A pessoa que o meu avô desposou e, a quem carinhosamente, chamávamos de tia Micas, acolheu o meu pai em sua casa e, inclusivamente, obrigou, o meu avô Francisco, a perfilhar o filho no registo civil. Desses tempos em Portugal, existem, muitos filhos de pai incógnito, o meu pai não fez parte dessa estatística. Não foram tempos nada fáceis para a minha avó Ana... Reza a história familiar que o seu filho mais novo, o meu tio Diamantino, morreu ainda criança e pouco tempo depois, houve um incêndio que lhes destruiu a habitação, possivelmente, devido ao lume da braseira que lhes servia de aquecimento, estar mal acondicionado. Valeram-lhes, as gentes da terra, que mediante tanto infortúnio, prontamente, lhes providenciaram outro tecto. Estou convencida que a minha avó Ana durante a sua vida, jamais conseguiu ultrapassar o sentimento de abandono por parte do meu avô, e tão pouco, a morte prematura do seu filho mais novo. A minha avó Ana aos vinte e poucos anos, tornou-se uma mulher amarga, deixando de expressar publicamente, os seus sentimentos e as emoções. Em 1964, consigo imaginar o seu sofrimento ao ver o meu pai embarcar num navio que o ia transportar para a guerra do Ultramar, sem a mínima garantia que ele voltasse com vida a Portugal… Tenho que referir que a extrema dedicação ao meu pai, em nada facilitou, a sua a relação com a minha mãe. Foi uma sogra demasiado austera, sem que a minha mãe, merecesse tal tratamento… Como avó, foi tudo aquilo o que eu e a minha irmã poderíamos desejar. Passados tantos anos, pelos meus olhos, rolam todas as lágrimas de saudade, com a sua partida…
sábado, 18 de fevereiro de 2012
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