sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Diário de um caminhada


No domingo, dia 1 de Novembro de 2009 juntei mais uma data à coleção, foi inserida na pasta das datas más, onde já constava o dia 27 de Setembro de 2005. Foi de facto esta a tal data, a que deu inicio ao declínio. Entretanto já passaram quatro anos que lamentam o silêncio daquela noite, a ausência de comunicação no dia seguinte e, depois quando houve palavras foram fracas na resposta que se aguardava. Não se esquece a mágoa que deu origem a uma outra forma de encarar a vida. Nestas frases valem as reticências e todas elas serão poucas para expressar o sentimento da perda. Basta sentir porque o ser humano é feito de emoções. Tal como um pintor, que expressa pela arte e pelas cores as emoções, também os humanos pintam a vida. Às vezes pintamos a vida com tonalidades de cor demasiado cinzentas a que juntamos a cor da lágrima. Hoje decidi ler textos. Gosto de ler textos que falem principalmente de amor. Este texto que escolhi para ler, está bem escrito prende-me a atenção porque alerta os indivíduos para aquilo que se perde na individualidade de cada um, no egoísmo quando não sabemos envolver os outros em nós. 
 
Dia 5 de Novembro de 2009
Ontem uma amiga ligou-me por volta das 14:40, disse-me que  o pai devido a doença súbita partiu. Lamento. Rezo. Desejo que Deus Lhe perdoe todos os pecados e o receba no seu reino.

Estas despedidas sentidas partem-me o coração. Depois da notícia fiquei com uma forte dor de cabeça e tenho as lides domésticas ainda para fazer. Tomarei um qualquer fármaco que me alivie o desconforto da dor e mais tarde receberei em casa os filhos dela. Oxalá estas crianças sejam fortes para superarem a partida do avô que tanta falta lhes faz. Efetivamente não está a ser um ano fácil para esta família. Em Agosto a minha amiga colocou um ponto final num casamento que durava há décadas. E agora o pai…
 
Dia 13 de Novembro de 2009
Hoje é sexta-feira, dia 13… algumas pessoas têm a ideia que o 13 é o nº do azar e, quando este dia, coincide com a sexta-feira, estamos perante um dia em que mais vale ficar em casa. Para mim só estas últimas palavras traduzem bem a “insignificância” da sexta-feira 13 – interrogo-me e, quem não tem casa, onde fica? Esses sim, é que estão cheios de azar por não possuírem teto onde dormir - penso.
 
Todos os dias desde que acordo, faço sempre os possíveis para acreditar que o dia de hoje será sempre melhor do que o anterior. Reafirmo a presença de Deus através do Espírito Santo. Sou uma pessoa de Fé. Considero que há uma luta constante entre o bem e o mal. A Palavra, o Verbo segue o caminho. O homem ainda tem muito para aprender na escolha entre o bem e o mal. A caminhada continua...

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Uma questão de tempo

Sentada numa cadeira colocou as mãos entrelaçadas sobre a cabeça como quisesse com este gesto proteger-se dos seus próprios pensamentos. Logo ela que tinha por lema: viver a vida intensamente, como se o amanhã não existisse. Observei-a com a distância que o olhar permite, não quis em nenhum momento perturbar-lhe o silêncio. Pela forma como se contorcia na cadeira percebi que ela não estava nos seus melhores dias. Conheço-a bem demais para que haja a necessidade de palavras para exprimirem o seu estado psicológico. Entre amigas verdadeiras, até os silêncios transmitem mensagens, para outros indecifráveis. Intimamente até sabia aquilo que a perturbava. Talvez por isso considerei, ser mais um motivo para a deixar percorrer aquele caminho interior que só o próprio deve trilhar. Ela sabe intimamente se precisar de alguém ter-me-á a seu lado. Talvez mais tarde ela me chame para revisitarmos algumas lembranças. Talvez mais tarde eu lhe recorde a força que ela possui e que tudo aquilo que agora lhe é desconfortável, dentro de um tempo pertencerá ao passado. Neste instante até este meu monólogo interior parece reforçar o sentimento de amizade que nos une. Contudo ela de tão enredada nos pensamentos, tão pouco deu por mim. Observo-a. Tem o semblante demasiado carregado, fico triste de a ver assim. Numa ocasião confidenciou-me que já não acreditava na felicidade, disse-me que a viveu tão intensamente num tempo, que esgotou essa sensação de bem-estar. Retorqui e disse-lhe que a felicidade é um estado de satisfação onde pequenas coisas podem fazer a diferença. Contei-lhe que por vezes, ainda dou por mim a sorrir sem motivo aparente e essa sensação é boa de sentir. Ao ouvir as minhas palavras que tentavam contrariar um estado de espírito distante, fitou-me nos olhos e,  disse-me, que todos os sentimentos só atingem os objectivos, se forem verdadeiros. O tempo, por exemplo, esse eterno amigo, que suaviza as mágoas, nem sempre está do nosso lado, diga-se no tempo certo. Parece que tudo acontece realmente quando tem de acontecer e, nem sempre as historias têm o final que se deseja. Continuou,  a falar pausadamente, como se medisse todas palavras: por vezes sentimos uma sensação de vazio interior  que parece ser preenchido por emoções confusas, tipo uma manta de retalhos. Faz-se o que se pode e nem sempre o que se deve para seguir em frente. Com o tempo aprende-se a contornar os obstáculos embora alguns persistam em atrapalhar a caminhada. Muitas interrogações ficarão sem resposta. O passado é muitas vezes eleito o melhor dos tempos, sem que possuamos a noção que o presente é realmente tudo o que verdadeiramente importa. Palavras sábias, pensei...

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Porque o céu tem a cor dos teus olhos


Podia ter ido a uma Igreja porque gosto da tranquilidade dos Templos, mas não fui. Segui o mesmo ritual de muitos dias dirigindo-me ao banco de jardim de onde avisto o céu e o mar. Da minha varanda improvisada sobre o Tejo observo o azul do céu a confundir-se com o do mar. A cor azul que tanto me recorda os olhos da Lina. Há uns tempos atrás as notícias sobre a Lina, não foram aquelas que gostaria de ter escutado. A Lina ontem, 4 de junho, despediu-se de nós. O sofrimento que o cancro lhe causava já lhe feria a alma. Lamentei a sua partida com o coração muito apertado. Hoje sinto-me triste. Não fossem as lágrimas que ajudam a atenuar a dor sentir-me-ia muito pior. Em memória da Lina recuo até à minha infância. A minha querida Lina, uma mulher pequena, de cabelo louro que irei sempre recordar com muito carinho. Naqueles tempos felizes a família Santos Borges era como me pertencesse. Gostava tanto da boa disposição daquela gente durante os convívios. Recordo que a Lina era exímia na confeção do puré de batata com almôndegas. Acho que durante muito tempo este foi o meu prato favorito. Não sei se a Lina morreu feliz…uma daquelas paixões, que presumo arrebatadora a um dos membros da família Santos Borges fez com que deixasse para trás uma outra vida familiar onde se incluíam dois filhos. Enquanto fui criança jamais tive perceção dessa sua escolha. Estou certa que o fez dando voz a um grande amor… também, asseguro, que aquela peça do seu puzzle jamais foi substituída por outra. Sentia-se a nostalgia na voz quando falava dos filhos. Talvez falasse para acalmar a dor que trazia no coração. Talvez tenha comentado o assunto comigo porque das crianças eu era a mais velha – lamento, não  ter dado a importância devida às suas palavras mas aos dez ou onze anos o entendimento das coisas sobre adultos era proporcional à minha existência.  A minha irmã mais nova também recebia muitas atenções da Lina e do seu companheiro. Devido ao seu comportamento tranquilo a minha irmã mais nova acompanhava-a muitas vezes no seu local de trabalho. A Lina confeciona casacos de malha e por ser muito profissional no seu oficio não lhe faltavam as encomendas. Fruto do amor da sua vida a Lina teve outra filha, hoje uma mulher. Estas singelas palavras destinam-se a homenagear uma a minha querida amiga pelos bons momentos que partilhamos em conjunto. Tudo o que agora desejo é que esta guerreira descanse eternamente em paz.

domingo, 25 de maio de 2014

Interrogações


Como foi possível outros escrevessem sobre nós? Li as frases uma a uma e depois cada parágrafo. Eu que pensava que aquele momento só a nós pertencia... Mas agora até o mais ínfimo pormenor foi revelado. Quem de nós dois foi incauto e permitiu que outros captassem a nossa magia? Estaríamos os dois tão distraídos que perdemos a noção que uma multidão nos observava? Neste preciso momento recordo que as palavras até foram parcas e nem sei mesmo se elas chegaram a existir. Como foi então possível que alguém escrevesse sobre nós? Que individualidade essa tão sensível que captou a intensidade daquele momento? Como terá conseguido tamanha proeza? Foi através do brilho dos nossos olhos que soube as palavras que guardavamos no coração? Durante séculos só de fugida e, apenas em momentos furtuitos voltei em pensamento ao mesmo lugar na tentativa de vivenciar as emoções sentidas. Contínuo inquieta e com demasiadas interrogações a pairarem na alma. Será que foi o calor que emanou dos corpos que permitiu que outros soubessem de nós? Sempre que a dor da saudade bate mais forte, volto sozinha ao lugar de onde não devia ter saído para contigo ficar. Mesmo quando partiste para um lugar que desejo melhor continuei-te a sentir, como se a tua viagem nunca tivesse ocorrido. Não podendo ter partido contigo porque a vida continuou queria que aquele instante de magia só a nós dois pertencesse. Por isso revi nas páginas de um livro que não fui eu nem tu que o escreveu a imagem daquele instante que de tão nosso se perpetuou pelos tempos. Tivesse eu escrito aquele capitulo as palavras não seriam outras mas iguais. O autor de tão belas frases teve a arte e o engenho de se antecipar e descrever o amor na sua essência universal. Embora eu quisesse ser egoísta para que no mundo ninguém soubesse de nós, descobri que as emoções se transcendem e, não se deixam aprisionar por ninguém. Também, talvez, por isso, os amores verdadeiros sejam eternos e, vivem para além do tempo...

sábado, 24 de maio de 2014

Tem dias...

 
Os dias custam a passar. Em cima da mesa da sala, as peças de um grande puzzle desfeito, ainda não ganharam forma. Sento-me confortável numa cadeira e chego à conclusão que a dificuldade do meu puzzle está determinada tanto pela imagem como pelo número de peças ao meu dispor. Penso na vida. A música ecoa pela sala, mantendo-me conectada com os meus propósitos. Murmuro para mim que ainda tenho umas quantas contas a ajustar, ao mesmo tempo que encaixo com mestria as peças umas nas outras. A vida assemelha-se a um grande puzzle, quanto maior os interesses e desafios, mais tempo se leva a atingir o objetivo. Não me arrependo das minhas atitudes, porque procuro a sensatez antes de uma tomada de decisão, no entanto, admito que tenho alguns pedidos de desculpa a dar e, outros tantos a receber. Mas, essencialmente, só me preocupam aqueles pedidos que tenho que fazer, assuntos alheios não me dizem respeito. Todos os dias dou passos em frente para que a minha consciência se liberte das insignificâncias da vida. Como habitualmente encontrarei o tempo e o lugar para clarificar pensamentos. Se os minutos não demorassem tanto a passar, possivelmente, hoje seria o dia para arrumar uns quantos assuntos... Mas, não tendo chegado o tempo certo, continuarei, aguardar, com atenção, a sequência e formato das peças do puzzle da vida que se repetem.
 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Conversando...comigo...

Perguntei junto a um espelho quem eu era e, instantaneamente, do outro lado recebi um sorriso! Nesse dia tive a certeza de tudo aquilo que pensava sobre mim, aceito-me com todos os defeitos que conheço e com aqueles que desconheço e com as todas as qualidades que possuo e todas as outras que virei a descobrir. Neste estado de paz interior gostava que este pensamento fosse contagiante a outras pessoas e que as mesmas pudessem sentir a sensação de paz e felicidade que me invade no momento. Principalmente todas aquelas pessoas que vivem na penumbra interior e em desequilíbrio permanente. Pessoas que considero más influências, porque não tendo rumo, assemelham-se a ervas daninhas que secam a natureza pujante ao seu redor. Às vezes quase me irrito comigo por ser tão previsível no meu modo de agir ou mesmo de pensar. Há momentos da vida em que a mesma nos obriga a fazer balanços. Pergunto-me se por ter esta matriz de pensamento estarei sempre atrair as mesmas coisas boas e também as ruins? Claro que com as coisas boas eu regozijo-me mas das outras queria mesmo era ter a máxima distância...e, às vezes isso não é possível. Se há vinte atrás me dissessem que o avançar da idade transportava mais coisas boas do que negativas pessoalmente teria algumas dúvidas em acreditar. Hoje no presente momento, constato que é mesmo assim, a idade dá-nos além do conhecimento acumulado uma deliciosa serenidade interior! Poderão outras pessoas comigo não concordar e embora respeite a opinião alheia manter-me-ei fiel ao meu pensamento inicial. Aprendi que na vida que se dermos demasiados ouvidos à opinião dos outros acabamos por desvirtuar a nossa maneira de pensar ou de fazermos as coisas. Com isto que acabo de escrever não quero que pensem que me arrogo a uma verdade suprema, nada disso! Considero que ninguém é dono da verdade! Para a mesma questão poderão existir vários ângulos de análise podendo mesmo no final e por caminhos alternativos chegarmos todos ao mesmo resultado. Fazendo uma retrospetiva de vida considero que fiz ótimas escolhas e dificilmente alterava o rumo dos acontecimentos passados se pudesse. Sou o que sou e embora queira todos os dias ser melhor orgulho-me da minha trajetória. O maior tesouro que transporto comigo são as pessoas com as quais me fui cruzando ao longo da vida! Conheço pessoas adoráveis! Quase que apetece pontuar a frase anterior com vários pontos de exclamação... e, acho que o vou fazer porque na realidade este texto fui eu quem o escreveu e as pessoas a quem me refiro são mesmo adoráveis!!!! Sem as ditas pessoas a minha vida seria um vazio - todas elas sem exceção - fazem toda a diferença na minha vida! Qualquer coisa semelhante a um dia de tempestade com chuva e muito vento e com a chegada das pessoas especiais por magia o dia se transformou num dia maravilhoso com muito sol, muita paz, luz e alegria. Há pessoas que são naturalmente assim, irradiam luz à sua passagem iluminando o seu e o caminho dos outros... a essas pessoas eu costumo designá-las por AMIGOS! Obrigada por estarem aí! <3

sábado, 1 de março de 2014

Infinita Saudade


Completamente incrédula! Sim, incrédula é a única expressão que me ocorre para descrever o estado de alma naquele dia! Li uma, duas, três vezes a mensagem na esperança que as lágrimas que se soltavam dos olhos tivessem deturpado as palavras. Mas afinal o que se considerava impossível aconteceu, entristecendo-te, enlutando a tua família, causando dor a todas as pessoas que vos querem bem. Nem sei bem se conseguirei traduzir por palavras a convulsão de emoções que se apoderam então de mim. É em silêncio que recordo o início da nossa amizade. Noutras paragens há quase uma década quando, tu, eu e a Margarida nos tornamos irmãs de coração. A partir do momento que nos conhecemos tudo o que acontece a uma afeta as restantes. Depois de tantas batalhas que vencemos confidencio-te que não estava preparada para receber esta notícia. Possivelmente por acreditar que depois de momentos de grande perda haverá outros que de alguma forma compensarão as provações. Até porque desta vez a tua viagem estava no fim… Amiga queria tanto encontrar palavras de conforto que de alguma forma pudessem aliviar o teu/vosso sofrimento… e, não me ocorre mais dizer que nas portas do Céu, haverá outros anjinhos prontos a receber aqueles que agora chegam… quero acreditar, que entre eles, estará a minha Raquel de mão dada com o irmão Miguel a chamar pela tua Júlia. Sempre depositei esperanças na minha menina do céu, imagino-a muito ciente das responsabilidades de cuidadora. Se assim, não fosse, porque haveria ela de partir? Sabes este pensamento conforta-me desde há muito. Considero os filhos como extensão do nosso amor e, como tal, sinto-me duplamente abençoada. Projeto nos meus dois anjinhos celestes  a imagem dos dois irmãos da Terra, acho que a par das feições as suas essências devem ser semelhantes. Há uns anos eu que até não sou nada hábil com trabalhos manuais decidi recortar numas cartolinas quatro estrelas, duas cor-de-rosa, duas azuis e em cada uma delas colei fotografias dos meus bebés. Como não conheci o rosto de dois deles, decidi colar dois anjinhos desenhados. Depois de unir as quatro estrelinhas,  surpreendeu-me o resultado final! É no mês de dezembro que a Arvore de Natal ganha uma decoração especial! No alto da árvore, no sítio com mais destaque é colocada a minha constelação, uma estrela por cada filho!  Querida amiga se eu pudesse enxugar as tuas lágrimas, eu o faria. Se eu pudesse substituir-te na dor, eu o faria! Estarei sempre contigo!

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Até ao fim do mundo...


Não hesitaria um minuto em seguir os teus passos. Como não poderia de resto faze-lo? Em tantos dias num silêncio que por vezes me pareceu ensurdecedor ansiei por um amor como o nosso. Decerto só poderia dar valor ao presente se no passado tivesse conhecido de perto o sofrimento. E, se assim foi, fico feliz por todas as lágrimas que derramei e por todos os desencontros que tive para chegar até aqui. Pouco me importam os terrenos que desbravei ou, mesmo os obstáculos que encontrei pelo caminho. O que importa é que cheguei onde sempre quis estar e quero guardar para sempre todos os segundos junto de ti. Sinto o coração apertado só de pensar que o nosso amor um dia possa acabar… seguir-te-ia para onde quer que fosses. Mesmo que me digas que não tens para onde ir… digo-te que podemos ir juntos até ao fim do mundo. Os meus dias só fazem sentido se estiveres a meu lado. Não imagino sequer acordar pela manhã e ao abrir os olhos não encontrar o teu rosto. Ficas a saber que às vezes quando o sono teima em chegar Agradeço em silêncio por estares comigo. São tantas as pequenas coisas onde te encontro que nunca mais me senti só. Não quero lamentar pelos anos que deixamos passar, privando os sentimentos, castigando as emoções de viverem um amor como o nosso. Aprendi que tudo tem uma hora para acontecer. A soma dos dias são aprendizagens e tudo acontece quando tem mesmo de acontecer. Quero acreditar que nada perdemos, antes pelo contrário a vida encarregou-se de mostrar o real significado da palavra valor. Pelos dias de ausência, pelos silêncios de outrora quero que os nossos dias sejam todos eles preenchidos com palavras e afectos. Vem, Amor, abraça-me forte… mostra-me o teu calor que eu desejo entregar-me nos teus braços de corpo e com alma.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Professor Manuel Lima


Dia 8 de fevereiro de 2014 foi um sábado deliciosamente diferente. Sabia-o antecipadamente desde que retirei da minha caixa de correio o convite do professor Manuel Lima alusivo à comemoração dos seus 25 anos como escritor e investigador do riquíssimo património natural do concelho do Seixal. Simultaneamente, ele presenteou todos os participantes com o seu mais recente livro intitulado "A Vida Entre Marés". Foi pequeno o auditório no Moinho de Maré de Corroios para acolher todos aqueles que desejaram expressar gratidão, admiração a este grande professor, investigador e, principalmente ao ser humano que é! É com aquela facilidade de retórica que se conhecessem aos grandes mestres que o professor Lima prendeu a atenção de toda uma plateia rendida aos seus conhecimentos. Seguramente que nunca lho disse pessoalmente mas escrevo-o agora o Professor Manuel Lima é um ser humano extraordinário! Consegue sem esforço aliar a sua inteligência com as características mais nobres de uma pessoa: modéstia, simplicidade e amor. Comoveram-me as palavras da sua filha Sílvia durante o discurso quando a ele se referiu dizendo «o meu pai faz tudo por amor». Outras histórias que a filha Sílvia compartilhou com todos os presentes espelham bem a entrega e a dedicação das muitas horas de trabalho em prol da investigação do património natural e ambiental da Península de Setúbal. O professor Manuel Lima meio a brincar dizia-se surpreendido pela sala onde decorreria a comemoração dos 25 anos estar cheia. Esta manifestação de reconhecimento em nada me surpreendeu, muitos, tal como eu, quiseram desta forma homenageá-lo pelo mérito do seu trabalho. O professor Manuel Lima fez carreira como docente do ensino oficial secundário. Paralelamente em colaboração com a Câmara Municipal do Seixal fez chegar junto do grande público várias publicações sobre o património natural e histórico deste concelho. Não me lembro ao certo como travei contacto com o professor Lima. Creio que tal inicio se fique a dever a uma simples troca de cumprimento matinal ou de outro período do dia. No entanto com certas pessoas é muito fácil estabelecer automaticamente uma relação afetuosa e foi isso que aconteceu. Todos nós em minha casa nutrimos um carinho especial por ele e pela sua família. Já faz alguns uns anos quando convidou a mim e aos meus filhos para conhecermos a sua coleção privada de fósseis e com a mestria de um professor foi-nos explicando a origem e o nome de cada vestígio do passado. Não saímos da sua casa sem que antes ele tivesse presenteado a minha filha adolescente com alguns dos fosseis sobrantes da sua vasta coleção. Os fósseis foram guardados cuidadosamente até hoje numa caixa de madeira de modo a preservar a integridade do achado. Noutra ocasião chamou-me para me oferecer um pequeno Dragoeiro. Depois de este ter passado uma temporada num vaso foi transplantado com sucesso para um canteiro definitivo onde presentemente ostenta um porte maior em altura. Com certeza que haveriam outras pequenas histórias dignas de registo destes seis anos que levo de convívio com este grande homem, contudo, prefiro terminar o texto com o sincero desejo que o professor Lima continue a presentear todos com mais livros os quais considero autênticas ferramentas pedagógicas para quem deseja aprofundar os conhecimentos sobre o vastíssimo património natural que nos rodeia.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Amor incondicional


Para alguém muito especial…
Confesso que tenho tanto medo de te perder... Já alguns dias que olho o teu rosto e comento com outros o quanto envelheceste. O pior é que me habituei a uma imagem e durante anos fui recusando ver os traços no teu rosto cada vez mais profundos. Sabes às vezes isto acontece para nos defendermos da dor da inevitabilidade… a bondade, a melhor característica que te define, continua inalterável ao longo dos tempos. Por tudo isto que acabei de escrever e por muito mais, considero que as  pessoas como tu deviam viver para sempre. Nem tenho a certeza se irás ler este texto, mas isso pouco importa, acho que até me protege devido à minha inabilidade em lidar com algumas emoções. Ainda, para mais palavras como estas, sentidas, carregadas de sentimentos de amor incondicional. Já me perguntava quando iria escrever um texto sobre ti…e, como sempre, tudo acontece, quando tem de acontecer. Definitivamente hoje era o dia… confidencio que esta manhã (bem cedo,  para uma manhã de sábado) o meu filho mais novo decidiu ver um filme infantil em vídeo que retratava muito dos sentimentos que sinto por ti. Imagina tu que até o personagem “Vítor” tinha semelhanças físicas contigo. Mas foram as outras características, aquelas que não se veem, mas que se sentem, que despoletaram a minha vontade de te agradecer por teres estado connosco quando eras necessário. Tenho cada vez mais a certeza que os maiores tesouros da vida não são aqueles que o dinheiro pode oferecer, mas a riqueza de amar e sermos amados! Poderia continuar alongar-me nos elogios porque numa pessoa como tu, é bastante fácil, prefiro, no entanto, finalizar a dedicatória, desejando que continues na nossa vida por muitos e muitos anos!

domingo, 19 de janeiro de 2014

Almoço de domingo

Na minha infância a manhã de domingo tinha um toque de magia. Gostava que os dias da semana corressem para chegar ao fim-de-semana. Lembro-me de fazer planos logo no primeiro dia da semana para que todo o tempo de sábado e domingo fossem bem aproveitados pelas brincadeiras. Quando não tinha companhia para as brincadeiras entretinha-me com qualquer coisa... às vezes, até as molas da roupa ganhavam vida e adquiriam formas de pessoas. Em cima da minha cama de dormir os cobertores eram cuidadosamente moldados com aquilo que eu chamava de carreiros para que as pernas das molas da roupa pudessem passar. E, podia ficar assim, a brincar sozinha, dando asas à imaginação, sem ter a noção das horas a passarem. Mas era sem dúvida o almoço de domingo o que mais me fascinava! Todo aquele ritual que antecedia a hora da refeição. Cada membro da família contribuía para o almoço de domingo com uma determinada tarefa, embora coubesse sempre à mãe a preparação da refeição. Ao domingo a mãe sem ter aquela pressa dos minutos contados da semana, confecionava quase sempre uma iguaria mais elaborada. A magia de uma manhã de domingo aumentava se houvessem convidados para o almoço. Desde que houvesse um significativo número de convidados, o prato escolhido para confecionar, era quase sempre mesmo: o tradicional, cozido à portuguesa! Nem sempre esta escolha agradava ao palato de todas as idades. Eu, a minha irmã e, os primos, quase sempre reclamávamos por um bife com batatas fritas, sem que a iniciativa tivesse muito sucesso. Havia sempre um adulto que nos informava se não “gostássemos” de comer por exemplo a “carne de porco” podíamos comer a carne de vaca ou mesmo o frango cozido que normalmente nos era colocado no prato carinhosamente pelas nossas mães. O ritual da confeção da refeição na cozinha também era agradável de se observar. As cozinheiras iam colocando os ingredientes nos tachos e panelas, enquanto falavam de assuntos que só às mulheres diziam respeito. Os homens arredados das tarefas domésticas aproveitavam o tempo antes do almoço para conversarem quase sempre de futebol. Gostava de assistir à conversa de uns e de outros, até a dado momento ser interrompida pela minha mãe que me incumbia como filha mais velha da tarefa de pôr a mesa, com a ajuda dos irmãos mais novos que ajudavam no que podiam. À hora marcada, muito perto da uma da tarde, dava-se, então, ao início do almoço de domingo, em família, que se prolongava pela tarde fora...