sábado, 25 de agosto de 2012

Momentos



Ao primeiro toque do despertador, levantou-se, deixou a água do banho a correr e, dirigiu-se à cozinha para preparar o pequeno-almoço. Voltou para o banho, deliciando-se com a água morna que lhe caia sobre a pele, dando uma sensação de proteção. Perpetuou por minutos aquele bem-estar de descontração matinal. Saiu do banho enrolada numa toalha de turco macio, dirigiu-se ao quarto, abriu a janela e os raios de sol invadiram-lhe o espaço, como a desejarem um bom dia. Vestiu uma saia preta e uma camisa de cor azul-marinho, calçou umas sandálias pretas de salto alto e contemplou-se ao espelho, sorrindo, em sinal de aprovação à indumentária escolhida. Sentia que o dia iria começar com energia e entusiasmo. Sentou-se à mesa e misturou o leite com café, trincou a torrada acabada de fazer. Descontraidamente, saboreou a primeira refeição do dia. Passavam poucos minutos das oito horas quando saiu de casa e entrou no automóvel para o emprego. A música acompanhou-a durante o percurso. Quando na rádio surgia uma canção com  letra conhecida, cantarolava, tirando prazer de pequenos nadas. Saudou os colegas que haviam chegado antes dela ao escritório. A sua secretária, tinha uma pilha com papéis que a aguardavam. Iniciou a jornada de trabalho que haveria de se prolongar por oito a dez horas. O trabalho satisfazia-a por completo. A meio da manhã, estava compenetrada nas suas leituras, quando lhe bateram à porta. Diante de si estava, um homem moreno, impecavelmente vestido, dono de uns bonitos olhos verdes. Ela estremeceu, ficou sem reação perante aquele desconhecido. Ambos não esconderam o agrado, daquele momento. Ninguém saberá responder a todos os porquês, descodificar os sentimentos e as emoções, possivelmente, serão mistérios sem respostas. Aparentemente, naquela manhã, o sol, brilhou, intensamente, para ambos...

sábado, 11 de agosto de 2012

O que precisa Portugal para fabricar campeões?





Desde que começaram os Jogos Olímpicos em Londres, a questão primordial que pairava nas mentes dos portugueses, era tentar “adivinhar” quantas medalhas vinham para Portugal? O histórico de medalhas para Portugal é muito baixo. Até 2012, o país conquistou 23 medalhas (quatro de ouro, oito de prata e onze de bronze). Em 25 de Julho, o canal televisivo do Estado, a RTP, dava voz ao Presidente do Comité Olímpico de Portugal, Vicente Moura, que informava à vasta plateia lusa que “a comitiva portuguesa deste ano é a mais bem preparada de sempre”. Hoje, 11/08/2012, com os Jogos Olímpicos quase a terminarem, apetece-me fazer um balanço da prestação dos atletas portugueses. Informo que tive o cuidado antes de começar a escrever este texto de ler alguns artigos sobre o sucesso dos atletas da Jamaica. Os resultados alcançados por estes atletas no atletismo, nomeadamente, nos 100 e 200 metros, impressionam qualquer um. Na prova de velocidade ninguém consegue superar o recorde mundial dos 100 metros masculinos que pertence a Usain Bolt. Na prova de 200 metros, as três medalhas, ouro, prata e bronze, foram direitinhas para os três atletas jamaicanos, (de novo)  Usain Bolt, Yohan Blake e Warren Weir.

*  Contexto Histórico – Jamaica
Afinal, qual o segredo do sucesso do atletismo da Jamaica? Segundo a Wikipédia, “a Jamaica é um pais insular, localizada no mar das Caraíbas (mar do Caribe). Situa-se a cerca 145 quilômetros ao sul de Cuba e a 190 quilômetros a oeste da ilha de Hispaniola (onde se localizam o Haiti e a República  Dominicana. É o terceiro país anglófono mais populoso das  Américas, superada apenas pelos Estados Unidos e Canadá. A sua capital e maior cidade é Kingston.” Ainda, segundo a mesma fonte, este país foi descoberto, inicialmente pela Espanha, no final do século XV, e conquistada pelos ingleses, no último terço do século XVII (1670). Durante o domínio britânico, a Jamaica foi o maior exportador mundial de açucar. Tal feito foi conseguido à custa do trabalho escravo. Seria exatamente, a utilização massiva da mão de obra escrava, que havia de ocasionar inúmeras revoltas, que conduziram  à abolição da escravatura em 1838. Este país organiza-se, politicamente, como uma monarquia parlamentarista e o chefe de estado é o monarca, atualmente, a Rainha Isabel II do Reino Unido. O representante do monarca na Jamaica é o Governador-Geral, que tem como papel a aprovação de leis e outras funções do estado. Feita uma breve contextualização histórica da Jamaica, interessa agora contextualizar Portugal.

*  Contexto Histórico – Portugal



 Recorrendo à mesma fonte, a Wikipédia , informa que “Portugal, oficialmente República Portuguesa, é um país soberano unitário localizado no Sudoeste da Europa, cujo território se situa na zona ocidental da Península Ibérica e em arquipélagos no Atlântico Norte. O território português tem uma área total de 92 090 km², sendo delimitado a norte e leste por Espanha e a sul e oeste pelo oceano Atlântico. O território dentro das fronteiras atuais da República Portuguesa tem sido continuamente povoado desde os tempos pré-históricos: ocupado por celtas, como os galaicos e os lusitanos, foi integrado na República Romana e mais tarde colonizado por povos germânicos, como os suevos e os visigodos, e no século VIII as terras foram conquistadas pelos mouros. Durante a Reconquista cristã foi formado o Condado Portucalense, primeiro como parte do Reino da Galiza e depois integrado no Reino de Leão. Com o estabelecimento do Reino de Portugal em 1139, cuja independência foi reconhecida em 1143, e a estabilização das fronteiras em 1249, Portugal tornou-se o mais antigo Estado-nação da Europa. Nos séculos XV e XVII, como resultado de pioneirismo na Era dos Descobrimentos, Portugal expandiu a influência ocidental e estabeleceu um império que incluía possessões na África, Ásia, Oceânia e América do Sul, tornando-se a potência económica, política e militar mais importante de todo o mundo”. Poderia continuar a descrever os feitos históricos de Portugal, mas, para abreviar palavras, remeto a leitura dos interessados, para outros textos, escritos por mim anteriormente,  “O melhor de Portugal: o povo português!” e, “25 de Abril, Sempre!”

 * O segredo do sucesso do atletismo da Jamaica versus Portugal  




 Aparentemente, Portugal, os portugueses, tinham a História a seu favor, nos seus genes, já deviam estar inscritas características que permitissem fabricar campeões, no entanto,  tal não sucede!  Porquê?
Com esta interrogação sou impelida para analisar o “caso dos atletas da Jamaica”. São muitos os textos que já abordaram a  temática, do sucesso da Jamaica. Retenho, a minha atenção, num artigo produzido por jornalistas brasileiros da 'SporTV Repórter', que se deslocaram ao terreno para analisarem a questão. Começam por dar conta que existe uma cultura na Jamaica virada para o desporto e, em particular para o atletismo. Desde muito novas as crianças jamaicanas, através das suas escolas, praticam com bastante assiduidade desporto. Defendem com apego o nome das suas escolas, nas várias competições desportivas pelo país fora. O país proporciona condições para os alunos treinarem. Desde muito cedo os jovens atletas, habituam-se a lidar com a pressão da competição. Gostei, em particular, do comentário de Shelly-Ann Fraser, medalha de ouro nos 100m nas Olimpíadas de Pequim-2008:
“O importante não é vencer sempre, é sim participar e auxiliar na jornada, ajudar as pessoas a sentir que elas têm um lugar no mundo. Nos fortalecemos e podemos ajudar os outros a subir na vida.” Sintetiza muito do espirito que une os jamaicanos. Nem todos os jamaicanos que praticam desporto se tornam profissionais. No entanto, a ambição de ser o "novo” campeão está na mente de todos os praticantes. Atualmente, o país proporciona condições favoráveis para os seus campeões ficarem em casa, sem haver necessidade de emigrem para outros países para poderem treinar ao mais alto nível. A questão primordial da Jamaica é assegurar a linhagem de campeões. Ora, assim, a receita do sucesso, até parece fácil: uma atitude mental forte por parte dos atletas, com uma vontade imensa de ganhar, aliada a horas de treino intensivo que favorecem a condição física e no fim o reconhecimento deste esforço por parte dos seus conterrâneos, que os consagram em heróis nacionais. A meu ver o maior segredo, resume-se na atitude: eu quero, com o esforço do meu trabalho, eu consigo ganhar. Em prova, o esforço despendido durante os treinos tem a sua glória, com o recebimento da medalha no pódio. Voltemo-nos agora para o caso de Portugal. Verifica-se, pelos resultados obtidos em Londres 2012, que ainda não foi desta, que conseguimos inscrever o nome de Portugal na História dos Jogos Olímpicos. Não tenho a mínima dúvida que os atletas portugueses fizeram tudo ao seu alcance para conseguirem o melhor resultado. Infelizmente, o maior esforço individual, não é por si suficiente, quando se compete com campeões!

Sugestões:

Os atletas portugueses ainda têm um longo caminho a percorrer. Apetece-me escrever que o  excesso de mediatismo não favorece os nossos atletas. Na minha opinião têm que haver um forte investimento de base que fortaleça a mentalidade daqueles que nos representam. A par das características físicas, que cada modalidade elege para os seus protagonistas, tem que se cultivar a par do trabalho fisico, uma vontade ganhadora. Portugal, é um país moderno (não gosto de utilizar a palavra desenvolvido, porque implica ter ultrapassado muitos processos, e no caso português, continuamos a caminho), possuidor de modernas instalações para a prática de diversos desportos, portanto não é por aqui, que se podem atribuir culpas à falta de incentivos estatais ao desporto. É bom relembrar que nos últimos vinte anos foram despendidos muitos milhares de euros para a construção de piscinas, pistas de atletismo e pavilhões gimnodesportivos por todo o território. Sobejamente, Portugal é conhecido por possuir condições climatéricas muito favoráveis para a prática de múltiplos desportos. Considero que a principal tónica, para se ”fabricar” campeões, reside na atitude mental de cada atleta, ao encarar cada prova, cada desafio que tem pela frente. Portugal, em Londres 2012, ganhou uma medalha de prata, na canoagem. Emanuel Silva e Fernando Pimenta canoístas portugueses alcançaram o 2º lugar na prova de K2, 1000 metros, disputada no lago Eton, com o tempo de 3m09s699, ficando muito perto do ouro, arrecadado pela dupla húngara com o tempo (3m09s646).

Tive a felicidade de vibrar com a transmissão em direto da prova. Como portuguesa aplaudi de pé, o esforço, a sua atitude durante a prova. No entanto, não gostei de ouvir as declarações prestadas pelos atletas após a vitória, nas palavras transpareceram que o feito conseguido, foi um pouco  “sorte do acaso". Aliás, este "acaso" foi, também, realçado nas declarações do atleta Nelson Évora, campeão do triplo salto em Pequim 2008, referindo-se, aos dois canoístas, disse algo, parecido com isto: “que compreendia muito bem o que eles haviam sentido quando subiram ao pódio e se entreolharam, como estivessem a perguntar: o que é que estavam ali a fazer? - parecia um sonho!” Fiquei perplexa com estas declarações e, sem qualquer demérito, para os feitos conseguidos quer pelo Emanuel Silva e Fernando Pimenta ou pelo Nélson Évora, que não competiu em Londres devido a lesão, afirmo que não pode ser esta, a atitude dos campeões! Obviamente, que a modéstia ou a simplicidade podem ficar bem, quando estiver em análise, um retrato individual da pessoa, mas, nunca num retrato de um campeão, que representa toda uma Nação! Preferia ter escutado, “eles estão ali, porque sabiam que ali era o seu lugar por direito, eles trabalharam arduamente para o conseguir”! Gostei muito da atitude de Clarisse Cruz, a atleta caiu quando liderava a prova dos 3.000 m obstáculos, levantou-se e terminou na quinta posição, qualificando-se para a final.


 Este é o espirito que se pretende num campeão conjugado com características físicas impares para a modalidade. Uma sugestão para os próximos jogos que irão se realizar no Rio de Janeiro em 2016, que o Comité Olímpico, reveja, muito bem os critérios para escolha daqueles que irão integrar a comitiva portuguesa. Não basta dizer que vão fazer o melhor que conseguirem, têm que se transcender, têm que elevar o nome de Portugal ao nível dos melhores. A receita? Trabalho, muito trabalho e, principalmente, uma atitude mental, muito forte! Não tragam diplomas, transportem medalhas, a Nação portuguesa agradecerá a todos, muito!


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Caixa de Pandora




Decidi num final de tarde beber uma água fresca,  junto à beira-mar e, olhar o horizonte, descontraidamente. A quietude da esplanada envolvia os meus pensamentos com a cadência das ondas do mar, que vinham e iam, sobre o areal da praia. Por momentos os meus olhos fecharam-se e o baloiçar das ondas transformou-se numa suave melodia para os meus ouvidos. A tranquilidade do local foi quebrada com a chegada de um grupo de jovens que procuravam uma mesa para se acomodarem. As suas vozes, os risos o arrastar das cadeiras, foram suficientes para atrair sobre o grupo os olhares das demais pessoas. Olhei-os de soslaio, quase num olhar reprovador pelo alarido causado. Haviam conseguido perturbar a calma, o sossego daquele espaço. Tentei de novo sintonizar-me à frequência inicial, sol, ondas, praia. Estava a conseguir de novo ser absorvida pela beleza do local quando sou de novo perturbada por um olhar que absorvia os meus movimentos. Direcionei o meu olhar para a mesa dos jovens, no sentido de descobrir o autor da intromissão. Lá estava ele, um rapaz moreno, magro, vestido de modo descontraído, com calções e t-shirt, que me fixava, enquanto, saboreava a bebida. Sorriu-me quando percebeu que os nossos olhares se cruzaram. Espontaneamente, devolvi-lhe o sorriso, arrepiando-me pela estupefação do meu ato. Por um instante achei que conhecia aquele rapaz. Procurarei em velocidade aceder ao meu arquivo mental, sobre a possibilidade de anteriormente, ter-me cruzado com aquela pessoa. Vasculhei as memórias de pessoas e lugares, sem qualquer resultado que pudesse corroborar a hipótese. Aquele rapaz que aparentava ter a minha idade parecia-me, no entanto, familiar. Digo, mesmo, senti-me atraída por aquele desconhecido. Decidi terminar a minha permanência na esplanada e levantei-me para abandonar o local. Um último olhar e sem dizer palavra, voltei a examinar o jovem desconhecido que, também, me acompanhou com os olhos até à saída. Que situação bizarra, pensei, para comigo. Em, algumas, ocasiões, teria considerado constrangedor alguém fixar-me daquela forma e não desviar o olhar, mas, não consegui associar qualquer sentimento de reprovação… havia, qualquer coisa, de empolgante na situação e, que mutuamente nos atraia. Entrei no automóvel e dirigi-me a casa, pelo caminho os meus pensamentos foram desviados em outras direções. O Verão estava a terminar e o Outono começava a anunciar-se com temperaturas mais baixas. As árvores começaram aos poucos a despirem-se das folhas e a colorirem a paisagem como de tapetes se tratassem. Decidi ajudar a avó nas limpezas de final de Verão. Adoro a minha avó! Ao longo dos tempos ela soube atualizar os gostos de acordo com as épocas e as conversas que mantém com os netos são preciosos ensinamentos. Numa palavra, a minha avó simboliza a âncora da família! Tal como para os marinheiros, a minha avó corporiza a segurança, um abrigo seguro, o caminho de volta para casa. Decidimos lavar os tapetes e os cortinados. Retiramos imensas bugigangas dos móveis. As memórias de mais de cinquenta anos andavam à solta por toda a casa. A avó pediu-me para levar umas caixas com livros ao sótão. Subi as escadas, abri a porta e entrei na divisão onde estão depositadas as quinquilharias de anos e anos. Simultaneamente, o sótão é um local de arrumações e, para os netos, representa aquele local mágico, que foi palco de inúmeras brincadeiras em criança. Empilhei sobre outras, as duas caixas que transportava comigo. Lancei um olhar a toda a divisão e o meu olhar foi de imediato atraído para os objetos que se encontravam sob a velha secretária encostada à parede. Dirigi-me até ela e abri uma pequena caixa de madeira que continha alguma correspondência e um envelope com fotografias. Abri o envelope e verifiquei que se tratavam de fotografias muito antigas, o que aguçou a minha curiosidade. A maior parte das pessoas fotografadas eu não conhecia, mas, seguramente, eram amigos da minha avó. Como seria de esperar lá estava ela, no auge da sua beleza, com os seus olhos azuis muito brilhantes que parecem estrelas a cintilar. Visualizei as fotografias uma por uma, até me deter numa em particular, onde estava a minha avó junto a um rapaz em clima de grande cumplicidade. Naquela fotografia, com mais de sessenta anos, pareceu-me ver o rapaz que há menos de um mês, tinha visto numa esplanada, junto à praia. Fiquei incrédula, como seria possível? Os meus pensamentos retrocederam de novo para aquele final de tarde de Verão, onde o meu clima de sossego, havia sido perturbado, primeiramente, pela chegada de um grupo de jovens e, seguidamente, pelo olhar pouco discreto de um deles que não tirava a vista de cima de mim. Claro, que eu soube de imediato que o jovem que eu tinha visto não se tratava da mesma pessoa que estava na foto. Mas, efetivamente, eram a fotocópia um do outro. Diametralmente, alguém que estivesse a visualizar a mesma cena, também, chegaria, à conclusão que eu e a minha avó somos a fotocópia uma da outra. Voltando à fotografia, seria este rapaz um antigo namorado da minha avó? Na fotografia eles pareciam muito felizes… O que teria acontecido no passado para terem rompido? Nas memórias de família consta que o meu avô foi o grande amor da vida da minha avó e disso é prova a união de ambos com cinquenta anos! No entanto, a minha curiosidade tinha-me conduzido até à caixa de pandora da minha avó. Por vezes o destino, parece querer dar vida às histórias de amores perdidos. Estaríamos, eu e aquele jovem da esplanada, destinados a encontrar-nos de novo, para dar continuidade a um projeto, interrompido há sessenta anos atrás? Saberia aquele jovem que é neto ou parente de um antigo amor da minha avó? Decidi não contar a ninguém as recentes descobertas. Se for vontade do destino um dia terei oportunidade de fazer a ponte entre o passado e o presente e descobrir os pormenores do jardim secreto da minha avó…

sábado, 4 de agosto de 2012

Uma luz no fundo do túnel





As recordações boas são para serem lembradas com um sorriso nos lábios, sem perder a consciência do que foi, não volta a ser. Um dos muitos segredos para ultrapassarmos estados de alma negativos é fazermos sempre planos para o futuro e nunca deixarmos de ter confiança em nós próprios. A vida tem obstáculos, mas cabe-nos a nós arranjarmos formas de ultrapassá-los. Nunca, por nunca, devemos ficar agarrados ao passado, porque isso condiciona o presente e não nos permite visualizar o futuro com esperança! Nenhuma destas estratégias são realizadas sem esforço e sem a vontade de querermos mudar. Algumas coisas más que nos acontecem na vida, são devido ao facto, de mentalmente estarmos permeáveis à receção dessas energias negativas. Pessoalmente, tento todos os dias colocar em prática uma atitude positiva perante a vida. A verdade é esta, se não gostarmos de nós próprios, quem gostará? Tudo na vida são aprendizagens! Apenas não desanimando perante os obstáculos podemos ajudar os outros. Uma amiga minha descobriu que a sua filha de 4 anos era autista. Depois de escutar atentamente o seu desânimo, informei-a que a filha mais do que nunca, precisa dela forte! Informei-a que a podia colocar em contacto com outra amiga, que tem um filho que, também, é autista, com mesma idade da filha dela. Expliquei-lhe que existem grupos de ajuda que arranjam estratégias conjuntas para minimizarem os problemas com os filhos. Ao frequentar estes grupos de ajuda, passamos a ter noção, que afinal o nosso problema, não é um caso isolado, antes pelo contrário, existem muitos pais com o mesmo tipo de dificuldade. Passamos a ter a noção que estes meninos e meninas, afinal, são muito especiais e, desenvolvem, capacidades incríveis que outras crianças ditas normais não as têm. Acredito que para todas as situações há sempre uma luz no fundo do túnel. O primeiro passo para ultrapassarmos o desânimo, que por vezes sentimos, passa por procurarmos um ombro amigo. A pessoa amiga, provavelmente, mostrar-nos-á um caminho de muitos que estão à nossa frente. Estou convicta, que "depois da tempestade há sempre a bonança" e estamos prontos a ajudar outras pessoas a superarem as mesmas dificuldades. O meu lema de vida é: eu posso, eu consigo!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Nós e os Outros

Ontem, entrei de férias e porque saí mais tarde do trabalho, não consegui despedir-me do sem-abrigo da Rua Artilharia 1, em Lisboa! Este homem, de meia-idade, encontrou “casa” na entrada de um prédio. Desde há alguns meses que observo a sua rotina. Às vezes quando passo e não o vejo preocupo-me, com receio que lhe tenha acontecido alguma coisa. Descanso no dia seguinte, quando por volta das 19:00 ele já lá está, deitado na sua almofada, enrolado no seu cobertor. Às sete da tarde, no Verão, o sol ainda lhe bate nos olhos, as estrelas chegarão, mais tarde, para iluminar o teto do lar e servirem-lhe de companhia. Não consigo atribuir-lhe uma idade. Vejo que já não é um homem novo, mas não é velho. As suas barbas brancas, não são sinal de sabedoria, são infelizmente, marcas de alguém que não acredita em melhores dias. Bem sei, que este homem é um dos muitos que estão à margem da nossa sociedade. Aos poucos habituamo-nos a “achar normal” que estas pessoas coabitem connosco. Repudio esta ideia de organização social, todos nós sem exceção, com mais ou menos responsabilidades, podemos fazer mais e melhor para aliviar o sofrimento dos nossos semelhantes. Este homem sobre quem desconheço quase tudo, não me é indiferente, não gosto de pensar que a rua seja  o lugar de alguém até ao fim dos dias. Como, pessoa, aflige-me, que outros semelhantes, possam andar nas ruas de um lado para o outro, até encontrarem abrigo numa esquina de um prédio! Da minha parte, quando regressar ao trabalho, vou sair duas paragens antes do meu destino e levar-lhe alguma comida e algumas palavras de conforto. Acredito que na passagem pela vida, temos que dar significado aos nossos atos diários. O somatório das nossas ações diárias será o balanço de toda a trajetória. Eu desejo que o meu saldo seja muito positivo!