias apontam que o Fado, deriva do “Lundu”, um género musical de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos trazidos ao Brasil, aos quais foram misturados os ritmos portugueses.

Estou convicta que o Fado é resultado de muitos ritmos, de muitas musicalidades, porque o fado, é sinónimo de Lusofonia, que caminha para a Universalidade.


A cidade de Lisboa é sinónima de Fado, das noites boémias, das esquinas dos amores encobertos, onde se fazem promessas, que se vivem numa noite, ao ritmo de uma vida.


O Fado é impar, ninguém consegue ficar indiferente perante o chorar da guitarra portuguesa, que dedilhada por mãos experientes, retiram das cordas sons que mais se assemelham a lágrimas que escorrem na garganta do fadista, que vai entoando as palavras sentidas do poema.


O fadista expressa no Fado as emoções, os sentimentos, a saudade de tempos passados, os amores perdidos, a tragédia, a dor, o amor e o ciúme, a noite, as misérias da vida, a critica da sociedade.


Existem fadistas, cujas vozes impares, ficarão imortalizadas para eternidade. De todas as belíssimas vozes, durante o século XX, destaca-se Amália Rodrigues, a maior expoente do Fado e, cuja voz, se confunde com o próprio género!


Amanhã, 27 de Novembro de 2011, em Bali, na Indonésia, a UNESCO vai, certamente, reconhecer, que o FADO, é Património imaterial da Humanidade, que saiu de Portugal para viajar pelos quatro cantos do mundo!


... E, agora, faça-se silêncio, que se vai cantar o Fado!


The Best of Portugal - Amália Rodrigues

domingo, 20 de novembro de 2011

Dias Felizes...


Como eu desejei sentir  este estado de tranquilidade que me invade a alma! Como é maravilhoso sentir-me em paz, bem comigo e com todos os outros que me rodeiam. A luta que encetei foi recompensada. Sempre quis acreditar (em muitos momentos) que tinha de existir uma recompensa para quem não baixasse os braços e, continuasse, na encruzilhada, a procurar  uma saída,  percorrer um trilho para alcançar um lugar… Em muitos dias o esforço foi dispendido em condições desiguais, de luta constante, contra a maré tempestuosa que travava todas as investidas de acalmia. Sinto-me no momento, invadida, pelas coisas boas, na mente a palavra esperança (no futuro) começa a fazer todo o sentido. Começo aos poucos a valorizar as coisas boas que me ladeiam. Delicio-me ao acordar todas as manhãs e observar os raios de sol a esgueirarem-se pela janela e a iluminarem o quarto. Em todas as manhãs, o brilho do nascer do sol, passou a ter um gosto muito especial. Amanheço com a mesma tranquilidade, com que me havia deitado, na noite anterior. Estou em plenitude com o amor. As minhas inquietações passaram a ser relativas porque afinal e como sempre soube para ser feliz eu precisava de muito pouco! Aprendi a saborear a vida no simples café da manhã. Estou em plena sintonia com todos os elementos que me rodeiam. Sinto-me bem comigo e com o mundo. Facilmente, transmitirei esta energia positiva por todos aqueles que me rodeiam. As perspectivas da vida parecem-me infinitas e desejo concretizar todos os sonhos que em tempos deixei de viver. Eu sabia, que um dia a felicidade iria me bafejar. Estes momentos, estes dias felizes, estariam, certamente, predestinados para mim… Eu aceitei, limitei-me a receber esta graça de coração aberto. Perante a noção de justiça, eu acreditei que a consciência de cada um é a melhor balança das ações individuais… Foi, com naturalidade que recebi a distinção porque em toda a minha vida procurei pautar as decisões honrando-as com os bons princípios e distintos valores. Estou feliz e olhando a vida em frente, porque eu sei, que encontrei o  Caminho!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sombras na memória

Acho que em toda a minha existência fui melancólica, embora em certos momentos da vida, eu parecesse exactamente o contrário. Estou a entrar numa faixa etária em que sinto por vezes alguma dificuldade em ultrapassar as vicissitudes do dia-a-dia. Durante muito tempo temi chegar a esta idade.
Foi com esta mesma idade que o meu querido pai se fechou para ele e para o mundo. Acho que o meu pai colocou um ponto final à sua vida, desistindo dela, não conseguindo aguentar a pressão que o rodeava e considerar que o chão lhe fugia dos pés. A doença aos poucos foi-se apoderando do seu corpo e da sua alma. Ele foi baixando a guarda e deixou de lutar… Esteve muito, muito tempo doente, sem nunca sair da cama. No inicio da sua doença tudo foi muito complicado para nós. No entanto, aos poucos a Providência encarregou-se da minha família. Muito paulatinamente foram-se encontrando caminhos, que nos haveriam de  ajudar a ultrapassar e a superar alguns dos obstáculos: angustias, desilusões, incompreensões, irracionalidades. Não posso, também, esquecer que houve momentos regados com uma mescla de amor, de esperança, de felicidade, de dever cumprido, solidariedade, caridade…
Acho, sem ter bem a certeza, que escrever a minha história poderá fazer-me bem. Neste ensaio vou articulando umas quantas palavras que aos poucos vou juntando e que originam frases.  Apetece-me apelidar a minha escrita como algo que resulta do infortúnio. Há uns anos atrás eu já tinha feito uma tentativa neste sentido, mas o computador que tinha em casa na altura avariou... Desconheço se algum dia irei recuperar as frases escritas naquele tempo. Por acaso, gostava de comparar a versão antiga, com esta, que é sua subsequente. Na altura, tal como agora, estaria, também, triste, possivelmente, revoltada com o rumo dos acontecimentos.  Este registo de frases, destina-se a exteriorizar muitas das memórias que me assolam a alma. Tento contrariar os pensamentos negativos, substituindo-os por outros positivos, mas, não devo empregar a energia suficiente, porque não me tenho saído bem. Foi com este estado de espírito que hoje decidi escrever e fazer uma auto-análise, com o intuito de me encontrar, com a vontade de vasculhar algumas das memórias guardadas e reviver os acontecimentos passados. Agora que termino de escrever acho que o exercício resultou, porque me sinto melhor comigo, como tivesse arrumado num lugar “especial” algumas das tormentas que me povoavam a mente...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

13 de Outubro

13 de Outubro no meu país (Portugal) é uma data com evocação religiosa.

Nesta data ocorrem ao Santuário de Fátima milhares de peregrinos.  
Alguns peregrinos por fortes motivos pessoais, obrigam-se a percorrer a pé centenas de quilómetros, desde suas casas até ao Santuário, para cumprirem  as promessas em devoção a N.Sra. de Fátima.

Sou crente, portanto, compreendo as motivações de outros para caminharem dias a fio, com uma força interior inabalável para cumprirem os seus propósitos de Fé.

Também, nesta, mesma data, em 13 de Outubro, há um ano, saiam ilesos do interior de uma mina no Chile, 33 mineiros!

Quantos de nós recordarão esse dia, para mim a saída com vida daqueles homens do interior da mina revestiu-se de algo muito singular!

Há um ano, escrevi que operação que permitiu a saída de cada uma daquelas almas do interior da Terra representou um momento único para o Mundo.

O sucesso da operação residiu numa cápsula batizada de Fénix, nome da ave mitológica que renasceu nas cinzas.

Como espetadora atenta de toda a operação de salvamento, retive uma lição para a vida.

Tudo de positivo que sucedeu em 13 de Outubro de 2010, só ocorreu porque a Fé e a Ciência se uniram!

Considero que no dia 13 de Outubro de 2010 o avanço tecnológico ao serviço do Homem e a Fé estiveram intrinsecamente associadas!

O que se passou no quotidiano daqueles 33 mineiros, durante os 69 dias em que estiveram soterrados numa profundidade de 700 metros, nas entranhas da terra só os próprios poderão descrever.

Na certeza porém, que a força do Acreditar prevaleceu no espírito dos 33 mineiros e de todos os outros homens que tudo fizeram, Acreditando, para os salvar!

Este acontecimento para mim foi dos melhores exemplos daquilo que os Homens podem fazer uns pelos outros! Assim, o queiram fazer…

Quanto à Fé é algo de difícil explicação por palavras, é algo tão poderoso que reside no sentir de cada pessoa…

sábado, 8 de outubro de 2011

From Nigeria with love


Rashidi: Como podes ver, está tudo no início... bem no início... -O que me querias dizer?
Rubina: Eu escrevi-te, não leste?
Rashidi: Eu li."Não olhar a meios" porque escreveste a frase entre aspas, querida?
Rubina: Porque quero reforçar a mim própria que tudo farás (se te conheço) para garantires a tua liberdade.
Rashidi: Ah, ok! Assim, sim, já compreendo! Mas não te preocupes, com o andar da nossa relação abrir-me-ei todo a ti. Com o tempo, com o nosso tempo, valerá tudo menos a mentira.
Rubina: Isso preocupa-me, porque no limite, eu sei, tu também, sabes, que nos daremos bem, mas, também, iremos provocar angústias um ao outro...
Rashidi:: Psiuuuuuuuuuu! Com o tempo, gere-se o tempo! Já te disse, construir o futuro no vazio é perigoso, destrói o presente, temos que analisar o dia-a-dia, querida!
Rubina: Eu sei que és possivelmente, a materialização do meu desejo mais intimo, que nunca pensei em tempo algum encontrar.
Rashidi: Tudo é construção!
Rubina: Somos ambos, muito inquietos com a vida!
Rashidi: Não, não, meu anjo! Somos inquietos por natureza!
Rubina: Não uses a palavra amor...como eu gostava tanto um dia dizer-te, amo-te... mas, possivelmente, nunca direi...
Rashidi: Continuas a pensar errado... Continuas a pensar muito além.....
Rashidi: Estás aqui e agora…não antecipes, o sim ou o não.
Rubina: Devem ser as saudades, despeço-me, declarando-me…
Rashidi: Já vais?  
Rubina: Para o meu recôndito  sonho... Já me esquecia, gostei do teu poema, da parte em inglês... traduzi "estamos todos de passagem"... era isto que tinhas em mente?
Rashidi: Ainda não está acabado…
Rubina: Tens mesmo a certeza que a nossa amizade segue o rumo certo?
Rashidi: Sim... vai ser sólida e duradoura e só nossa.
Rubina: Dar tempo ao tempo... a garantia aqui é o sentimento de "posse", possuir algo de tão profundo, tão poderoso... é dizer tudo, mas tudo, é nunca mentir, é amar sem ter medo de amar…é estar junto mesmo separado… - Tu consegues  Rashidi?
Rashidi: Sim, com toda a calma do mundo! Isso implica querer estar junto e procurar estar junto de ti, com inteligência e juízo, mas querer…
Rubina: E, agora  a pergunta que se impõe: - Como se faz? Como se faz, para se querer dessa maneira?
Rashidi: Não sei! Vamos descobrir em conjunto, continuar com a vida e viver um dia de cada vez. O que for vindo vai sendo analisado. Tenho um compromisso contigo. Penso que é disso que se trata e esse compromisso será selado pela verdade.
Rubina: É isso mesmo! Se as condições de partida são estas...
Rashidi:  No limite nunca quero nada...... vejo sempre a situação, mas, se um dia estivermos juntos, já teria sido bom.... Nunca coloco objetivos nem barreiras.
Rubina: Como é que é Rashidi? Vamos partir à descoberta? Vamos em 1ª ou em 2ª classe?
Rashidi: Primeiríssima!

sábado, 3 de setembro de 2011

Um Olhar sobre...Cabo Verde

Cabo Verde - Africa
É um país com um ritmo muito próprio.

Lá não há pressa para nada!

Foram estas as palavras de uma amiga que chegou esta semana de  viagem de Cabo Verde. 

Eu estava ávida para saber as novidades, ela estivera durante um mês a viajar pelas  Ilhas do Arquipélago de Cabo Verde.  

A imagem que eu tenho deste país é idílica, consequência das belas fotografias das revistas das agências de viagem, que publicitam o turismo naquelas paragens como tendo um excelente  clima, muito sol e muita praia!
Sabes,  dizia-me ela, a electricidade numa das ilhas, falta quatro a cinco horas por dia, como pode, assim, este país, evoluir?

O abastecimento de comida, também, é escasso. As poucas mercearias que existem na ilha, são espaços que nos transportam para um tempo longínquo que já não temos memória em Portugal.
Estes espaços de comercialização de alimentos remetem-nos para as descrições  que faziam os nossos pais e os nossos avós quando éramos crianças, sobre as mercearias que existiam nos anos cinquenta e sessenta nas aldeias do interior de Portugal.
Imagina, tu, o que é querer  comprar um pedaço de carne e não haver! Para te dar um exemplo, houve um dia em que fui a uma mercearia local e perguntei onde podia encontrar carne. O homem que estava atrás de um balcão de madeira apontou-me para umas arcas frigoríficas num dos cantos do estabelecimento.

Quando abri a arca congeladora,  o mau cheiro que saiu de dentro, retirou-me toda a vontade de confeccionar o que quer que fosse.

Decidi, então, comprar arroz para acompanhar uns enlatados, qual a “surpresa” quando cheguei a casa,  verificar que para além da data de validade estar expirada, o arroz, também, tinha  "bicho" (gorgulho).

Não admira que a população local seja magra de constituição. Palmilham todos os locais da ilha a pé, as estradas são quase inexistentes e algumas que existem estão em mau estado de conservação. Depois, infelizmente, para a população local, os alimentos escasseiam, quer pelo preço, quer pela quantidade.

Outra chamada de atenção foi a quase inexistência de população idosa. Embora as estatísticas do país apontem para uma esperança de vida a rondar os setenta anos, eu na cidade onde me encontrava, quase  não vi idosos.
Vi, sim, muitas crianças sozinhas que brincavam em alguns locais com  acessos perigosos e não havia adultos a vigiá-las. Crianças de oito e nove anos que tomavam conta de outras com quatro ou cinco anos.
Retive com muita atenção todas as palavras da minha amiga com elas, fui-me deixando transportar  para uma das ilhas do arquipélago de Cabo Verde.

A minha amiga relatou-me o quotidiano da rapariga que fazia a limpeza todas as manhãs no seu apartamento.   
Com isso, e,  sem ela própria saber, colocou sobre mim a responsabilidade de relatar a quem venha a ler este texto, a história de uma jovem mulher, mãe solteira, que trabalha de sol a sol, para auferir um vencimento mensal de vinte mil escudos cabo verdianos (aproximadamente duzentos euros) e, cuja  esperança em melhores dias, parece comprometida .
A sua filha pequena fica com a avó no “interior” da ilha. Entenda-se como interior uma localidade que dista quinze minutos a pé do empreendimento turístico onde a minha amiga se econtrava, mas que no entendimento da população local, faz a separação entre a zona citadina e rural.
Apenas à terça-feira à tarde, a jovem mulher está com a filha.
A falta de tempo para o lazer é de tal maneira evidente que naquela ilha existe um vulcão e a jovem mulher nunca o viu!
Contou à minha amiga que um dia até  houve um estrangeiro que lhe disse que a levava de automóvel para ver o vulcão e, quando ela  tão feliz foi pedir ao patrão que permitisse a sua ausência no turno da tarde, tendo a mesma arranjado uma colega para  a substituir,  o patrão não permitiu! A tristeza no  rosto  da jovem mulher ao relatar estes factos era por demais evidente.
Ao ouvir este relato, desejo que a vida desta jovem mulher e da sua família, um dia venha a melhorar…
Dadas as características físicas do terreno e inexistência de recursos naturais, não existirão dúvidas, que o turismo, é a melhor solução para a economia daquele arquipélago.

Também,  será,   importante,  chamar atenção para as condições em que vive a população local.   Oxalá os empresários não vejam no turismo apenas um meio de enriquecimento próprio ou de exploração de mão-de-obra da população local.
Os empresários, em conjunto com o Estado,  devem contribuir para a melhoria das condições de vida dos habitantes, pagando o valor justo aos colaboradores pelo seu trabalho.
São os trabalhadores em conjunto com os empresários, que asseguram que o turismo, como outros sectores de actividade, sejam os motores de captação de recursos financeiros para o desenvolvimento do país!
Embora Cabo Verde não tenha sido dos países em África que mais tenha padecido com as “guerras”, ainda tem um longo caminho a percorrer para melhorar as condições de vida das populações.
Por último, desejo que Cabo Verde consiga de ano para ano mundialmente passar a ocupar um local de destaque nos destinos turísticos! 

Cabo Verde

sábado, 27 de agosto de 2011

Memórias da tua infância

Já fazia tempo que estava para te falar, depois, vem sempre qualquer coisa que me impedia de o fazer.
Acho por vezes que esta minha falta de tempo é um mero pretexto para não abordar nenhum assunto contigo!
Sabes tenho tido muitas saudades tuas que hoje decidi escrever! Sinto saudades em particular da menina de 4 anos que a pedido da tua mãe eu ia buscar ao colégio, de vez enquando, para passar o fim de tarde comigo.
Lembraste do que fazias quando chegávamos à minha casa?
Estas são talvez as memórias mais deliciosas que guardo de ti. De uma menina muito espertalhona, muito observadora, que me contava com um sorriso na cara o seu atarefado dia na escola, belos esses dias, muito belos...
Quando chegávamos a minha casa dava-te a escolher a caneca para beberes o leite. Também, só tinhas duas possibilidades, uma caneca branca com umas flores cor- de-rosa ou em alternativa uma caneca branca com o bordo em azul. Escolhias sempre a caneca branca com a risca azul. E, eu, sabendo, de antemão a resposta, não resistia e perguntava-te, todas a vezes que bebias leite, qual a caneca que querias, porque gostava de te ouvir a decidir.
Sabes o que eu não gostava na altura, mas, que agora pouco ou nada importa, era ver quando a tua mãe chegava para te ir buscar dar-te um "daqueles" ataques, onde começavas a pular em cima das minhas cadeiras brancas da cozinha novinhas em folha! O problema era que a tua singela brincadeira, interferia com a protecção que eu queria dar às coisas que eu tinha comprado com dificuldade para a minha casa. Agora passados tantos anos nada disso importa e guardo na minha memória para todo o sempre a imagem de uma linda menina no alto dos seus 4 anos, com um vestido rodado, com uma fita no cabelo a pular em cima das minhas cadeiras, a rir e a desafiar-me...
Se te recordares desses tempos, lembrar-te-ás que eu nunca te disse nada e tão pouco fiz queixa de ti à tua mãe. Até porque como saberás eu considero a tua mãe uma pessoa muito especial.
A tua mãe é daquelas pessoas que irradia serenidade por todos os poros. Tu terás as tuas "razões de queixa" para brigares tanto com ela mas garanto-te que tens uma sorte imensa em a teres como tua mãe.
Tu e o teu irmão são a razão de existir da tua mãe! Todas as opções que a tua mãe fez na vida foram a pensar no bem-estar das duas jóias mais preciosas para ela: tu e o teu irmão.
Isto tudo porque hoje é o dia do teu aniversário. Hoje completas a bonita idade de dezanove anos.  E, porque tenho conhecimento dos teus desejos para o futuro, aproveito a ocasião para te dizer para que não desistas da Escola! Muda de escola se necessário! Tu és uma adolescente que tem pouca experiência da vida. A minha experiência diz-me que o mundo do trabalho não é fácil, mas mais difícil se torna para quem não possui habilitações escolares.
Podes fazer o que quiseres com a tua vida, porque tens tantos e tantos anos pela frente, mas, como pessoa que te quer bem, peço-te para que não desperdices as tuas energias com teimosias. És demasiado inteligente para não encontrar um caminho que te ajude a ultrapassar este momento em que nada parece dar certo.
Impõem objectivos para ti própria. Impõe metas e percorre um ou vários caminhos (às vezes penosos) mas faz tudo para não desistir e para conseguir chegar à meta. Volta a encontrar o teu imenso potencial! Estás a tempo de tudo.
Conheci a tua mãe na escola, eu tinha 21 anos e, só por a ter conhecido, já valia a pena ter ido estudar…agora, imagina, a minha sorte, passados tantos anos ainda somos grandes amigas!
Acredita eu também ficarei muito feliz se souber que tu estás bem!
Despeço-me com um beijo do tamanho do Mundo para a minha querida menina que no presente está a ficar uma linda mulher!


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Pai

Preciso de ti
As minhas preces viajam para longe
A distância não pode impedir
Que cuides de mim
Falo contigo
Procuro em silêncio
Receber instruções
Preciso de um abraço
Que me protejas
Por isso chamo por ti
Quero que me indiques o caminho
Preciso das tuas palavras
Desce das estrelas e fala comigo