sábado, 11 de agosto de 2012

O que precisa Portugal para fabricar campeões?





Desde que começaram os Jogos Olímpicos em Londres, a questão primordial que pairava nas mentes dos portugueses, era tentar “adivinhar” quantas medalhas vinham para Portugal? O histórico de medalhas para Portugal é muito baixo. Até 2012, o país conquistou 23 medalhas (quatro de ouro, oito de prata e onze de bronze). Em 25 de Julho, o canal televisivo do Estado, a RTP, dava voz ao Presidente do Comité Olímpico de Portugal, Vicente Moura, que informava à vasta plateia lusa que “a comitiva portuguesa deste ano é a mais bem preparada de sempre”. Hoje, 11/08/2012, com os Jogos Olímpicos quase a terminarem, apetece-me fazer um balanço da prestação dos atletas portugueses. Informo que tive o cuidado antes de começar a escrever este texto de ler alguns artigos sobre o sucesso dos atletas da Jamaica. Os resultados alcançados por estes atletas no atletismo, nomeadamente, nos 100 e 200 metros, impressionam qualquer um. Na prova de velocidade ninguém consegue superar o recorde mundial dos 100 metros masculinos que pertence a Usain Bolt. Na prova de 200 metros, as três medalhas, ouro, prata e bronze, foram direitinhas para os três atletas jamaicanos, (de novo)  Usain Bolt, Yohan Blake e Warren Weir.

*  Contexto Histórico – Jamaica
Afinal, qual o segredo do sucesso do atletismo da Jamaica? Segundo a Wikipédia, “a Jamaica é um pais insular, localizada no mar das Caraíbas (mar do Caribe). Situa-se a cerca 145 quilômetros ao sul de Cuba e a 190 quilômetros a oeste da ilha de Hispaniola (onde se localizam o Haiti e a República  Dominicana. É o terceiro país anglófono mais populoso das  Américas, superada apenas pelos Estados Unidos e Canadá. A sua capital e maior cidade é Kingston.” Ainda, segundo a mesma fonte, este país foi descoberto, inicialmente pela Espanha, no final do século XV, e conquistada pelos ingleses, no último terço do século XVII (1670). Durante o domínio britânico, a Jamaica foi o maior exportador mundial de açucar. Tal feito foi conseguido à custa do trabalho escravo. Seria exatamente, a utilização massiva da mão de obra escrava, que havia de ocasionar inúmeras revoltas, que conduziram  à abolição da escravatura em 1838. Este país organiza-se, politicamente, como uma monarquia parlamentarista e o chefe de estado é o monarca, atualmente, a Rainha Isabel II do Reino Unido. O representante do monarca na Jamaica é o Governador-Geral, que tem como papel a aprovação de leis e outras funções do estado. Feita uma breve contextualização histórica da Jamaica, interessa agora contextualizar Portugal.

*  Contexto Histórico – Portugal



 Recorrendo à mesma fonte, a Wikipédia , informa que “Portugal, oficialmente República Portuguesa, é um país soberano unitário localizado no Sudoeste da Europa, cujo território se situa na zona ocidental da Península Ibérica e em arquipélagos no Atlântico Norte. O território português tem uma área total de 92 090 km², sendo delimitado a norte e leste por Espanha e a sul e oeste pelo oceano Atlântico. O território dentro das fronteiras atuais da República Portuguesa tem sido continuamente povoado desde os tempos pré-históricos: ocupado por celtas, como os galaicos e os lusitanos, foi integrado na República Romana e mais tarde colonizado por povos germânicos, como os suevos e os visigodos, e no século VIII as terras foram conquistadas pelos mouros. Durante a Reconquista cristã foi formado o Condado Portucalense, primeiro como parte do Reino da Galiza e depois integrado no Reino de Leão. Com o estabelecimento do Reino de Portugal em 1139, cuja independência foi reconhecida em 1143, e a estabilização das fronteiras em 1249, Portugal tornou-se o mais antigo Estado-nação da Europa. Nos séculos XV e XVII, como resultado de pioneirismo na Era dos Descobrimentos, Portugal expandiu a influência ocidental e estabeleceu um império que incluía possessões na África, Ásia, Oceânia e América do Sul, tornando-se a potência económica, política e militar mais importante de todo o mundo”. Poderia continuar a descrever os feitos históricos de Portugal, mas, para abreviar palavras, remeto a leitura dos interessados, para outros textos, escritos por mim anteriormente,  “O melhor de Portugal: o povo português!” e, “25 de Abril, Sempre!”

 * O segredo do sucesso do atletismo da Jamaica versus Portugal  




 Aparentemente, Portugal, os portugueses, tinham a História a seu favor, nos seus genes, já deviam estar inscritas características que permitissem fabricar campeões, no entanto,  tal não sucede!  Porquê?
Com esta interrogação sou impelida para analisar o “caso dos atletas da Jamaica”. São muitos os textos que já abordaram a  temática, do sucesso da Jamaica. Retenho, a minha atenção, num artigo produzido por jornalistas brasileiros da 'SporTV Repórter', que se deslocaram ao terreno para analisarem a questão. Começam por dar conta que existe uma cultura na Jamaica virada para o desporto e, em particular para o atletismo. Desde muito novas as crianças jamaicanas, através das suas escolas, praticam com bastante assiduidade desporto. Defendem com apego o nome das suas escolas, nas várias competições desportivas pelo país fora. O país proporciona condições para os alunos treinarem. Desde muito cedo os jovens atletas, habituam-se a lidar com a pressão da competição. Gostei, em particular, do comentário de Shelly-Ann Fraser, medalha de ouro nos 100m nas Olimpíadas de Pequim-2008:
“O importante não é vencer sempre, é sim participar e auxiliar na jornada, ajudar as pessoas a sentir que elas têm um lugar no mundo. Nos fortalecemos e podemos ajudar os outros a subir na vida.” Sintetiza muito do espirito que une os jamaicanos. Nem todos os jamaicanos que praticam desporto se tornam profissionais. No entanto, a ambição de ser o "novo” campeão está na mente de todos os praticantes. Atualmente, o país proporciona condições favoráveis para os seus campeões ficarem em casa, sem haver necessidade de emigrem para outros países para poderem treinar ao mais alto nível. A questão primordial da Jamaica é assegurar a linhagem de campeões. Ora, assim, a receita do sucesso, até parece fácil: uma atitude mental forte por parte dos atletas, com uma vontade imensa de ganhar, aliada a horas de treino intensivo que favorecem a condição física e no fim o reconhecimento deste esforço por parte dos seus conterrâneos, que os consagram em heróis nacionais. A meu ver o maior segredo, resume-se na atitude: eu quero, com o esforço do meu trabalho, eu consigo ganhar. Em prova, o esforço despendido durante os treinos tem a sua glória, com o recebimento da medalha no pódio. Voltemo-nos agora para o caso de Portugal. Verifica-se, pelos resultados obtidos em Londres 2012, que ainda não foi desta, que conseguimos inscrever o nome de Portugal na História dos Jogos Olímpicos. Não tenho a mínima dúvida que os atletas portugueses fizeram tudo ao seu alcance para conseguirem o melhor resultado. Infelizmente, o maior esforço individual, não é por si suficiente, quando se compete com campeões!

Sugestões:

Os atletas portugueses ainda têm um longo caminho a percorrer. Apetece-me escrever que o  excesso de mediatismo não favorece os nossos atletas. Na minha opinião têm que haver um forte investimento de base que fortaleça a mentalidade daqueles que nos representam. A par das características físicas, que cada modalidade elege para os seus protagonistas, tem que se cultivar a par do trabalho fisico, uma vontade ganhadora. Portugal, é um país moderno (não gosto de utilizar a palavra desenvolvido, porque implica ter ultrapassado muitos processos, e no caso português, continuamos a caminho), possuidor de modernas instalações para a prática de diversos desportos, portanto não é por aqui, que se podem atribuir culpas à falta de incentivos estatais ao desporto. É bom relembrar que nos últimos vinte anos foram despendidos muitos milhares de euros para a construção de piscinas, pistas de atletismo e pavilhões gimnodesportivos por todo o território. Sobejamente, Portugal é conhecido por possuir condições climatéricas muito favoráveis para a prática de múltiplos desportos. Considero que a principal tónica, para se ”fabricar” campeões, reside na atitude mental de cada atleta, ao encarar cada prova, cada desafio que tem pela frente. Portugal, em Londres 2012, ganhou uma medalha de prata, na canoagem. Emanuel Silva e Fernando Pimenta canoístas portugueses alcançaram o 2º lugar na prova de K2, 1000 metros, disputada no lago Eton, com o tempo de 3m09s699, ficando muito perto do ouro, arrecadado pela dupla húngara com o tempo (3m09s646).

Tive a felicidade de vibrar com a transmissão em direto da prova. Como portuguesa aplaudi de pé, o esforço, a sua atitude durante a prova. No entanto, não gostei de ouvir as declarações prestadas pelos atletas após a vitória, nas palavras transpareceram que o feito conseguido, foi um pouco  “sorte do acaso". Aliás, este "acaso" foi, também, realçado nas declarações do atleta Nelson Évora, campeão do triplo salto em Pequim 2008, referindo-se, aos dois canoístas, disse algo, parecido com isto: “que compreendia muito bem o que eles haviam sentido quando subiram ao pódio e se entreolharam, como estivessem a perguntar: o que é que estavam ali a fazer? - parecia um sonho!” Fiquei perplexa com estas declarações e, sem qualquer demérito, para os feitos conseguidos quer pelo Emanuel Silva e Fernando Pimenta ou pelo Nélson Évora, que não competiu em Londres devido a lesão, afirmo que não pode ser esta, a atitude dos campeões! Obviamente, que a modéstia ou a simplicidade podem ficar bem, quando estiver em análise, um retrato individual da pessoa, mas, nunca num retrato de um campeão, que representa toda uma Nação! Preferia ter escutado, “eles estão ali, porque sabiam que ali era o seu lugar por direito, eles trabalharam arduamente para o conseguir”! Gostei muito da atitude de Clarisse Cruz, a atleta caiu quando liderava a prova dos 3.000 m obstáculos, levantou-se e terminou na quinta posição, qualificando-se para a final.


 Este é o espirito que se pretende num campeão conjugado com características físicas impares para a modalidade. Uma sugestão para os próximos jogos que irão se realizar no Rio de Janeiro em 2016, que o Comité Olímpico, reveja, muito bem os critérios para escolha daqueles que irão integrar a comitiva portuguesa. Não basta dizer que vão fazer o melhor que conseguirem, têm que se transcender, têm que elevar o nome de Portugal ao nível dos melhores. A receita? Trabalho, muito trabalho e, principalmente, uma atitude mental, muito forte! Não tragam diplomas, transportem medalhas, a Nação portuguesa agradecerá a todos, muito!


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