sábado, 29 de dezembro de 2012

Horizontes sem esperança


Em 2012 ocorreram mudanças socioeconómicas, que alargaram o fosso das desigualdades entre os portugueses. Começa haver demasiados “portugais” dentro de Portugal. Desde o 25 Abril de 1974 até à atualidade, os vários decisores políticos, não conseguiram ao longo de trinta e oito anos, implementar medidas que permitissem aos portugueses viverem condignamente. O ano de 2012 ficará na História como um ano de retrocesso nas políticas sociais desde a Revolução dos Cravos. É com tristeza que assisto à saída para o estrangeiro da geração de jovens mais qualificada de sempre! Estes jovens que partem em busca de melhores condições de vida, dificilmente, regressarão ao seu país natal. Estes jovens se ficassem, muitos deles, dariam o seu contributo para o desenvolvimento e para o progresso de Portugal. Atualmente, vivemos sob um regime de assistência financeira estrangeira e em nome das medidas de austeridade de quem nos resgatou, o governo português aproveita para incrementar outras medidas que atentam contra os direitos sociais. A população portuguesa, em particular a classe média está a caminhar para o limite em termos de impostos. As taxas de desemprego estão altíssimas, perder o trabalho a partir dos 40 anos, pode significar não voltar a encontrar trabalho. Entre os jovens a taxa de desemprego é igualmente alta. Não pode quem nos governa esquecer a manifestação ocorrida em 15 de Setembro de 2012 que juntou nas ruas em Lisboa, de forma espontânea, mais de meio milhão de pessoas. Este movimento é um retrato da sociedade portuguesa, ali estavam representadas várias gerações de pessoas, muitas delas, sofrendo no dia-a-dia, a dificuldade para se alimentarem, pagarem habitação e outras despesas básicas. Se os governantes persistirem neste tipo de políticas restritivas, estão a negar aos portugueses o direito de terem filhos, consequentemente, de renovar a sociedade, que já é uma das mais envelhecidas, atualmente, existem 128 idosos, por cada 100 jovens! Os portugueses transportam no olhar um futuro sem esperança… Não é possível aos portugueses compreender a razão de pagarem uma divida que não contrariam e que em nada os beneficia. Não é entendível que sucessivos governos resgatem grupos económicos ou façam parcerias com grupos privados lesando o interesse coletivo. Os sucessivos governos hipotecaram o futuro dos atuais portugueses e das gerações seguintes que antes de nascerem já têm uma dívida para saldar. A sociedade portuguesa rejeita as políticas económicas que não estabeleçam as pessoas como prioridade! Gostava que este meu último texto,  em 2012, tivesse muitas palavras de esperança… infelizmente, não consigo deslumbrar  num futuro próximo, melhorias significativas  que permitam aos portugueses viverem melhor…

sábado, 22 de dezembro de 2012

Pensando em vocês, os quatro!


Se alguém me perguntasse o que de melhor tenho na vida? Responderia sem qualquer hesitação, o que me deixa mais feliz, é ter sido Mãe! A maternidade foi a maior bênção que Deus me concedeu. Sempre que o Natal se aproxima, lembramo-nos, de todos aqueles que amamos e ainda estão connosco e, também, daqueles que continuamos a amar, mas já partiram. Hoje dia 22 de dezembro de 2012, direciono o meu pensamento para os meus quatro filhos, Ana Isabel, Miguel, Raquel e Daniel. Tenho comigo dois filhos maravilhosos, a primeira e o quarto, os outros dois, estão juntos no Céu! Não cheguei a conhecer o Miguel e, tão pouco a Raquel, ambos, partiram em bebés. E, o que importa isso para o Amor? Nada! Absolutamente, nada, continuo, a amá-los e, a lembrá-los, em muitos momentos da  vida. Costumo em alguns episódios de discórdia entre irmãos dizer à minha filha mais velha que ela tem o dever de proteger o irmão mais novo, tal, como fez a sua irmã Raquel, quando decidiu partir, para ficar junto do Miguel. A Raquel foi a minha terceira gravidez, algum tempo depois de ter perdido o Miguel… houve um dia, quando tudo parecia estar a correr bem e, sem haver, aparentemente, uma explicação, o seu coraçãozinho deixou de bater e ela partiu… À dor inicial, esta, foi dando lugar, a uma compreensão face à perda. Como, quase, sempre, acontece, quando penso, no assunto, algumas, lágrimas, acompanham o pensamento, mas, fico feliz e, tranquila pela tomada de decisão da minha terceira filha. A Raquel, tinha mesmo de partir, para ficar junto do seu irmãozinho Miguel, para ele, não se sentir sozinho, no Céu! Digo mesmo, se eu própria estivesse no seu lugar, teria feito, exatamente, a mesma coisa! Intimamente, sempre, soube, enquanto, grávida, o sexo dos meus filhos. Os exames médicos, apenas confirmavam aquilo que a intuição materna já me havia transmitido. Também, muito cedo, atribuí nomes aos meus rebentos para com eles poder falar. Considero mesmo que os meus quatro filhos são parecidíssimos entre si! O Daniel o mais novo é parecido com a Ana Isabel a mais velha! Quando o Daniel nasceu as minhas primeiras palavras para ele, foram: - Eu já te conhecia! Foi uma daquelas sensações de mãe, como se o Daniel, transportasse consigo, as parecenças físicas de todos os seus outros irmãos. O facto é, que o Daniel, além de bonito, é dos membros da família, o elemento mais carinhoso. É com dificuldade, que os seus desejos raramente não são satisfeitos, dada a doçura que ele utiliza nas palavras. A Ana Isabel além de possuir uma enorme beleza é uma menina dotada de grande inteligência. No Céu, sei que o Miguel e a Raquel, devem ser parecidos com os outros irmãos. No Céu além de estarem um com o outro e serem unidos, estão junto dos nossos familiares e amigos que já partiram. Às vezes penso, quando o meu dia chegar, será mais fácil, para mim, chamá-los pelos seus nomes, para que eles, muito, rapidamente, possam chegar junto de mim. Nem consigo imaginar o enorme abraço que lhes darei…estou, certa, que o nosso abraço a três, vai ter uma longa duração para compensar o tempo que fui privada de os ter junto de mim. Desejo que as vidas da Ana e do Daniel além de felizes, sejam longas, mas, quando, um dia, as suas horas chegarem, desejo estar, junto com a Raquel e o Miguel, nas Portas do Céu, a dar-lhes, as Boas Vindas! No dia em que eu reunir os meus quatro filhos, terei atingido o apogeu da Felicidade!

sábado, 15 de dezembro de 2012

Momentos muito felizes



A passagem do tempo tem o poder de avivar as lembranças. Intempérie à parte, que se abateu, ontem, 14 de Dezembro, sobre Lisboa, tive a possibilidade, de recordar, momentos, muito felizes junto de antigos colegas de faculdade. A pretexto das Comemorações dos 40 anos do ISCTE IUL, voltei à Instituição onde realizei em idade adulta a licenciatura em Sociologia. Entrar de novo naquele edifício, percorrer os corredores, fizeram-me, sentir saudades, do tempo de estudante! Já houve momentos, em que me perguntei, se valeu a pena o sacrifício de estudar à noite, colocando em segundo plano, horas de merecido descanso, depois duma árdua jornada de trabalho. De todas as vezes que pensei no assunto, esbocei sempre, um sorriso, em sinal afirmativo, tudo o que fiz na trajectória escolar valeu a pena! Tenho a convicção que, na vida, nada se conquista, sem haver alguns sacrifícios. O conhecimento que me foi transmitido por ilustres professores,  com os seus saberes, dando a conhecer obras de outros autores, teorias e pensamentos dos fundadores da Sociologia, em muito contribuíram, para melhorar a  compreensão  e  visão sobre o mundo que nos rodeia!  Enquanto aluna, fui aquilo que se designa, de nível mediano. Analisando o meu percurso e, atendendo, aos constrangimentos individuais, considero que fiz o percurso escolar, que me foi possível. Tinha família constituída, uma filha bebé e era uma estudante trabalhadora. Em alguns momentos académicos tive de efectuar escolhas, deixei de fazer coisas, que possivelmente, me dariam mais prazer, do que ficar horas seguidas a estudar! Quando aos trinta e oito anos perdi o emprego na empresa onde estava há dezoito anos e que tanto me realizava, pessoalmente, percebi pelo facto, de possuir mais habilitações, do que aquelas, que eram exigidas ao nível do ensino secundário, permitir-me-ia aceder a um leque de saídas profissionais mais variado. Embora, existam estatísticas, que indiquem, que na atual, conjuntura económica,  os saberes práticos, os ofícios especializados, possibilitem maior empregabilidade, no meu caso em particular, ter habilitações literárias ao nível superior ajudou-me a encontrar trabalho mais rapidamente. De referir que o conhecimento teórico, não é  por si  só suficiente, há que aliar outras características  intrínsecas ao individuo, tais, como, ter humildade,  abertura para realizar  novas aprendizagens, possuir flexibilidade e, principalmente, saber adaptar-se perante  novas realidades. Ontem, senti, uma enorme satisfação, ao escutar os discursos  dos três oradores que encerraram as festividades dos 40 anos do ISCTE IUL. Foram brilhantes as palavras do professor Paquete de Oliveira, do Reitor Luís Reto e do ex-ministro da Educação durante o Estado Novo, Veiga Simão. Este último, soube adaptar-se à mudança de regime de Ditadura para a Democracia. Veiga Simão foi um dos fundadores do ISCTE em 15 de Dezembro de 1972. As suas palavras confirmam muito daquilo que penso sobre os guardiões das memórias de uma sociedade. É sobejamente conhecida a trajectória de tão ilustre figura pública na sociedade portuguesa. Em 1970 assumiu o cargo de ministro da Educação Nacional, que  abandonaria com a Revolução dos Cravos em 1974. Durante este período, afirmou-se como defensor da democratização do ensino em Portugal. É Invejável o conhecimento que Veiga Simão emana aos 83 anos de idade. Ontem, no Auditório do ISCTE IUL, fez uma retrospetiva da ilustre Instituição, desde a sua fundação em 1972 até à atualidade. Na noite de 14 de Dezembro onde andaram à solta tantas emoções, ficarão gravadas as palavras de Veja Simão, quando sintetiza a filosofia daquela Instituição “no ISCTE reinam os Espíritos Livres”! Retenho, também, as palavras de Paquete de Oliveira, quando refere que o ISCTE em 1972, nasceu contra a corrente e, em 2012, confirma essa tendência. Como antiga aluna do ISCTE, foi com grande satisfação que voltei à minha antiga casa!

sábado, 8 de dezembro de 2012

A Caminho do Céu


A casa das almas recebeu mais um habitante, a D. Luísa, que  partiu na quinta-feira, dia, 06/12/2012. Não sei dizer ao certo a sua idade atual, mas, ela devia ter mais de oitenta anos. A lembrança que tenho da D. Luísa remonta aos tempos da minha infância. Recordo a D. Luisa, como, sendo uma pessoa muito amável, ternurenta e disponível para os outros. A conjugação de tão nobres características pessoais, são, de tal, forma, louváveis, que a viagem da D. Luísa não pode ter outro destino senão o Céu. Choram por ela na Terra, todas pessoas que sempre lhe quiseram bem. Chora muito a minha mãe,  dói-lhe o coração e a alma  porque uma amizade com mais de cinquenta anos chegou ao fim. Tal, como as árvores, no outono, perdem as folhas, começando um novo ciclo, a D. Luísa terminou um, dando inicio a outro, a caminho do Céu. A minha querida vizinha  de estatura pequena, quase sempre vestida  de negro, deve estar feliz, na sua nova casa, por ter junto de si, neste momento, o marido e, um dos seus filhos. Em nós, ela, deixa as saudades, de alguém especial, de quem gostávamos muito, ter partido, privando-nos, com isso, da sua presença. No entanto, um dia, noutro lugar, voltaremos, com certeza, a nos encontrar… paz à sua alma!

sábado, 1 de dezembro de 2012

Por favor, ajudem a alimentar as crianças em Portugal!


Estamos a entrar na época natalícia. As pessoas parecem gostar do mês de Dezembro, pelo facto do final do ano estar a chegar e, porque nesta época, também, se consagra a festa do Nascimento de Jesus para o mundo Cristão. Também, gosto, muito do Natal e de toda a simbologia que a festividade incorpora, presentes, reuniões de famílias e de amigos. Sempre gostei de comemorar os dias sobre qualquer coisa! Porque nos dias das comemorações, acontecem coisas extraordinárias, se for o dia da árvore, plantam-se arvores, se for o dia da mãe ou do pai, os pais são colocados em evidência, mesmo aqueles que já partiram para outras paragens. Existe, no entanto, na minha opinião, uma comemoração, que não está ser,  devidamente, acarinhada, aquela que respeita às crianças do meu país! No dia 1 dia de Junho, em Portugal é o dia consagrado à Criança. Penso que existirá um consenso alargado nas sociedades, quando  se afirma que o melhor que existe  no  mundo, está representado nas crianças. Mas, não basta haver um dia para distinguir as crianças, porque uma criança necessita no seu dia-a-dia, de amor para ser feliz, precisa de alimentação para não ficar doente, precisa de educação para no futuro se tornar um adulto responsável. Nesta manhã de sábado, dia 1 de Dezembro de 2012, estou com o meu pensamento focalizado nas crianças. E, estou com o meu pensamento nas crianças porque na semana passada, escutei a comunicação social, que denunciava publicamente, que  atualmente, em Portugal, existem crianças com  fome! Há relatos dramáticos sobre crianças que entram nas urgências do Hospital de Santa Maria em Lisboa, em estado de fraqueza e doentes, devido ao facto de terem fome! Parte-se-me o coração e a alma, ao saber que existem muitas famílias em Lisboa e em outras localidades do país, que não conseguem alimentar os seus filhos, devido há situação de desemprego! A sociedade portuguesa tem que reagir em uníssono face a este flagelo, que atinge as nossas crianças. As crianças portuguesas não podem morrer de fome! A sociedade portuguesa tem que reunir esforços, gritar junto das autoridades competentes e, exigir um esforço concertado das políticas sociais, para acabarem com a fome junto da população. Os relatos dos profissionais de saúde do Hospital Universitário de Santa Maria, em Lisboa, têm que servir para consciencializar os demais cidadãos em Portugal. Há falta de comida, há falta de dinheiro para comprar medicamentos. Os governantes do meu país estão a destruir a nossa sociedade! Não me estou a referir apenas aos atuais governantes, estou a referir-me a todos aqueles que tiveram responsabilidades politicas desde o 25 de Abril de 1974! Faço um apelo, a todos os cidadãos de Portugal, para ajudarem nas ações de voluntariado e, no que puderem doar em géneros alimentares às Associações, que durante este mês estarão nas superfícies comerciais ou em outros pontos de recolha.  As várias Associações de Solidariedade  que existem em Portugal   conhecem   profundamente as necessidades e carências da nossa população. Estas Associações, precisam   recolher alimentos, para depois,  poderem distribuir,  pelos mais carenciados. Neste primeiro dia de Dezembro de 2012, infelizmente, não terei ânimo como de costume, para reunir os meus filhos, para em conjunto enfeitarmos a Árvore de Natal. Não consigo parar de pensar naquelas famílias que no presente, quererão dar de comer aos seus filhos e, não saberão como fazer para os alimentar. Considero que o significado  do Natal   não  poderá ficar circunscrito  ao  mês de  Dezembro! O significado de partilha do Natal  deverá  ser colocado em prática todos os dias!  Naquilo, que estiver ao meu alcance, pessoalmente, tudo   farei, para combater o flagelo da fome entre os meus conterrâneos e, principalmente, entre as crianças do meu país! Por favor, ajudem a alimentar as crianças em Portugal!

sábado, 24 de novembro de 2012

Chuva de outono

Bate a chuva na vidraça esquecida,
No calor do leito, abafo o pensamento,
Da desventura vivida.
No calor do quarto, sinto a saudade do abraço,
De uma noite mal dormida.
A chuva na vidraça, como lamento,

De um coração despedaçado
De tanto, mascarar o sofrimento.
Na manhã chuvosa de outono,
Afasto-me em silêncio da solidão,
Digo adeus ao abandono.
Reforço em mim a ilusão,

Que a tempestade vai passar,

Trazendo de volta a esperança,
Porque o vento ao chegar, sussurra,
Lembrando por quem anseio,
Não permitindo descansar,
Na manhã de outono,
Onde a chuva, na vidraça,
Não acalma a dor que vai triste,
Dentro do coração de quem resiste...

sábado, 17 de novembro de 2012

Amizade, é...


Um dos meus livros favoritos quando era criança, intitulava-se “As Três Laranjas de Oiro”, de Charles Deulin, da editora Verbo Infantil. Num tempo, onde a televisão pública em Portugal, iniciava a programação a partir das 18H, onde a palavra internet, não fazia parte dos vocábulos da língua portuguesa, os livros, eram a companhia de muitas crianças e jovens. Li, vezes sem conta, a história, de um príncipe de um reino longínquo que partiu à aventura, em busca da sua amada. Seguindo um sonho que tivera numa noite, onde passeando num bosque com muitas laranjeiras, chegou junto de uma árvore e colheu uma laranja. Dentro da laranja saiu uma princesa que o encantou pela beleza. De tão deslumbrado que estava com o sonho, comunicou logo pela manhã ao seu pai, o rei, que partiria nesse mesmo dia, à procura daquela mulher, com quem queria casar. Antes que o pai, parasse de rir, com a história que acabava de ouvir, já o príncipe montado no seu cavalo branco, galopou a bom ritmo, para longe das terras do seu pai. São muitas as peripécias e os obstáculos que o príncipe encontra pelo caminho, na procura pela amada. Mas, no final, todo o esforço, toda a esperança é recompensada, os dois enamorados, vencem as dificuldades e ficam juntos e felizes para sempre. E, desde a união dos príncipes todo o reino, se encheu de abundância e de prosperidade. Desconheço, até que ponto, a história que acabo de resumir, me influenciou pela vida, na procura de um amor. Na certeza, que li muitas, outras histórias de amor que pelos ingredientes e detalhes, causaram um verdadeiro deleite, a alguém, como eu, que é apaixonada por romances, com finais felizes. Penso que todos nós, procuramos encontrar durante a nossa existência a outra nossa “metade”. Alguém com quem possamos compartilhar, os bons e, principalmente, os maus momentos. Acho que o ingrediente “secreto” de todas as ligações duradouras se deve ao ato de compromisso entre as pessoas. O amor entre as pessoas está consubstanciado no grau de confiança depositado e, que é, determinado, pela previsibilidade de conhecer o comportamento do outro. O amor, tal,  como a amizade, são relações afetivas, que têm como sentimentos preciosos, a lealdade, a compreensão, o carinho, a proteção. Os sentimentos de amizade ou amor não acontecem entre pessoas exatamente iguais, com os mesmos tipos de gostos ou vontades. Considero mesmo a amizade, como sendo um tipo de amor único. Ter sentimentos de amizade, mesmo, nas relações matrimoniais, é condição primordial, por acrescentar valor à relação, através da partilha de ideias, das informações sobre os momentos da vida. Quando se tem um amigo nunca se está sozinho!

domingo, 11 de novembro de 2012

Remexendo no baú das memórias de infância


“Ao meu querido marido com um grande abraço e muitos beijinhos que lhe ofereço este retrato da sua mulher muito amiga.

Tinita
Lisboa, 10-10-1934 “

Conheci a D. Silvina quando ela já era  idosa e estava doente. Morávamos no mesmo prédio, ela no 1º esquerdo, eu e a minha família no rés-do-chão. A D. Silvina vivia com a filha, com o genro e um neto que não era filho do casal. A filha dedicava-lhe a atenção que uma mãe é merecedora. Enquanto criança, vivi num tempo em Portugal, em que os vizinhos, mesmo em prédios, conviviam uns com os outros. Em algumas cidades podíamos encontrar bairros que mantinham as características de aldeias. Algumas cidades, eram, isso, mesmo, grandes aldeias. Portanto, não era coisa de estranhar, que enquanto criança, entrasse na casa dos meus vizinhos e convivesse em pleno direito, como pertencesse à família. Recordo, que na minha casa fazia finca-pé, nas horas das refeições. Mais tarde tomei consciência das estratégias da minha jovem mãe para me alimentar. Uma dessas estratégias passava por colocar a comida por ela confecionada na casa de uma das vizinhas e, onde aí, eu comia tudo, ao ponto de lhe dizer, que a comida das vizinhas, era mais saborosa do que a “dela”. A D. Silvina tal, como a filha, eram senhoras distintas e de fino trato. Recordo que a casa onde elas habitavam tinha uma decoração muito cuidada a roçar mesmo a sumptuosidade. Quando me encontrava na casa da minha vizinha do 1º andar esquerdo parecia que me encontrava dentro de um palácio. A minha mãe, em determinada altura, aceitou ajudar a filha a cuidar da D. Silvina, dando-me, assim, a oportunidade de realizar muitas brincadeiras naquelas divisões. Conhecia de cor e salteado a casa da minha vizinha do 1º andar esquerdo e, como já referi, deliciava-me a contemplar a arrojada decoração. A minha casa no rés-do-chão, de tipologia idêntica, tinha decoração, mais modesta. Gostava neste momento de me lembrar de todas as conversas de adultos que escutei. Mas a memória por vezes só alcança os acontecimentos de modo fragmentado. Com a fotografia da D. Silvina junto a mim, faço um esforço para me recordar do máximo que conseguir. Lembro-me que a D. Silvina ficou viúva muito cedo. Nunca conheci o marido e de quem ela teve três filhos, dois rapazes e uma rapariga. Todos os filhos  da D. Silvina casaram. Dos filhos masculinos teve ao todo cinco netos. Um desses filhos, o António, penso que era o mais velho, casou com uma irmã, do marido da filha, dessa união nasceram duas raparigas e um rapaz. O filho varão desse casal, foi dado a criar muito pequeno à filha da D. Silvina. Daí eu conhecer muito bem o Gil. Ele era pelo menos cinco anos mais velho do que eu por isso não éramos companheiros das brincadeiras embora nos dessemos bem. Lembro-me que a minha primeira bicicleta pertenceu-lhe. Um dia o meu pai, sabendo que os vizinhos de cima iam desfazer-se da bicicleta comprou-a para mim. Era uma bicicleta de rapaz na qual eu tinha de me esforçar para chegar aos pedais. O Gil, tal como a sua avó paterna, também, já partiu… Nos anos noventa emigrou para Venezuela e por lá constituiu família. Um acidente rodoviário tirou-lhe a vida em idade muito precoce. Hoje remexi no baú das memórias e aproveito para prestar à D. Silvina a minha sincera homenagem publicando a foto que ela dedicou ao seu marido em 10 de outubro de 1934. A D. Silvina, tal, como a filha Mariazinha, fazem parte das memórias felizes da minha existência, as quais gosto muito de visitar. Quando eu, tinha 8 anos, a D. Silvina, partiu! Foi no dia 8 de Janeiro de 1978 com idade avançada e doente … Paz à sua alma.

domingo, 4 de novembro de 2012

Tudo Tratado...


Quando partiste um vazio ficou em mim, foi uma dor difícil de suportar. Por mais lágrimas que os meus olhos chorassem, não foram suficientes para apagar a chama que me consumia. Não cheguei a tempo de me despedir de ti. A mãe chamou-nos, para que eu e a minha irmã te víssemos,  ainda, com vida. Fomos o mais rápido que conseguimos e, embora a distância fosse curta, não chegámos a tempo de dizer o último adeus. Partiste muito sereno, na noite, do dia 27 de Junho. Partiste quando desejaste. Como, sempre, aconteceu, durante vinte e sete anos, a mãe estava junto de ti, a proteger-te, a cuidar de ti, em extrema dedicação. Não encontro palavras que possam definir, tamanho amor. Amor que há muito tinha evoluído para níveis mais elevados do que aqueles que ligam duas pessoas pelo casamento. A mãe, seguindo o ritual de cuidadora exemplar, já tinha aprumado o teu corpo, para realizares a viagem. A mãe é a pessoa mais bondosa que conheço. A mãe é aquilo que chamamos de força da natureza. Mulher de uma coragem ímpar, enfrentou sempre com desembaraço, todas as adversidades da vida! Quando chegamos ao teu leito, já tinha o teu  espírito  partido. Possivelmente, do lugar onde te encontras, como, espectador  visualizaste toda a situação. A mãe, referiu, que recusaste o jantar, olhaste para ela, em jeito de despedida e  fechando os olhos, partiste. Sabes, pai, considero que uma percentagem de nós, humanos, desejamos, partir, assim, serenamente. No entanto, só aqueles, que deixam os assuntos terrestres tratados, assim, o fazem… Há muitas coisas para as quais te quero agradecer, mas, há uma coisa em particular. Durante, muitos anos, travamos uma luta acérrima com o homem que nos arrendou a casa de família. Uma pessoa, que descurou todos os deveres de um proprietário e, durante, quase trinta anos, só se limitou a receber, mensalmente, o dinheiro das rendas. Foi necessário recorrer ao Tribunal para expor a situação de incúria deste proprietário. Tal, como muitas, vezes sucede, no nosso processo, não houve justiça. O proprietário alegou não ter posses financeiras, para financiar as obras de restauro do edifício mas, tão pouco procurou a ajuda de programas estatais de reabilitação urbana.  Como sabes, há justiça para pobres e justiça para ricos. Os ricos podem pagar a advogados para defenderem os seus direitos, os pobres, têm que se contentar com a sorte, de lhes nomearem um advogado. Nestas coisas da sorte, há bons e maus advogados. Há advogados que elevam a altos patamares a sua nobre profissão, defendendo com unhas e dentes as ações, mesmo, sendo, nomeados pela segurança social. No meio do infortúnio tivemos sorte! Quatro dias antes de partires, a advogada oficiosa que te patrocinava, apresentou, a tua defesa. Li a peça processual que ela entregou em Tribunal em 23 de Junho, estava brilhante! Colocou em evidência todos os ângulos do litígio e pediu justiça. Quatro dias depois partiste… foi coincidência? Não acredito em coincidências, mas, acredito, em assuntos tratados. A casa de família, era o teu último assunto a tratar… O que pretendo agradecer pai, foram todas as conversas, que mantiveste com Deus. Quero agradecer-te por todos os diálogos em silêncio para que Deus protegesse a tua família e, em particular  a mãe! Dado o teu estado de saúde, que te incapacitou, durante vinte e sete anos, sem te puderes levantar da cama ou mesmo verbalizar palavras, estiveste, sempre, atento às questões que te rodeavam. Aproxima-se, agora, o desfecho da ação em Tribunal. No dia 12 de Novembro, há a possibilidade de se colocar um ponto final ao litígio entre a mãe e o arrendatário. Estou confiante no desfecho da ação  porque a mãe tem uma advogada oficiosa,  que é  briosa no desempenho das suas funções. É brilhante na exposição dos aspetos jurídicos  muito humana  e  não se  intimida com o advogado do senhorio  mais velho e por isso mais experiente. De onde estás, sei que estarás a torcer, por um desfecho feliz! Desejo, muito, também, que esta situação termine a contendo da mãe e, principalmente, que se faça justiça…
Até um dia pai,
A tua filha

sábado, 27 de outubro de 2012

As tais coincidências...


Hoje, 27/10/2012, eram nove horas da manhã, o telemóvel tocou e, do outro lado da linha, uma colega de trabalho, entre lágrimas e palavras proferidas com dificuldade, avisa-me que tinha acabado de sofrer um grave acidente rodoviário. Eu ainda estava pouco acordada mas, aquelas palavras de alguém desesperado do outro lado da linha, despertaram-me por completo. Tentei extrair o máximo de informações possíveis, ao mesmo tempo transmitir-lhe calma perante o sucedido. O estado de choque em que ela se encontrava era nítido na sua voz. Houve alguém solidário que parou a viatura na berma da autoestrada e lhe prestou auxílio, tendo acionado o número de emergência nacional (112) para que os bombeiros e entidades policiais se inteirassem do assunto. Este senhor, teve a amabilidade, de falar comigo ao telefone e contar-me o que havia presenciado. O pneu traseiro rebentou e, seguidamente, a viatura entrou em despiste, tendo capotado para fora das faixas de rodagem. Não sabendo ao certo quantas cambalhotas a viatura deu até se imobilizar… o senhor referiu que ela teve muita “sorte” em sair ilesa do acidente! A viatura ficou de rodas para o ar… Tão rápido quanto me foi possível, entrei no meu automóvel para me encontrar com ela. Demorei quase uma hora a chegar, embora, durante a viagem,  por diversas vezes, estabelecemos contacto telefónico. Quando cheguei junto da minha colega, já as autoridades (Brigada de trânsito e Bombeiros) haviam realizado o seu trabalho. O senhor do reboque já tinha carregado a viatura sinistrada e preparava-se para a entregar numa oficina. Considero que a viatura sinistrada poderá não ter reparação, dado o estado de destruição que apresenta. A minha colega entrou no meu automóvel para regressar a casa. No caminho de regresso foi-me relatando o que se passou naqueles breves momentos, que não soube quantificar se foram segundos ou minutos após o despiste. Ela disse-me: – Durante o capotamento, eu só pensava que tinha que me aguentar. Eu disse várias vezes a mim mesma, tenho que me aguentar! Pensei muito no meu tio que faleceu faz um ano. Escutei-a com atenção, ao mesmo tempo, que ia pensando, que ela teve um encontro com a morte, sem, qualquer, sombra de dúvidas. Disse-lhe: - Sabes, ontem à noite, coloquei o meu telemóvel em cima do móvel da entrada. Não é o local onde habitualmente o guardo. O telemóvel está sempre dentro da minha mala e coloco a mesma na sala de jantar. Foi uma coincidência, eu o ter deixado na entrada da casa, num local, caso ele tocasse, eu conseguia ouvir no meu quarto de dormir, se o tivesse deixado na sala, dificilmente isso, teria acontecido…  Depois de alguns minutos de diálogo, calei-me, pela necessidade de recuar dezasseis anos, na minha memória. No dia 28 e Março de 1996, eu e aminha irmã sofremos um grave acidente rodoviário na mesma autoestrada. No meu caso um motorista de camião, embriagado, ao mudar de faixa de rodagem, embateu violentamente no veículo que eu conduzia, tendo, o mesmo, entrado em despiste, fazendo vários peões na estrada. Recordo como se fosse hoje, numa fração de segundos depois do abalroamento, o automóvel começou a rodopiar pelas duas faixas de rodagem, tendo-se, imobilizado no separador de betão que dividia os dois sentidos, norte – sul. Eu, tal, como, a minha colega que havia relatado sobre a lembrança do tio, também, durante, o tempo que duraram os peões do veículo, lembrei-me, da minha falecida avó… quando eu e a minha irmã saímos da viatura pela janela, porque as portas não abriram, verificámos  do automóvel, um pequeno utilitário, havia somente, sobrado o nosso habitáculo, todas as restantes partes, estavam muito danificadas. Havíamos saído de um grave acidente, ilesas e sem qualquer escoriação. Quem assistiu ao acidente e, foram muitas as pessoas, estavam “perplexas” com o facto de estarmos bem, contrastando com o estado do automóvel, completamente, desfeito. Só para terem uma ideia o capô do automóvel, devido ao abalroamento do camião, saltou e foi embater na viatura que viajava atrás de nós. Também, por “sorte” os ocupantes da  outra viatura não sofreram danos, apenas a frente desse automóvel ficou muito danificada… Também, por “sorte” não viajava, ninguém na faixa à esquerda da nossa, quando entrámos em despiste; também, por “sorte” não viajava, ninguém na faixa mais à esquerda do sentido sul-norte (faixa de rodagem contrária à nossa, que viajávamos norte-sul), porque o separador de betão que nos imobilizou, devido à força do embate, deslocou-se para a faixa de rodagem. Tal, como, aconteceu, hoje, à minha colega de trabalho, eu e a minha irmã em, 1996, também, tivemos um encontro com a morte. Depois de sairmos da viatura, ocorreu-me, de imediato, que aquela não era a ”nossa hora”. Ocorreu-me, também, que Deus havia-nos poupado a vida porque tínhamos “missões” ainda a cumprir. Desde aquele dia, que embora, se possa considerar de fatídico, considero que me tornei melhor pessoa. Esforço-me no dia-a-dia para desvalorizar ações ou palavras negativas de outras pessoas, não lhes atribuindo demasiado significado. Embora as atitudes fiquem sempre para quem as pratica, passei a relativizar muitos assuntos e dar menos importância a situações que antes do acidente me incomodavam. Tento, assumir uma atitude positiva perante a vida e agir com necessária serenidade. Desejo que a minha colega tenha, tal, como eu, e, como a minha irmã, aprendido “esta” lição. Considero que nesse dia 28 de Março de 1996 eu e a minha irmã renascemos, foi-nos dada outra oportunidade para continuar a viver…

sábado, 20 de outubro de 2012

Conversas entre Amigas




Esta semana fui surpreendida com uma mensagem enviada por uma amiga, através do facebook. Ela, perguntou-me:
- O que fazes quando estás desesperada e sem forças para continuares a lutar? Agarras-te a quê para continuares em frente? Sem pensar duas vezes, respondi-lhe:
- Agarro-me, sempre, a DEUS! Não deves em circunstância alguma, deixar de procurar a luz ao fundo do túnel! Porque a luz, está lá sempre, às vezes somos nós, que fechamos demasiado os olhos e a deixamos de ver! Tantas vezes já desesperei! Tantas vezes que achei que não valia a pena seguir em frente... mas, atrevi-me a dar o passo seguinte e, aprendi, a deixar de ter pena de mim! Desde algum tempo atrás, que passei a gostar muito de mim! Sou a melhor amiga de mim mesma e, como tal, protejo-me das coisas menos boas da vida. Tu, já me conheces, mesmo em circunstâncias difíceis, tento, dar à vida uma atitude positiva! Mesmo, quando, vejo a casa a "arder", tento apagar o incêndio com um sopro... Perguntar-me-ás, se fazer isto é fácil? Não, não é! Às vezes é tarefa muito difícil! Mas, quanto mais envelhecemos, mais experiência de vida ganhamos e, em alturas complicadas, a sabedoria aprendida ao longo do tempo, dar-nos-á uma boa ajuda para ultrapassar os obstáculos do caminho! Tento ter sempre pensamentos puros e, raramente, me arrependo das decisões que tomo. Não tenho a veleidade de pensar que todas as pessoas gostam de mim. No entanto, isso, não é coisa que me prenda a atenção por muito tempo. Pelo, simples facto das pessoas de quem eu gosto, elas, também, gostam de mim! Não faço juízos precipitados, nem tão pouco através de opiniões de outros! A minha opinião sobre as pessoas e sobre tudo o que me rodeia é sinónimo de análise sob muitos pontos de vista. Tento nunca me precipitar na tomada de decisão. As pessoas são todas elas diferentes entre si e, em consequência, essa multiplicidade de personalidades e de gostos, enriquecem o nosso conhecimento! Reafirmo, a Fé é mesmo, a última coisa a perder, quando tudo o resto parece faltar! Acredita, amiga, quando semeias coisas boas, colherás coisas boas! O mesmo acontece com os pensamentos e com as atitudes. A luta interior, como te disse às vezes é difícil, mas tem valido sempre a pena! A vida são missões de aprendizagem! As lições só terminarão, no último segundo, antes da nossa derradeira viagem… A minha amiga respondeu-me:
- Obrigada pelo apoio querida, este tempo (estava um dia chuvoso e ventoso) é que também, não ajuda nada! Está tudo bem contigo e com os teus? Respondi-lhe:
- Comigo está tudo OK, Graças a Deus! 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ao pôr-do-sol



Daqui a 20 anos vejo-me sentada contigo a partilhar as nossas memórias. Estaremos, juntos lado a lado,  num areal de praia,  num  final de tarde, contemplando a beleza da paisagem que nos rodeia. O sol, tal, como nós, começará, lentamente, a desaparecer no horizonte. A nossa conversa desenrolar-se-á com facilidade, ao ponto, dos temas, quase se atropelarem, uns nos outros. Sorrirás para mim e, eu, retribuir-te-ei, de imediato, o sorriso. As nossas mãos, já gastas pelo tempo, estarão juntas. Falaremos das viagens que fizemos ao longo da vida. Descreveremos, os pormenores dos lugares, das pessoas, das coisas que nos tocaram. Dir-me-ás que em certos momentos, quando a saudade apertou, conseguiste-me encontrar na beleza das flores, nos cheiros da natureza ou no amanhecer ou no pôr do sol. Outras vezes, pegaste nas minhas palavras que te confortaram no silêncio das noites. Falaremos dos sonhos perdidos e daqueles que realizámos. O mundo à nossa volta, esse, deixará de nos interessar, seremos, absorvidos, pelo momento. Perguntar-nos-emos, porque a vida tomou determinado rumo, quando podia ter tomado outro diferente. Responderemos, a todas as interrogações, com o desapego de alguém que nada tem a esconder. Lembraremos, conversas antigas, deixadas a meio, que recomeçam, como, se os anos, não, tivessem, passado. A experiência de vida, essa, fará com que aproveitemos, sofregamente, todos, os segundos. Ainda, teremos, forças, para fazer planos futuros, os nossos próximos 20 anos. Diremos que serão os derradeiros e que teremos que aproveitar tudo muito bem. Nesse, momento, aninhar-me-ei em ti, e tu,  ternamente, tentarás me proteger. Ouvir-me-ás dizer que não receio a partida e, se porventura, viajar antes de ti, quando chegares estarei à tua espera para continuar o diálogo.  Quando já estivermos cansados de tanto falar, ficaremos, juntos, na quietude do lugar, disfrutando a presença um do outro e, possivelmente, o melhor momento, das nossas vidas …

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Coisas que a vida me ensinou...



A vida já me ensinou tantas coisas e sei que continuará a ensinar. De todas as coisas que aprendi, quero, acreditar que o bem vai prevalecer, sempre, sobre o mal. A luta que travamos, muitas vezes no nosso interior e, também no exterior, levará a que algumas vezes, sejamos, tentados, a perder a esperança. Como, sempre, acontece, é nestes momentos de inquietude, que os anjos vêm em nosso auxílio. Não sou do género de pessoa que frequente, regularmente, a Igreja. Estou, no grupo daqueles, que  não pretendem intermediários, nas conversas intimas com Deus. Embora, tenha a ressalvar que me sinto sempre bem, cada vez que visito a casa do Senhor!  Fiz a primeira comunhão aos 39 anos, porque aos 9 anos não pude realizar esse meu desejo… fi-lo em idade adulta, muito consciente do meu ato. Tentei, fazer o Crisma, lamentavelmente, o percurso, não foi concluído, não gostei daquilo que escutava no grupo, mas, o erro só pode ser meu, portanto, a caminhada continua, sozinha, com Fé! Respeito, todas as confissões e religiões! Repudio as guerras que se fazem por este mundo fora em nome de Deus! Deus é pai e, como tal, quer o melhor para os seus filhos! Infelizmente, penso que a luta titânica que travamos entre o bem e o mal, acompanhará a Humanidade até ao fim dos seus dias. Cabe a cada um de nós fazer a escolha acertada, entre uma e outra decisão. Em muitos momentos (senão, em todos), devemos estar atentos aos sinais. Esta semana, recebi vários sinais. Alguns sinais, eram de alerta para determinadas situações, escutei os meus receios e recuei. Senti, que precisava de proteção extra. Falei das minhas inquietações com algumas amigas do coração, pedindo-lhes orações. A ajuda chegou, no exato momento, como, chega sempre, para quem a solicita! Aprendi, a custo, e, ao contrário do que julgava, que não se deve olhar o mal nos olhos…não, por recear, mas, porque, nada se tem a ganhar no desafio e, inclusivamente, podemos deitar tudo a perder! O mal é demasiado ardiloso e conhecedor dos caminhos alternativos para atingir os seus propósitos. Há que estar alerta e pedir ajuda aos anjos protetores, podem ser divindades como pessoas especiais que nos rodeiam. No momento exato saberemos a quem recorrer. A comunhão das orações, criará uma rede de proteção muito poderosa e, capaz de fazer milagres, perante situações extremas. A vida, em toda a sua plenitude, são ensinamentos, há que continuar a acreditar, que melhores dias virão! Na nossa ação diária, bastará agir com o coração puro e, não ficar à espera que o “milagre”, só por si aconteça...

sábado, 29 de setembro de 2012

Clemência! Salvem as crianças da Siria!


As lágrimas continuam a saltar dos meus  olhos, sempre que lembro os impressionantes relatos dos jornalistas nos campos de refugiados, que albergam as crianças oriundas da Síria. Estas crianças com 10 e menos anos, foram torturadas nas prisões, ao ponto de lhe arrancarem as unhas e lhe cortarem os dedos das mãos. Estas crianças, viram pelo menos 1 membro das suas famílias a ser morto! Uma criança de sexo masculino relatou para a reportagem, que após um intenso bombardeamento das forças militares leais ao presidente da Síria Bashar al-Assad, viu pedaços de carne humana dos seus familiares espalhados pelo chão! O menino chorava, dizendo que as imagens não lhe saem da cabeça… Estas crianças não conseguem dormir! Mesmo, agora, que estão no campo de refugiados, supostamente “protegidas” estas crianças, não conseguem descansar, devido ao trauma de guerra! Estas crianças mutilam-se e brigam violentamente entre si! Apelo à consciência dos líderes mundiais, dos mais altos representantes da ONU, da população do planeta Terra, PROTEJAM POR FAVOR ESTAS CRIANÇAS! Acabem com o massacre junto da população Síria! Mas, afinal, que mundo é este, onde, vivemos???

sábado, 22 de setembro de 2012

Partilhando experiências de vida: os filhos!


Considero-me uma mãe galinha, os meus filhos são para mim, os maiores tesouros que a vida me podia oferecer! Considero-me uma mãe protetora, mas, dando o necessário espaço aos meus filhos, para eles poderem crescer e serem pessoas autónomas. Tento transmitir-lhes valores e princípios, de modo, a que eles sejam pessoas que valorizem o respeito e a tolerância, na sua convivência social. A diferença de idade entre eles, faz com que eu tenha a necessidade de estar sempre atualizada face à realidade que os rodeia. As personalidades dos meus dois filhos são distintas entre si. O nascimento da minha primeira filha, encheu-me de alegria, pelo facto de concretizar o sonho de ser mãe. A ligação que temos uma com a outra, é desde o primeiro momento, forte e muito afetuosa. Desde os primeiros passos, que ela se destaca pela sua avidez de obter conhecimento. Encontra-se no presente, na adolescência. A minha filha faz da escola a sua principal responsabilidade. Ela, diariamente, esforça-se, para conseguir boas notas em cada período escolar. Até ao momento, ela é o exemplo, que o esforço individual, aliado a métodos de estudo, compensam no final de cada ano. Ainda, recordo a entrada dela, aos 5 anos no pré-escolar. Era uma criança tímida, que, lentamente, foi desabrochando. Na escola primária destacou-se pela facilidade com que adquiria os conhecimentos ministrados pela professora Isabel Mota (presto-lhe com esta frase, uma, merecida homenagem). Nós, a família, sempre, acompanhamos as fases de desenvolvimento dos nossos filhos. Ao contrário de relatos que ouvimos de outros pais, com adolescentes da mesma idade, nunca durante o percurso escolar da minha filha, tivemos a necessidade de a “obrigar” a aplicar-se no estudo. A minha filha tem regras de estudo próprias e, quando tem dúvidas, pergunta a quem a possa esclarecer. Para o próximo ano letivo terá que decidir sobre a sua área vocacional. Estou convicta, seja qual for a decisão dela, terá o maior empenho na persecução dos seus objetivos. Falarei, agora, um pouco do meu menino de ouro, de 7 anos. Tal, como a irmã, foi um bebé muito desejado. Com a diferença que o meu menino, desde o seu primeiro sinal de vida, foi considerado para mim, e para as pessoas que conhecem a nossa história, um vitorioso. O meu filho mais novo, foi a minha quarta gravidez. As duas gravidezes anteriores, a do Miguel e da Raquel, segunda e terceira gravidez, respetivamente, não chegaram ao fim do período de gestação… Finalmente, em Maio de 2005, depois, da perda dos meus dois anjinhos, nasceu o meu menino de ouro, saudável e lindo, para minha grande alegria. As minhas primeiras palavras, minutos depois do seu nascimento, foram: - Eu, já te conhecia J ! Tais eram as parecenças físicas com a irmã! O meu bebé nascera careca, tal como a irmã, nascida em Fevereiro de 1998. É costume dizer-se que a partir do primeiro filho, os outros filhos, criam-se quase sozinhos. Não sei, se assim é, mas o facto, de já se ter feito, uma viagem, ajuda um pouco na segunda. O meu menino, embora, seja inteligente, não é tão aplicado na escola como a irmã. Também, confesso, desconhecer se as questões de género são para aqui chamadas, mas, sinceramente, acho que não. Ao contrário, da irmã, que delineou sozinha o seu plano de estudo, ele tem que andar sempre com um “guarda” atrás para estudar!  Por ele, a escola, é coisa secundária se comparada com a brincadeira. Na família, verificámos, desde cedo, que ele se distrai com facilidade, o que prejudica a assimilação de conhecimentos. No ano transato, ele concluiu com aproveitamento, o 1º ano, da escola primária, a antiga 1ª classe. Em casa, percebemos que tínhamos que colocar em prática um plano B, para o ajudar a consolidar as aprendizagens. As férias grandes, não foram apenas brincadeira, como ele teria gostado que fossem. Ele foi obrigado a dedicar parte do dia a estudar, a fazer cópias, ditados e leitura. Tal, como a irmã, considero, que ele, tem facilidade para o raciocínio matemático. Considero que esta apetência para as ciências o irá favorecer no futuro. No entanto, terá que na longa caminhada escolar, treinar e desenvolver outras áreas, como o português. Como a inteligência é a capacidade do individuo resolver problemas, o meu menino, com a ajuda da família, terá que envidar esforços suplementares para ultrapassar as dificuldades escolares. O papel da família, simultaneamente, além de o responsabilizar sobre as suas obrigações escolares, será fornecer-lhe, igualmente, a dose de estímulo, para o ajudar a transformar o estudo, numa caminhada de sucesso. Como esta pequena partilha de experiência de vida, quero ressalvar para outros pais, avós ou pessoas com crianças a cargo, que dois filhos, educados como os mesmos princípios e valores, podem transformar os ensinamentos recebidos de forma distinta. Aqui, nesta pequena história de vida, aplica-se bem o ditado antigo, “cada cabeça sua sentença”. 

As pessoas são dotadas de personalidade singular, por isso diferentes entre si. Cabe em cada contexto, a família acompanhar o desenvolvimento dos seus filhos, sem os aprisionar a regras “testadas” por outros. Família e escola são importantes na formação das pessoas. A escola deverá representar bem seu papel, que é ensinar e transmitir conhecimentos. A família deve ser vigilante durante o percurso escolar e, se necessário, estimular os seus educandos, incutindo-lhes responsabilidades sobre os seus desempenhos, obrigando a trabalhos suplementares que os ajudem a ultrapassar algumas dificuldades.
No caso do meu filho de 7 anos, a  expressão escrita e oral da língua portuguesa, serão os grandes desafios no presente ano letivo. No entanto, estou convicta que ele no final do ano, sentir-se-á muito recompensado pelo  esforço despendido na obtenção de novos conhecimentos .

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A sentença de um significado




Algumas, vezes, ficamos presos às memórias, por uma data ou por um determinado acontecimento. Ao colocarmos um acontecimento em evidência estamos sempre a atribuir-lhe um significado maior, seja ele de sentido positivo ou negativo. As nossas ações são o resultado de um conjunto de juízos. Agimos de determinado modo, em função do impacto que pretendemos causar junto de nós próprios ou de outras pessoas. Nem sempre temos a verdadeira noção do resultado final de uma  tomada de decisão. Comungo da clássica que afirma que existem quatro coisas na vida que não se recuperama pedra, depois de atirada; a palavra, depois de proferida; a ocasião, depois de perdida; e o tempo, depois de passado". Considero que a vida é feita do somatório das nossas decisões. Os pequenos gestos são  os  expoentes máximos dos sentimentos. São os pequenos gestos que mostram a verdadeira essência das pessoas. Por vezes aquilo que designamos por experiência de vida, vai colocando sobre os nossos ombros uma couraça difícil de penetrar. Aparentemente, a função de nos proteger face às agruras da vida, é substituída pela ausência de emoções face a determinados significados. Assim, ocasiões com grande significado são relevados para patamares inferiores do grau da sua importância. Estamos sempre a falar de perdas, não acredito na desvalorização dos sentimentos, sem existirem perdas associadas. A desvalorização, seja ela de que natureza for, tem sempre significado negativo. Muitas vezes gostaríamos de não reagir face a atitudes pouco consentâneas com os princípios por nós defendidos. No entanto, e porque fazemos juízos, atribuindo significados a tudo o que nos envolve de maneira espontânea ou elaborada, reagiremos sempre, face a outros comportamentos. Assim, datas e acontecimentos, revestidos de grande significado, caso não haja cuidado, perdem o estatuto da grandeza inicial e, são facilmente, transformados no seu oposto…


sábado, 25 de agosto de 2012

Momentos



Ao primeiro toque do despertador, levantou-se, deixou a água do banho a correr e, dirigiu-se à cozinha para preparar o pequeno-almoço. Voltou para o banho, deliciando-se com a água morna que lhe caia sobre a pele, dando uma sensação de proteção. Perpetuou por minutos aquele bem-estar de descontração matinal. Saiu do banho enrolada numa toalha de turco macio, dirigiu-se ao quarto, abriu a janela e os raios de sol invadiram-lhe o espaço, como a desejarem um bom dia. Vestiu uma saia preta e uma camisa de cor azul-marinho, calçou umas sandálias pretas de salto alto e contemplou-se ao espelho, sorrindo, em sinal de aprovação à indumentária escolhida. Sentia que o dia iria começar com energia e entusiasmo. Sentou-se à mesa e misturou o leite com café, trincou a torrada acabada de fazer. Descontraidamente, saboreou a primeira refeição do dia. Passavam poucos minutos das oito horas quando saiu de casa e entrou no automóvel para o emprego. A música acompanhou-a durante o percurso. Quando na rádio surgia uma canção com  letra conhecida, cantarolava, tirando prazer de pequenos nadas. Saudou os colegas que haviam chegado antes dela ao escritório. A sua secretária, tinha uma pilha com papéis que a aguardavam. Iniciou a jornada de trabalho que haveria de se prolongar por oito a dez horas. O trabalho satisfazia-a por completo. A meio da manhã, estava compenetrada nas suas leituras, quando lhe bateram à porta. Diante de si estava, um homem moreno, impecavelmente vestido, dono de uns bonitos olhos verdes. Ela estremeceu, ficou sem reação perante aquele desconhecido. Ambos não esconderam o agrado, daquele momento. Ninguém saberá responder a todos os porquês, descodificar os sentimentos e as emoções, possivelmente, serão mistérios sem respostas. Aparentemente, naquela manhã, o sol, brilhou, intensamente, para ambos...

sábado, 11 de agosto de 2012

O que precisa Portugal para fabricar campeões?





Desde que começaram os Jogos Olímpicos em Londres, a questão primordial que pairava nas mentes dos portugueses, era tentar “adivinhar” quantas medalhas vinham para Portugal? O histórico de medalhas para Portugal é muito baixo. Até 2012, o país conquistou 23 medalhas (quatro de ouro, oito de prata e onze de bronze). Em 25 de Julho, o canal televisivo do Estado, a RTP, dava voz ao Presidente do Comité Olímpico de Portugal, Vicente Moura, que informava à vasta plateia lusa que “a comitiva portuguesa deste ano é a mais bem preparada de sempre”. Hoje, 11/08/2012, com os Jogos Olímpicos quase a terminarem, apetece-me fazer um balanço da prestação dos atletas portugueses. Informo que tive o cuidado antes de começar a escrever este texto de ler alguns artigos sobre o sucesso dos atletas da Jamaica. Os resultados alcançados por estes atletas no atletismo, nomeadamente, nos 100 e 200 metros, impressionam qualquer um. Na prova de velocidade ninguém consegue superar o recorde mundial dos 100 metros masculinos que pertence a Usain Bolt. Na prova de 200 metros, as três medalhas, ouro, prata e bronze, foram direitinhas para os três atletas jamaicanos, (de novo)  Usain Bolt, Yohan Blake e Warren Weir.

*  Contexto Histórico – Jamaica
Afinal, qual o segredo do sucesso do atletismo da Jamaica? Segundo a Wikipédia, “a Jamaica é um pais insular, localizada no mar das Caraíbas (mar do Caribe). Situa-se a cerca 145 quilômetros ao sul de Cuba e a 190 quilômetros a oeste da ilha de Hispaniola (onde se localizam o Haiti e a República  Dominicana. É o terceiro país anglófono mais populoso das  Américas, superada apenas pelos Estados Unidos e Canadá. A sua capital e maior cidade é Kingston.” Ainda, segundo a mesma fonte, este país foi descoberto, inicialmente pela Espanha, no final do século XV, e conquistada pelos ingleses, no último terço do século XVII (1670). Durante o domínio britânico, a Jamaica foi o maior exportador mundial de açucar. Tal feito foi conseguido à custa do trabalho escravo. Seria exatamente, a utilização massiva da mão de obra escrava, que havia de ocasionar inúmeras revoltas, que conduziram  à abolição da escravatura em 1838. Este país organiza-se, politicamente, como uma monarquia parlamentarista e o chefe de estado é o monarca, atualmente, a Rainha Isabel II do Reino Unido. O representante do monarca na Jamaica é o Governador-Geral, que tem como papel a aprovação de leis e outras funções do estado. Feita uma breve contextualização histórica da Jamaica, interessa agora contextualizar Portugal.

*  Contexto Histórico – Portugal



 Recorrendo à mesma fonte, a Wikipédia , informa que “Portugal, oficialmente República Portuguesa, é um país soberano unitário localizado no Sudoeste da Europa, cujo território se situa na zona ocidental da Península Ibérica e em arquipélagos no Atlântico Norte. O território português tem uma área total de 92 090 km², sendo delimitado a norte e leste por Espanha e a sul e oeste pelo oceano Atlântico. O território dentro das fronteiras atuais da República Portuguesa tem sido continuamente povoado desde os tempos pré-históricos: ocupado por celtas, como os galaicos e os lusitanos, foi integrado na República Romana e mais tarde colonizado por povos germânicos, como os suevos e os visigodos, e no século VIII as terras foram conquistadas pelos mouros. Durante a Reconquista cristã foi formado o Condado Portucalense, primeiro como parte do Reino da Galiza e depois integrado no Reino de Leão. Com o estabelecimento do Reino de Portugal em 1139, cuja independência foi reconhecida em 1143, e a estabilização das fronteiras em 1249, Portugal tornou-se o mais antigo Estado-nação da Europa. Nos séculos XV e XVII, como resultado de pioneirismo na Era dos Descobrimentos, Portugal expandiu a influência ocidental e estabeleceu um império que incluía possessões na África, Ásia, Oceânia e América do Sul, tornando-se a potência económica, política e militar mais importante de todo o mundo”. Poderia continuar a descrever os feitos históricos de Portugal, mas, para abreviar palavras, remeto a leitura dos interessados, para outros textos, escritos por mim anteriormente,  “O melhor de Portugal: o povo português!” e, “25 de Abril, Sempre!”

 * O segredo do sucesso do atletismo da Jamaica versus Portugal  




 Aparentemente, Portugal, os portugueses, tinham a História a seu favor, nos seus genes, já deviam estar inscritas características que permitissem fabricar campeões, no entanto,  tal não sucede!  Porquê?
Com esta interrogação sou impelida para analisar o “caso dos atletas da Jamaica”. São muitos os textos que já abordaram a  temática, do sucesso da Jamaica. Retenho, a minha atenção, num artigo produzido por jornalistas brasileiros da 'SporTV Repórter', que se deslocaram ao terreno para analisarem a questão. Começam por dar conta que existe uma cultura na Jamaica virada para o desporto e, em particular para o atletismo. Desde muito novas as crianças jamaicanas, através das suas escolas, praticam com bastante assiduidade desporto. Defendem com apego o nome das suas escolas, nas várias competições desportivas pelo país fora. O país proporciona condições para os alunos treinarem. Desde muito cedo os jovens atletas, habituam-se a lidar com a pressão da competição. Gostei, em particular, do comentário de Shelly-Ann Fraser, medalha de ouro nos 100m nas Olimpíadas de Pequim-2008:
“O importante não é vencer sempre, é sim participar e auxiliar na jornada, ajudar as pessoas a sentir que elas têm um lugar no mundo. Nos fortalecemos e podemos ajudar os outros a subir na vida.” Sintetiza muito do espirito que une os jamaicanos. Nem todos os jamaicanos que praticam desporto se tornam profissionais. No entanto, a ambição de ser o "novo” campeão está na mente de todos os praticantes. Atualmente, o país proporciona condições favoráveis para os seus campeões ficarem em casa, sem haver necessidade de emigrem para outros países para poderem treinar ao mais alto nível. A questão primordial da Jamaica é assegurar a linhagem de campeões. Ora, assim, a receita do sucesso, até parece fácil: uma atitude mental forte por parte dos atletas, com uma vontade imensa de ganhar, aliada a horas de treino intensivo que favorecem a condição física e no fim o reconhecimento deste esforço por parte dos seus conterrâneos, que os consagram em heróis nacionais. A meu ver o maior segredo, resume-se na atitude: eu quero, com o esforço do meu trabalho, eu consigo ganhar. Em prova, o esforço despendido durante os treinos tem a sua glória, com o recebimento da medalha no pódio. Voltemo-nos agora para o caso de Portugal. Verifica-se, pelos resultados obtidos em Londres 2012, que ainda não foi desta, que conseguimos inscrever o nome de Portugal na História dos Jogos Olímpicos. Não tenho a mínima dúvida que os atletas portugueses fizeram tudo ao seu alcance para conseguirem o melhor resultado. Infelizmente, o maior esforço individual, não é por si suficiente, quando se compete com campeões!

Sugestões:

Os atletas portugueses ainda têm um longo caminho a percorrer. Apetece-me escrever que o  excesso de mediatismo não favorece os nossos atletas. Na minha opinião têm que haver um forte investimento de base que fortaleça a mentalidade daqueles que nos representam. A par das características físicas, que cada modalidade elege para os seus protagonistas, tem que se cultivar a par do trabalho fisico, uma vontade ganhadora. Portugal, é um país moderno (não gosto de utilizar a palavra desenvolvido, porque implica ter ultrapassado muitos processos, e no caso português, continuamos a caminho), possuidor de modernas instalações para a prática de diversos desportos, portanto não é por aqui, que se podem atribuir culpas à falta de incentivos estatais ao desporto. É bom relembrar que nos últimos vinte anos foram despendidos muitos milhares de euros para a construção de piscinas, pistas de atletismo e pavilhões gimnodesportivos por todo o território. Sobejamente, Portugal é conhecido por possuir condições climatéricas muito favoráveis para a prática de múltiplos desportos. Considero que a principal tónica, para se ”fabricar” campeões, reside na atitude mental de cada atleta, ao encarar cada prova, cada desafio que tem pela frente. Portugal, em Londres 2012, ganhou uma medalha de prata, na canoagem. Emanuel Silva e Fernando Pimenta canoístas portugueses alcançaram o 2º lugar na prova de K2, 1000 metros, disputada no lago Eton, com o tempo de 3m09s699, ficando muito perto do ouro, arrecadado pela dupla húngara com o tempo (3m09s646).

Tive a felicidade de vibrar com a transmissão em direto da prova. Como portuguesa aplaudi de pé, o esforço, a sua atitude durante a prova. No entanto, não gostei de ouvir as declarações prestadas pelos atletas após a vitória, nas palavras transpareceram que o feito conseguido, foi um pouco  “sorte do acaso". Aliás, este "acaso" foi, também, realçado nas declarações do atleta Nelson Évora, campeão do triplo salto em Pequim 2008, referindo-se, aos dois canoístas, disse algo, parecido com isto: “que compreendia muito bem o que eles haviam sentido quando subiram ao pódio e se entreolharam, como estivessem a perguntar: o que é que estavam ali a fazer? - parecia um sonho!” Fiquei perplexa com estas declarações e, sem qualquer demérito, para os feitos conseguidos quer pelo Emanuel Silva e Fernando Pimenta ou pelo Nélson Évora, que não competiu em Londres devido a lesão, afirmo que não pode ser esta, a atitude dos campeões! Obviamente, que a modéstia ou a simplicidade podem ficar bem, quando estiver em análise, um retrato individual da pessoa, mas, nunca num retrato de um campeão, que representa toda uma Nação! Preferia ter escutado, “eles estão ali, porque sabiam que ali era o seu lugar por direito, eles trabalharam arduamente para o conseguir”! Gostei muito da atitude de Clarisse Cruz, a atleta caiu quando liderava a prova dos 3.000 m obstáculos, levantou-se e terminou na quinta posição, qualificando-se para a final.


 Este é o espirito que se pretende num campeão conjugado com características físicas impares para a modalidade. Uma sugestão para os próximos jogos que irão se realizar no Rio de Janeiro em 2016, que o Comité Olímpico, reveja, muito bem os critérios para escolha daqueles que irão integrar a comitiva portuguesa. Não basta dizer que vão fazer o melhor que conseguirem, têm que se transcender, têm que elevar o nome de Portugal ao nível dos melhores. A receita? Trabalho, muito trabalho e, principalmente, uma atitude mental, muito forte! Não tragam diplomas, transportem medalhas, a Nação portuguesa agradecerá a todos, muito!


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Caixa de Pandora




Decidi num final de tarde beber uma água fresca,  junto à beira-mar e, olhar o horizonte, descontraidamente. A quietude da esplanada envolvia os meus pensamentos com a cadência das ondas do mar, que vinham e iam, sobre o areal da praia. Por momentos os meus olhos fecharam-se e o baloiçar das ondas transformou-se numa suave melodia para os meus ouvidos. A tranquilidade do local foi quebrada com a chegada de um grupo de jovens que procuravam uma mesa para se acomodarem. As suas vozes, os risos o arrastar das cadeiras, foram suficientes para atrair sobre o grupo os olhares das demais pessoas. Olhei-os de soslaio, quase num olhar reprovador pelo alarido causado. Haviam conseguido perturbar a calma, o sossego daquele espaço. Tentei de novo sintonizar-me à frequência inicial, sol, ondas, praia. Estava a conseguir de novo ser absorvida pela beleza do local quando sou de novo perturbada por um olhar que absorvia os meus movimentos. Direcionei o meu olhar para a mesa dos jovens, no sentido de descobrir o autor da intromissão. Lá estava ele, um rapaz moreno, magro, vestido de modo descontraído, com calções e t-shirt, que me fixava, enquanto, saboreava a bebida. Sorriu-me quando percebeu que os nossos olhares se cruzaram. Espontaneamente, devolvi-lhe o sorriso, arrepiando-me pela estupefação do meu ato. Por um instante achei que conhecia aquele rapaz. Procurarei em velocidade aceder ao meu arquivo mental, sobre a possibilidade de anteriormente, ter-me cruzado com aquela pessoa. Vasculhei as memórias de pessoas e lugares, sem qualquer resultado que pudesse corroborar a hipótese. Aquele rapaz que aparentava ter a minha idade parecia-me, no entanto, familiar. Digo, mesmo, senti-me atraída por aquele desconhecido. Decidi terminar a minha permanência na esplanada e levantei-me para abandonar o local. Um último olhar e sem dizer palavra, voltei a examinar o jovem desconhecido que, também, me acompanhou com os olhos até à saída. Que situação bizarra, pensei, para comigo. Em, algumas, ocasiões, teria considerado constrangedor alguém fixar-me daquela forma e não desviar o olhar, mas, não consegui associar qualquer sentimento de reprovação… havia, qualquer coisa, de empolgante na situação e, que mutuamente nos atraia. Entrei no automóvel e dirigi-me a casa, pelo caminho os meus pensamentos foram desviados em outras direções. O Verão estava a terminar e o Outono começava a anunciar-se com temperaturas mais baixas. As árvores começaram aos poucos a despirem-se das folhas e a colorirem a paisagem como de tapetes se tratassem. Decidi ajudar a avó nas limpezas de final de Verão. Adoro a minha avó! Ao longo dos tempos ela soube atualizar os gostos de acordo com as épocas e as conversas que mantém com os netos são preciosos ensinamentos. Numa palavra, a minha avó simboliza a âncora da família! Tal como para os marinheiros, a minha avó corporiza a segurança, um abrigo seguro, o caminho de volta para casa. Decidimos lavar os tapetes e os cortinados. Retiramos imensas bugigangas dos móveis. As memórias de mais de cinquenta anos andavam à solta por toda a casa. A avó pediu-me para levar umas caixas com livros ao sótão. Subi as escadas, abri a porta e entrei na divisão onde estão depositadas as quinquilharias de anos e anos. Simultaneamente, o sótão é um local de arrumações e, para os netos, representa aquele local mágico, que foi palco de inúmeras brincadeiras em criança. Empilhei sobre outras, as duas caixas que transportava comigo. Lancei um olhar a toda a divisão e o meu olhar foi de imediato atraído para os objetos que se encontravam sob a velha secretária encostada à parede. Dirigi-me até ela e abri uma pequena caixa de madeira que continha alguma correspondência e um envelope com fotografias. Abri o envelope e verifiquei que se tratavam de fotografias muito antigas, o que aguçou a minha curiosidade. A maior parte das pessoas fotografadas eu não conhecia, mas, seguramente, eram amigos da minha avó. Como seria de esperar lá estava ela, no auge da sua beleza, com os seus olhos azuis muito brilhantes que parecem estrelas a cintilar. Visualizei as fotografias uma por uma, até me deter numa em particular, onde estava a minha avó junto a um rapaz em clima de grande cumplicidade. Naquela fotografia, com mais de sessenta anos, pareceu-me ver o rapaz que há menos de um mês, tinha visto numa esplanada, junto à praia. Fiquei incrédula, como seria possível? Os meus pensamentos retrocederam de novo para aquele final de tarde de Verão, onde o meu clima de sossego, havia sido perturbado, primeiramente, pela chegada de um grupo de jovens e, seguidamente, pelo olhar pouco discreto de um deles que não tirava a vista de cima de mim. Claro, que eu soube de imediato que o jovem que eu tinha visto não se tratava da mesma pessoa que estava na foto. Mas, efetivamente, eram a fotocópia um do outro. Diametralmente, alguém que estivesse a visualizar a mesma cena, também, chegaria, à conclusão que eu e a minha avó somos a fotocópia uma da outra. Voltando à fotografia, seria este rapaz um antigo namorado da minha avó? Na fotografia eles pareciam muito felizes… O que teria acontecido no passado para terem rompido? Nas memórias de família consta que o meu avô foi o grande amor da vida da minha avó e disso é prova a união de ambos com cinquenta anos! No entanto, a minha curiosidade tinha-me conduzido até à caixa de pandora da minha avó. Por vezes o destino, parece querer dar vida às histórias de amores perdidos. Estaríamos, eu e aquele jovem da esplanada, destinados a encontrar-nos de novo, para dar continuidade a um projeto, interrompido há sessenta anos atrás? Saberia aquele jovem que é neto ou parente de um antigo amor da minha avó? Decidi não contar a ninguém as recentes descobertas. Se for vontade do destino um dia terei oportunidade de fazer a ponte entre o passado e o presente e descobrir os pormenores do jardim secreto da minha avó…