sexta-feira, 22 de abril de 2011

Viagem sem volta marcada

A viagem até ao aeroporto foi feita num silêncio ensurdecedor. Ema encostou a cabeça ao vidro da janela, pensativa e angustiada. Ela sabia que não era apenas uma simples viagem de trabalho de Afonso. Ema estava cansada com a rotina de uma relação onde a ausência não era exclusiva apenas da hora da partida. Desejou por momentos que a vida voltasse para o passado e que ela e Afonso voltassem a sorrir apenas de olharem um para o outro. Afinal, ainda havia uma réstia de esperança, assim, ambos quisessem. Em muitos anos de relação entre os dois nunca houvera espaço para os filhos. No inicio de tudo, ambos estiveram de acordo na opção de não haver filhos. No presente Ema por instantes lamentou que não existisse ninguém a quem dizer: apesar das circunstâncias da vida, valeu a pena, por ti (filho). Mas, não, não havia ninguém para escutar os desabafos. Os filhos foram preteridos por uma entrega total ao trabalho e às carreiras de cada um. Afonso parou o automóvel no estacionamento do aeroporto. Em silêncio saíram do automóvel. Afonso recolheu a bagagem e Ema acompanhou-o até ao balcão para este realizar o check-in. A agitação do aeroporto contrastava com o silêncio entre os dois. No rosto de Afonso era visível a vontade de partir. Na hora da despedida cordialmente Afonso esboçou um sorriso para Ema, beijou-a e seguiu a passos largos pelo corredor que o havia de levar ao avião sem nunca olhar para trás. Ema, viu-o partir, sentou-se num banco e deixou sair todas as lágrimas que continha nos olhos. Naquele momento Ema lamentou os últimos anos da sua vida onde os sonhos a dois haviam sido boicotados. Nos últimos anos, Ema povoava lugares imaginários onde se recolhia nos momentos de escutar uma palavra amiga ou receber um incentivo para ultrapassar as vicissitudes da vida. Ema fez um derradeiro esforço na tentativa de recordar os anos áureos onde um simples olhar valia por muitas palavras. Não tenham dúvidas que houve tempos em que Ema e Afonso se amaram... infelizmente, para Ema, recordar, esses tempos, há muito recalcados na mente, não lhe permitem no presente desanuviar o espírito, por conseguinte, há memórias que devem permanecer onde estão arrumadas. O avião levantou voo e Afonso partiu de viagem e da vida de Ema para sempre...

sábado, 16 de abril de 2011

Seguir em Frente

Apeteceu-me gritar perante a
impossibilidade de mudar o rumo dos acontecimentos. Parei o automóvel e olhei o horizonte na esperança de encontrar uma saída, uma solução, para os problemas. Senti a alma como que encurralada sem saber qual o melhor rumo a seguir, sem conseguir deslumbrar a porta de saída, de modo a colocar um ponto final no desconforto interior.

Doeu pensar como as pessoas preferem os facilitismos no lugar de lutarem pelas coisas tangíveis...eu não mascaro com desculpas as escolhas feitas, apenas lamento, o desapego, a falta de sensibilidade de alguns perante a vida dos outros... e, no limite, até admito que muitas dessas acções sejam realizadas com algum grau de ingenuidade na esperança que o milagre aconteça, mas, também, sem o necessário esforço de introspecção que faz parte da intervenção individual.

Desta vez, como, possivelmente, outras tantas vezes, vejo-me partir cedo, com um certo gosto amargo de energias em vão dispendidas... podia continuar a lutar?!

Certamente,  que sim, mas, não vou ficar, porque certas premissas não podiam ser quebradas...mais, que um contrato, celebrou-se uma envolvência, e há momentos, em que não adianta remar contra a maré...as boas ou as más escolhas pertencem a cada um, logo, as consequências dos actos,  é o saldo que resta no final...

No Final ficará sempre uma história por contar, porque esta é constituída por vários capítulos e é a acção dos personagens que dita o rumo dos acontecimentos...

Sem espantos, a inevitabilidade acontece...a relatividade do tempo é cruel porque a velocidade pode ser estonteante e a maior parte das vezes não estamos preparados para realizar a viagem...as intermitências, essas acompanhar-nos-ão pela vida fora.. como noutras vezes, guardarei a parte boa dos acontecimentos...sem mágoa...lembrando um tempo que não sei se foi ou não perdido, essa avaliação deixo para Outros, para a sabedoria de Outros, que não questiono...eu, por agora, só quero seguir em frente!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Amaral- Sin ti no soy nada

Sin Ti no soy nada

Sin ti no soy nada,
Una gota de lluvia mojando mi cara
Mi mundo es pequeño y mi corazón pedacitos de hielo

Solía pensar que el amor no es real,
Una ilusión que siempre se acaba
Y ahora sin ti no soy nada
Sin ti niña mala,
Sin ti niña triste
Que abraza su almohada
Tirada en la cama,
Mirando la tele y no viendo nada
Amar por amar y romper a llorar
En lo más cierto y profundo del alma,

Sin ti no soy nada
Los días que pasan,
Las luces del alba,
Mi alma, mi cuerpo, mi voz, no sirven de nada
Porque yo sin ti no soy nada
Sin ti no soy nada
Sin ti no soy nada

Cantante: Amaral