sábado, 27 de julho de 2013

Que seja infinita (a nossa amizade!)


De hoje não passa amiga, posso desde já garantir. Não sairei da secretária, nem de frente do computador enquanto a folha branca do word não estiver preenchida com frases dedicadas a ti. Sim, minha querida amiga, de hoje não passa. Ando há demasiado tempo a pensar que de tantos textos ou mensagens que partilho, houvesse pelo um que ao leres soubesses de imediato que a ti te era dirigido. Garanto-te que de hoje não passa, todas estas linhas que escrevo são todas elas inteiramente para ti. A razão para não o ter feito antes parece simples de explicar, estás sempre presente. É contigo que partilho os pensamentos de amor e de desamor, de felicidade ou de tristeza. É para ti que dirijo os meus desabafos em qualquer altura do dia. É para ti que corro quando preciso escutar um conselho ou simplesmente de uma palavra que me faça seguir em frente ou mesmo me faças repensar o pensamento. A nossa amizade é uma daquelas sortes para a qual não existe nenhum instrumento de medida que quantifique o seu real valor. Concordo contigo, que hoje estou um pouco lamechas. Mas convínhamos que todos ganhamos quando mostramos o grau de importância que cada pessoa ocupa na nossa vida. Tenho amigos fantásticos! Todas aquelas pessoas que considero de amigas são especiais para mim. É mesmo amor o sentimento que tenho por todos. Não vale a pena o esforço de pensar se gosto mais de uns do que de outros porque todos são especialíssimos e ocupam um determinado lugar. Ainda há pouco fui à gaveta do móvel onde guardo as fotografias. Há alguns anos atrás sabendo tu do meu costume antigo que consiste no dia do meu aniversário tirar uma foto que assinale a data depois de uma visita cabeleireiro, prestaste-te a posar comigo para as memórias futuras. Não encontrei a nossa foto com a qual pretendia ilustrar este texto, haverá com certeza uma outra imagem que emoldurará convenientemente estas palavras. Agora que vejo frases a nascerem com facilidade no branco da folha, tenho mesmo a certeza que hoje era o tal dia para te dirigir palavras. Já algum tempo atrás tinha tentado este exercício, mas na altura o emaranhado de ideias não permitiram frases que espelhassem o sentimento que me povoa a alma. Podia estar aqui uma vida a escrever sobre muitos momentos, mas reservarei para outras ocasiões as nossas histórias. Hoje, só quero que saibas, que és mesmo muito importante para mim!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Instantes


Lembro-me como tivesse sido hoje. Estava no autocarro quando entraste. Estava sentada num banco junto à janela. Tive oportunidade de  fazer de conta que não tinha dado pela tua presença. Seria demasiado fácil para mim não me fazer notar. Algumas vezes observei pessoas que ao entrarem num meio de transporte estarem mais interessadas em ocupar um espaço do que percorrer os rostos dos companheiros de viagem. Optei por falar. A impulsividade é uma característica que me acompanhará até ao final dos meus dias. Passados mais de vinte anos sobre este acontecimento congratulo-me de ter tomado a melhor decisão. Arrepender-me-ia neste preciso momento se porventura recordasse o episódio sem te ter cumprimentado. Inesperadamente sou invadida por uma desassossegada nostalgia. Uma espécie de tristeza serve-me de companhia durante a curta viagem. Estou de novo dentro de um autocarro e sentada num banco junto à janela como tanto gosto. Desta vez porém tenho a certeza que não irás entrar pela porta e não serei assolada por qualquer espécie de incerteza. Também no céu o sol já não brilha como outrora, a lua vai ocupando lugar na noite escura como breu. Senti de repente uma saudade dorida e uma lágrima atrevida não se conteve e rolou pela face, após um pálido sorriso. No outono da vida, por instantes, dou por mim, a amaldiçoar o tempo que acaba com a magia da adolescência, onde tudo muda demasiado rápido. Cada vez mais verdade que “o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem”.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Feliz Aniversário!

Ontem tirei da estante o livro que me emprestaste. Já o tinha lido há muitos anos. Talvez há quantos a nossa amizade existe. Na época li o livro em poucos dias. O autor do livro foi um dos maiores expoentes do modernismo em Portugal e um dos membros da Geração d’Orpheu. Talvez com uma saudade já distante recordo o início da nossa amizade. A nossa amizade faz parte daquelas coisas boas da vida que acontecem, que perduram na memória e nem o tempo permite o esquecimento pela forma inesperada como surgem. Connosco foi assim uma amizade que nasceu do puro acaso. O que gostei desde o início foi da intensa troca de palavras e do fluir das tuas ideias que revolucionaram a minha forma de pensar as coisas. Confidencio-te que na época algumas das tuas ideias me pareciam demasiado vanguardistas. Hoje amigo já quase que tomo as ideias como minhas pelo modo como delas me apropriei. Talvez por isso em silêncio mantenho contigo uma assídua troca de palavras. Não me digas que não dás conta desta dialéctica. Digo-te meu amigo foi, possivelmente, por causa destas coisas que ontem te consegui rever através do desfolhar das páginas do livro. Sim, estou a falar da “Loucura” de Mário de Sá Carneiro, a temática é algo que nos assenta que nem uma luva. A leitura ontem foi fugaz. Era escasso o tempo que dispunha para saborear as palavras, não li mais de dez páginas. Gostei dos teus sublinhados. Marcaste a vermelho com um traço de lápis cuidado algumas palavras do autor. Tentei em alguns momentos perceber a razão de sublinhares umas palavras e não outras. Com o pretexto deste exercício voltarei ao livro sempre que desejar ir ao encontro dos teus recônditos pensamentos e serenamente irei viajar contigo aos primórdios da tua essência. Ocorreu-me agora que nunca contabilizei o nosso tempo. Refiro de antemão que a contagem do tempo não é coisa muito importante. Desde o início da nossa amizade assumi que há muito nos conhecíamos. Também me impressionou o facto de tu uns anos mais novo que eu possuíres um conhecimento mais avançado do que a idade cronológica poderia indicar. Também, devido a esta tua característica reformulei alguns padrões pelos quais me regia. Não sei se algum dia informei mas durante alguns anos não desenvolvi amizades com pessoas mais jovens do que eu. Há muito que não penso mais assim. A experiência de vida ensinou-me que cada idade encerra os próprios conhecimentos e algumas vezes a idade cronológica tão pouco corresponde à idade física ou mental. Talvez por isso tenho alguma dificuldade em assumir como minha a imagem que o espelho reflecte. Também por isso privilegio a criança que existe em mim. Pensar na infância transporta-me para uma espécie de jardim secreto onde me refugio sempre que necessito de paz. Um dia quando regressares desse local distante não iremos sentir dificuldade em continuar alguma conversa inacabada. Com certeza que não me recordarei da temática da altura, mas entre gargalhadas e uma frase que talvez nos anos seguintes faça história pela erudição do raciocino iremos conversar até mais não aguentarmos. A esta hora da narrativa deves estar curioso do porquê de tamanho discurso. Amigo, esta foi a forma singela de te homenagear pelo teu aniversário! Parabéns e que contes muitos anos, com saúde, sucesso e junto das pessoas que amas.

sábado, 6 de julho de 2013

Olhos nos olhos

Senta-te junto de mim e olha-me nos olhos. Não digas nada deixa o teu olhar adivinhar as minhas palavras. Comunica em silêncio com o pensamento, não quero que o som das frases estrague este momento. Silêncio e os olhos são uma perfeita combinação. Sussurro-te ao ouvido: - Os teus olhos são lindos! Sorris. Pareces concordar e reciprocamente devolver-me o cumprimento. Olho e torno a olhar. Tu fazes o mesmo. Deixa que eu viaje pelos olhos ao interior do teu pensamento. O momento é só nosso. Estamos felizes neste dia, a paz calmamente, vai-se instalando. O que queres fazer, pareces perguntar. Não respondo. Já disse e volto a repetir, terás que adivinhar, porque a minha boca não se abrirá, não quero que as palavras estraguem este encantamento. Tu e eu frente a frente, olhos nos olhos. Quando os teus olhos olharam os meus, o tempo parou de contar as horas, os minutos, os segundos para poder olhar para nós. O nosso tempo é o que fazemos com ele.