quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sombras na memória

Acho que em toda a minha existência fui melancólica, embora em certos momentos da vida, eu parecesse exactamente o contrário. Estou a entrar numa faixa etária em que sinto por vezes alguma dificuldade em ultrapassar as vicissitudes do dia-a-dia. Durante muito tempo temi chegar a esta idade.
Foi com esta mesma idade que o meu querido pai se fechou para ele e para o mundo. Acho que o meu pai colocou um ponto final à sua vida, desistindo dela, não conseguindo aguentar a pressão que o rodeava e considerar que o chão lhe fugia dos pés. A doença aos poucos foi-se apoderando do seu corpo e da sua alma. Ele foi baixando a guarda e deixou de lutar… Esteve muito, muito tempo doente, sem nunca sair da cama. No inicio da sua doença tudo foi muito complicado para nós. No entanto, aos poucos a Providência encarregou-se da minha família. Muito paulatinamente foram-se encontrando caminhos, que nos haveriam de  ajudar a ultrapassar e a superar alguns dos obstáculos: angustias, desilusões, incompreensões, irracionalidades. Não posso, também, esquecer que houve momentos regados com uma mescla de amor, de esperança, de felicidade, de dever cumprido, solidariedade, caridade…
Acho, sem ter bem a certeza, que escrever a minha história poderá fazer-me bem. Neste ensaio vou articulando umas quantas palavras que aos poucos vou juntando e que originam frases.  Apetece-me apelidar a minha escrita como algo que resulta do infortúnio. Há uns anos atrás eu já tinha feito uma tentativa neste sentido, mas o computador que tinha em casa na altura avariou... Desconheço se algum dia irei recuperar as frases escritas naquele tempo. Por acaso, gostava de comparar a versão antiga, com esta, que é sua subsequente. Na altura, tal como agora, estaria, também, triste, possivelmente, revoltada com o rumo dos acontecimentos.  Este registo de frases, destina-se a exteriorizar muitas das memórias que me assolam a alma. Tento contrariar os pensamentos negativos, substituindo-os por outros positivos, mas, não devo empregar a energia suficiente, porque não me tenho saído bem. Foi com este estado de espírito que hoje decidi escrever e fazer uma auto-análise, com o intuito de me encontrar, com a vontade de vasculhar algumas das memórias guardadas e reviver os acontecimentos passados. Agora que termino de escrever acho que o exercício resultou, porque me sinto melhor comigo, como tivesse arrumado num lugar “especial” algumas das tormentas que me povoavam a mente...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

13 de Outubro

13 de Outubro no meu país (Portugal) é uma data com evocação religiosa.

Nesta data ocorrem ao Santuário de Fátima milhares de peregrinos.  
Alguns peregrinos por fortes motivos pessoais, obrigam-se a percorrer a pé centenas de quilómetros, desde suas casas até ao Santuário, para cumprirem  as promessas em devoção a N.Sra. de Fátima.

Sou crente, portanto, compreendo as motivações de outros para caminharem dias a fio, com uma força interior inabalável para cumprirem os seus propósitos de Fé.

Também, nesta, mesma data, em 13 de Outubro, há um ano, saiam ilesos do interior de uma mina no Chile, 33 mineiros!

Quantos de nós recordarão esse dia, para mim a saída com vida daqueles homens do interior da mina revestiu-se de algo muito singular!

Há um ano, escrevi que operação que permitiu a saída de cada uma daquelas almas do interior da Terra representou um momento único para o Mundo.

O sucesso da operação residiu numa cápsula batizada de Fénix, nome da ave mitológica que renasceu nas cinzas.

Como espetadora atenta de toda a operação de salvamento, retive uma lição para a vida.

Tudo de positivo que sucedeu em 13 de Outubro de 2010, só ocorreu porque a Fé e a Ciência se uniram!

Considero que no dia 13 de Outubro de 2010 o avanço tecnológico ao serviço do Homem e a Fé estiveram intrinsecamente associadas!

O que se passou no quotidiano daqueles 33 mineiros, durante os 69 dias em que estiveram soterrados numa profundidade de 700 metros, nas entranhas da terra só os próprios poderão descrever.

Na certeza porém, que a força do Acreditar prevaleceu no espírito dos 33 mineiros e de todos os outros homens que tudo fizeram, Acreditando, para os salvar!

Este acontecimento para mim foi dos melhores exemplos daquilo que os Homens podem fazer uns pelos outros! Assim, o queiram fazer…

Quanto à Fé é algo de difícil explicação por palavras, é algo tão poderoso que reside no sentir de cada pessoa…

sábado, 8 de outubro de 2011

From Nigeria with love


Rashidi: Como podes ver, está tudo no início... bem no início... -O que me querias dizer?
Rubina: Eu escrevi-te, não leste?
Rashidi: Eu li."Não olhar a meios" porque escreveste a frase entre aspas, querida?
Rubina: Porque quero reforçar a mim própria que tudo farás (se te conheço) para garantires a tua liberdade.
Rashidi: Ah, ok! Assim, sim, já compreendo! Mas não te preocupes, com o andar da nossa relação abrir-me-ei todo a ti. Com o tempo, com o nosso tempo, valerá tudo menos a mentira.
Rubina: Isso preocupa-me, porque no limite, eu sei, tu também, sabes, que nos daremos bem, mas, também, iremos provocar angústias um ao outro...
Rashidi:: Psiuuuuuuuuuu! Com o tempo, gere-se o tempo! Já te disse, construir o futuro no vazio é perigoso, destrói o presente, temos que analisar o dia-a-dia, querida!
Rubina: Eu sei que és possivelmente, a materialização do meu desejo mais intimo, que nunca pensei em tempo algum encontrar.
Rashidi: Tudo é construção!
Rubina: Somos ambos, muito inquietos com a vida!
Rashidi: Não, não, meu anjo! Somos inquietos por natureza!
Rubina: Não uses a palavra amor...como eu gostava tanto um dia dizer-te, amo-te... mas, possivelmente, nunca direi...
Rashidi: Continuas a pensar errado... Continuas a pensar muito além.....
Rashidi: Estás aqui e agora…não antecipes, o sim ou o não.
Rubina: Devem ser as saudades, despeço-me, declarando-me…
Rashidi: Já vais?  
Rubina: Para o meu recôndito  sonho... Já me esquecia, gostei do teu poema, da parte em inglês... traduzi "estamos todos de passagem"... era isto que tinhas em mente?
Rashidi: Ainda não está acabado…
Rubina: Tens mesmo a certeza que a nossa amizade segue o rumo certo?
Rashidi: Sim... vai ser sólida e duradoura e só nossa.
Rubina: Dar tempo ao tempo... a garantia aqui é o sentimento de "posse", possuir algo de tão profundo, tão poderoso... é dizer tudo, mas tudo, é nunca mentir, é amar sem ter medo de amar…é estar junto mesmo separado… - Tu consegues  Rashidi?
Rashidi: Sim, com toda a calma do mundo! Isso implica querer estar junto e procurar estar junto de ti, com inteligência e juízo, mas querer…
Rubina: E, agora  a pergunta que se impõe: - Como se faz? Como se faz, para se querer dessa maneira?
Rashidi: Não sei! Vamos descobrir em conjunto, continuar com a vida e viver um dia de cada vez. O que for vindo vai sendo analisado. Tenho um compromisso contigo. Penso que é disso que se trata e esse compromisso será selado pela verdade.
Rubina: É isso mesmo! Se as condições de partida são estas...
Rashidi:  No limite nunca quero nada...... vejo sempre a situação, mas, se um dia estivermos juntos, já teria sido bom.... Nunca coloco objetivos nem barreiras.
Rubina: Como é que é Rashidi? Vamos partir à descoberta? Vamos em 1ª ou em 2ª classe?
Rashidi: Primeiríssima!