sábado, 25 de janeiro de 2014

Amor incondicional


Para alguém muito especial…
Confesso que tenho tanto medo de te perder... Já alguns dias que olho o teu rosto e comento com outros o quanto envelheceste. O pior é que me habituei a uma imagem e durante anos fui recusando ver os traços no teu rosto cada vez mais profundos. Sabes às vezes isto acontece para nos defendermos da dor da inevitabilidade… a bondade, a melhor característica que te define, continua inalterável ao longo dos tempos. Por tudo isto que acabei de escrever e por muito mais, considero que as  pessoas como tu deviam viver para sempre. Nem tenho a certeza se irás ler este texto, mas isso pouco importa, acho que até me protege devido à minha inabilidade em lidar com algumas emoções. Ainda, para mais palavras como estas, sentidas, carregadas de sentimentos de amor incondicional. Já me perguntava quando iria escrever um texto sobre ti…e, como sempre, tudo acontece, quando tem de acontecer. Definitivamente hoje era o dia… confidencio que esta manhã (bem cedo,  para uma manhã de sábado) o meu filho mais novo decidiu ver um filme infantil em vídeo que retratava muito dos sentimentos que sinto por ti. Imagina tu que até o personagem “Vítor” tinha semelhanças físicas contigo. Mas foram as outras características, aquelas que não se veem, mas que se sentem, que despoletaram a minha vontade de te agradecer por teres estado connosco quando eras necessário. Tenho cada vez mais a certeza que os maiores tesouros da vida não são aqueles que o dinheiro pode oferecer, mas a riqueza de amar e sermos amados! Poderia continuar alongar-me nos elogios porque numa pessoa como tu, é bastante fácil, prefiro, no entanto, finalizar a dedicatória, desejando que continues na nossa vida por muitos e muitos anos!

domingo, 19 de janeiro de 2014

Almoço de domingo

Na minha infância a manhã de domingo tinha um toque de magia. Gostava que os dias da semana corressem para chegar ao fim-de-semana. Lembro-me de fazer planos logo no primeiro dia da semana para que todo o tempo de sábado e domingo fossem bem aproveitados pelas brincadeiras. Quando não tinha companhia para as brincadeiras entretinha-me com qualquer coisa... às vezes, até as molas da roupa ganhavam vida e adquiriam formas de pessoas. Em cima da minha cama de dormir os cobertores eram cuidadosamente moldados com aquilo que eu chamava de carreiros para que as pernas das molas da roupa pudessem passar. E, podia ficar assim, a brincar sozinha, dando asas à imaginação, sem ter a noção das horas a passarem. Mas era sem dúvida o almoço de domingo o que mais me fascinava! Todo aquele ritual que antecedia a hora da refeição. Cada membro da família contribuía para o almoço de domingo com uma determinada tarefa, embora coubesse sempre à mãe a preparação da refeição. Ao domingo a mãe sem ter aquela pressa dos minutos contados da semana, confecionava quase sempre uma iguaria mais elaborada. A magia de uma manhã de domingo aumentava se houvessem convidados para o almoço. Desde que houvesse um significativo número de convidados, o prato escolhido para confecionar, era quase sempre mesmo: o tradicional, cozido à portuguesa! Nem sempre esta escolha agradava ao palato de todas as idades. Eu, a minha irmã e, os primos, quase sempre reclamávamos por um bife com batatas fritas, sem que a iniciativa tivesse muito sucesso. Havia sempre um adulto que nos informava se não “gostássemos” de comer por exemplo a “carne de porco” podíamos comer a carne de vaca ou mesmo o frango cozido que normalmente nos era colocado no prato carinhosamente pelas nossas mães. O ritual da confeção da refeição na cozinha também era agradável de se observar. As cozinheiras iam colocando os ingredientes nos tachos e panelas, enquanto falavam de assuntos que só às mulheres diziam respeito. Os homens arredados das tarefas domésticas aproveitavam o tempo antes do almoço para conversarem quase sempre de futebol. Gostava de assistir à conversa de uns e de outros, até a dado momento ser interrompida pela minha mãe que me incumbia como filha mais velha da tarefa de pôr a mesa, com a ajuda dos irmãos mais novos que ajudavam no que podiam. À hora marcada, muito perto da uma da tarde, dava-se, então, ao início do almoço de domingo, em família, que se prolongava pela tarde fora...