sábado, 25 de maio de 2013

O dia depois de amanhã

Não sei o que acontecerá no dia depois de amanhã. Também não é coisa que me inquiete. Algumas, vezes, dou comigo a pensar, o porquê das coisas, sem chegar, a uma explicação que permita utilizar o mesmo método de ação em cenários aparentemente iguais. Não existe a mínima dúvida, que embora, por vezes, achemos que os acontecimentos da vida se repetem, isso seja uma verdade irrefutável. Pessoalmente, ainda, não encontrei, uma prova, para tal, evidência. Poderá haver fragmentos, qualquer coisa que nos transporte de memória em memória, numa viagem entre o passado e o presente, mas, cujo resultado, originará, sempre, uma nova história, um novo acontecimento. O mistério da vida é demasiado elaborado para ser comprovado através de uma experiencia científica. Às vezes, até sinto receio de desejar as coisas… já não é a primeira vez, que aquilo que desejo acontece. Gracejando, um pouco, com a situação, digo, se um dias destes, desejar muito que “me saia o euromilhões ou outro qualquer prémio de jogo”, ainda me habilito a ficar rica… estou obviamente, a ironizar com a situação, garanto, que já joguei e, a única coisa que me saiu, foi o dinheiro do bolso, quanto ao prémio, nem, tive direito, a uma pequena compensação, que permitisse tentar de novo. Acho, que o Universo, não se mete nessas coisas do jogo. Talvez, as minhas lotarias, sejam pessoas, sejam frases, sejam palavras, sejam os momentos na procura da Felicidade. Efetivamente, acho que vou colecionando prémios com o avançar da idade, passei, a dar mais significado às sensações, ao pulsar da vida, aos pequenos instantes. Neste momento dou valor a tudo o que é efémero, possivelmente, pela curta duração em que as coisas acontecem. Não confundir o significado de efémero como algo descartável, antes, pelo contrário, para mim, esta palavra está revestida de conteúdo muito precioso. Obviamente, que o sentido, de qualquer coisa, onde, também, se englobam as palavras, pode ser de conotação negativa ou positiva. No caso em concreto, penso no efémero, como algo positivo, de bom, indo ao seu étimo, um termo de origem grega em que ‘ephémeros’ significa “apenas por um dia”... como, escrevi, no inicio, desconheço o dia depois de amanhã…  o que eu penso que sei, é que é todos os dias acrescento mais qualquer coisa ao conjunto das ações e atitudes diárias e,  no derradeiro capitulo, originarão a soma de todas as partes, da minha história de vida. 

sábado, 18 de maio de 2013

Pontes da memória

 
A Ti, jovem mãe, pelo teu exemplo de Amor
 

A Tragédia de Entre-os-Rios, ocorrida a 4 de março de 2001, pelas 21:15 horas, consistiu no colapso da Ponte centenária Hintze Ribeiro, que fazia a ligação entre Castelo de Paiva e a localidade de Entre-os-Rios. Consequência direta do acidente resultou na perda de vida de 59 pessoas, alguns, eram passageiros de um autocarro, outros, de três automóveis que tentavam alcançar a outra margem do rio Douro. Os passageiros do autocarro regressavam a casa depois de uma excursão, vinham todos, de um dia alegre e bem passado. Muitas daquelas pessoas que viajavam no autocarro tinham relações familiares entre si, outras, tinham relações de amizade. Consequência, também, daquele fatídico domingo, várias famílias, foram privadas da companhia, dos seus entes queridos, que não chegaram à outra margem. Nesse domingo, de forma imediata, uma tristeza se abateu sobre mim. Das muitas tragédias que vão ocorrendo pelo mundo e, também, no meu país, esta tocou-me, em particular! Eu, na altura, aproveitava ao máximo os meus fins-de-semana para estudar. Lembro-me que agarrava com  força todas oportunidades, para ser bem-sucedida no meu curso superior. Afinal,  por tendência eu não viro as costas aos desafios e, muito menos às metas pessoais, portanto, tentava, aproveitar ao segundo, o tempo sobrante da minha rotina profissional e pessoal para me preparar para as avaliações académicas. Naquele mês de março, sentia-me, desgastada psicologicamente e fisicamente, com o ritmo imposto de trabalhadora-estudante e mãe de família. Em 2001, era, também,  uma mãe recente. A minha filha, tinha completado, há pouco tempo três anos. Por mais energia que eu possua, sentia-me na época, que não estava à altura de todas as exigências a que me tinha proposto. Não gosto de fazer as coisas só por fazer. Tudo para mim tem que ter um propósito e de preferência dar prazer. Considero que o prazer é uma espécie de ingrediente secreto para a felicidade, quando o depositamos nas nossas realizações, o resultado final, é sempre melhor. Recuando de novo, àquele domingo, 4 de março de 2001, lembro-me de estar a estudar para a disciplina “Teorias Sociológicas”. Esboço,  um sorriso, agora que escrevo isto, porque se algum dos meus colegas ou antigos professores (agora, também amigos) ler este texto, concordarão, que esta disciplina basilar do curso é, também, o “calcanhar de Aquiles” para muitos estudantes. Como relatava, fiquei perturbada ao receber a notícia da derrocada da ponte e, continuei, assim, nos dias que se seguiram, quando as vidas daquelas pessoas, deixaram de ser meras estatísticas e, passaram a ser vidas de gente, com história pessoal. Naquele dia em Portugal, houve demasiadas lágrimas, como sempre ocorre em todas as tragédias. Houve demasiado sofrimento e demasiados adeus. Fixei, a minha atenção, em particular na história de uma jovem mãe que viajava no autocarro e transportava o seu rebento ao colo. Outra, consequência do acidente, foi o facto, de muitos dos corpos ao caírem às águas do rio, nunca terem aparecido, foram levados pelas correntes. Mas, aquela mãe, mesmo num momento de aflição não largou o seu bebé dos seus braços, mesmo, sabendo da inevitabilidade do fim… ambos, foram, resgatados das águas, sem vida. Aquela mãe, lutou com todas e mais algumas forças, para que não fosse separada do seu filho e conseguiu! Foram juntos a enterrar, ninguém os separou! Os humanos no seu esplendor, têm estas coisas, de preservar, para memória futura exemplos de amor grandioso. Não creio que existam palavras que consigam traduzir a magnificência desta imagem. Outra consequência, para mim, naquele dia foi a lição retirada daquela tragédia.  Jurei, que acontecesse o que sucedesse na minha vida, em honra daqueles que perderam a vida,  eu tinha obrigação de simplificar as minhas lutas! Principalmente, em honra daquela jovem mãe, eu teria de dar significado ao seu sacrifício. A única coisa que  podia fazer por alguém que não conheci, mas, que admiro pela força, seria, honrar o amor que ela demonstrou pelo filho, não o largando na força das águas do rio…ela, ficou com ele, abraçando-o contra si. Revi-me nela, eu teria, feito, exatamente a mesma coisa! Em silêncio, acho que lhe direcionei as minhas palavras de admiração, que sorri, para alguém que não conheço, mas, de quem me lembro, quando algum obstáculo se atravessa no meu caminho. Acho que lhe dedico, muitos momentos da minha vida, preferindo, é certo, todos aqueles com final feliz. Desde aquele dia que a pretendo visitar na sua morada final, na localidade Entre-os-Rios. Numa altura em que viajava, já estive perto da localidade, mas, não consegui convencer, quem me acompanhava, a fazer o desvio no trajeto, até ao cemitério e, procurar pela morada daquela jovem mulher. Um dia colocar-me-ei a caminho e irei visitá-la. Recordo, também, quanto finalizei o meu curso superior com mais ou menos dificuldades, houve três pessoas a quem dediquei o meu esforço: à minha mãe, à minha filha e, o meu o pensamento voou até à jovem mãe de Entre-os-Rios, a quem disse Muito Obrigada, por ter transformado com o seu exemplo de Amor as minhas dificuldades em nada! Afinal, a força que ela transmitiu, foi coisa suficiente, para em muitos dias eu sorrir, mesmo, algumas, vezes, com os olhos cheios de lágrimas.

sábado, 11 de maio de 2013

Hino à Amizade

Aos Meus Amigos

 

Já não é a primeira vez, que tenho a felicidade de me cruzar com pessoas muito especiais. Este ano, foi em abril e, depois no mês das flores, em maio, que fui bafejada, com a presença de novas pessoas, muito especiais.Todas elas, sem exceção, entraram na minha vida, cada uma delas, à sua maneira e, em contextos diferentes, transportando consigo, uma esperança renovada nas relações interpessoais. Às vezes tenho a sensação, que uma Entidade, muito atenta às nossas ações, escreve a nossa história de acordo com os nossos silêncios, escutando as nossas preces,  encarregando-se de colocar determinadas pessoas, no nosso caminho. Em abril deste ano a minha filha mais velha sofreu uma lesão no pé durante uma aula de educação física. Assim, fui, obrigada durante um mês, a desdobrar-me e a planificar as minhas atividades, de modo a poder acompanha-la, semanalmente às consultas de ortopedia e, diariamente, às sessões de fisioterapia. Portanto, uma situação desagradável, que foi a lesão no pé da minha filha, colocou-me em contacto com duas excelentes fisioterapeutas, que vieram, quase no final das sessões a revelarem-se, como dois seres humanos de nível excecional.Daquelas pessoas que entram na nossa vida e, mesmo, que as voltas da vida não nos volte mais a juntar, tenho a certeza absoluta, que a lembrança das nossas conversas, perdurará no tempo como coisa boa de lembrar. Noutro, contexto, fui bafejada, com a presença de outra amiga, que pela proximidade à minha rotina diária, tenho a certeza, que iremos dia após dia, descobrir novas afinidades. E, assim, acontece a Amizade! Considero a Amizade, uma das mais maravilhosas  formas de amar, talvez, a mais forte, aquela que mais resiste aos obstáculos, que nos acompanha, sem nada pedir em troca. 
Os amigos, fazem com que alguns dias cinzentos, se transformem em dias cheios de sol. Os Amigos não permitem que fiquemos sozinhos à deriva, algumas vezes transformam-se em portos de abrigo em dias de tempestade. Não posso neste pequeno desabafo, deixar de mencionar, todas aquelas pessoas que tanto estimo e, que já fazem parte do meu circulo de amizade, algumas das quais, diga-se por força dos sinais do tempo, virtualmente;  sem,  elas, acho que a minha vida não teria muito significado… não me atreverei sequer a mencionar um nome, com o fundado receio de me esquecer de alguém inadvertidamente.O que posso escrever, neste, momento, é que todas aquelas pessoas, aquelas a quem considero, podem, como sempre, contar comigo, eu,  farei o mesmo, em relação a todas elas!

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Hoje é o meu Dia!


Hoje é o dia do meu aniversário! Gosto muito de fazer anos mas não gosto de envelhecer… a imagem que o espelho reflete, não traduz, em nada o meu espirito. O espelho não tem a capacidade de reproduzir a alma e a energia que o meu corpo emana. Neste dia sinto-me bem comigo e com o Mundo. Desejo que este meu estado perdure no tempo sem haver limite… que sensação tão gostosa de sentir. Este ano comecei a comemorar o meu aniversário com algumas horas de antecedência. Acho que esta foi a melhor forma de homenagear a minha Mãe, por tudo o que ela representa para mim! Afinal este dia 8 de maio é tão meu como é dela. Aliás, em cada dia que passa sinto-me mais parecida com ela. Acho, no entanto, que ela ainda me vence, pela beleza, pela sua sabedoria e, especialmente pelo Amor! Esta noite não adormeci antes de nascer, dialoguei com o meu interior, aproveitei para arrumar o pensamento, flutuei pelo sonho e esperei calmamente pela uma e meia da madrugada. Acho que adormeci logo a seguir, não recordo de olhar mais o relógio. Esta manhã, levantei-me, à hora de sempre, com energia renovada. Numa palavra, sinto-me bem, sinto-me feliz! 

sábado, 4 de maio de 2013

Felizes para Sempre


Pode-se morrer por amor? Poderá à partida parecer uma frase sentimentalista, mas, a prática, ajuda a contrariar, alguns artifícios da escrita. Aconteceu, enquanto esperava pela minha boleia, assistir a um insólito na minha cidade. Duas senhoras, colegas de trabalho, dirigiram-se a uma casa, que se situa numa zona antiga mas muito aprazível. Reparei, que junto da entrada da pequena casa de rés-do-chão e primeiro andar, estavam outras pessoas, que não saiam da frente da porta de entrada. De início, considerei, que, efetivamente, alguma coisa se passava dentro da habitação, mas, tratando-se de uma zona residencial antiga, onde a vizinhança se conhece, que nada de muito grave acontecera. Mas, eu estava enganada… passados, poucos instantes, depois das duas senhoras que há pouco referi, terem entrado na dita casa, elas saíram de lá. Uma das senhoras, mal conseguia, andar, saiu, da casa amparada pela outra, lavada em lágrimas. Fiquei de repente sem perceber o que estava a acontecer. Como tinha que voltar ao local na semana seguinte, procurei saber o que sucedera naquele dia. Então, contaram-me, que naquela casa, vivia um casal de idosos, pais da senhora que eu vi a chorar convulsivamente e, como sempre ela fazia no final de cada tarde, saia do trabalho, entrava na casa para ver como eles estavam. Naquele dia aconteceu o insólito! Mal entrou na casa, deparou-se com um cenário macabro. Na cama jazia a sua mãe, uma senhora de idade, acamada por doença perlongada há vários anos e no corredor jazia o pai que colocou fim à própria vida, naquele dia, com uma corda… Não consigo imaginar o que terá passado pela cabeça daquela senhora ao visualizar aquele cenário… Numa assentada, ela, naquele final de Abril, ficou sem os  pais. Terão dito outras pessoas, que o pai, sendo um senhor já idoso, não terá aguentado o desgosto de ver a sua companheira de muitos anos sem vida e, decidiu, também, partir… Pensei ao ouvir esta história, que, efetivamente, a dor da partida da pessoa que tanto gostamos pode ser tão forte que não permite resistir ou deslumbrar um futuro sem a companhia da outra metade de nós... Outra situação que me ocorreu e, que sucede a alguns  idosos na atualidade é,  confrontarem-se com a dor da solidão. Os nossos idosos, percebem, ou melhor, sentem, que a velhice não os favorece e podem com facilidade transformarem-se em fardos incómodos para os filhos ou netos… Pessoalmente, prefiro neste caso em concreto, pensar que se tratou, sem dúvida de um ato de amor! Desejo mesmo que uma entidade superintendente permita a estas duas almas, continuarem juntas, onde a doença, a dor, o sofrimento, não os acompanhe na eternidade dos dias e, possam  ambos serem Felizes para todo o sempre!