sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Nós e os Outros

Ontem, entrei de férias e porque saí mais tarde do trabalho, não consegui despedir-me do sem-abrigo da Rua Artilharia 1, em Lisboa! Este homem, de meia-idade, encontrou “casa” na entrada de um prédio. Desde há alguns meses que observo a sua rotina. Às vezes quando passo e não o vejo preocupo-me, com receio que lhe tenha acontecido alguma coisa. Descanso no dia seguinte, quando por volta das 19:00 ele já lá está, deitado na sua almofada, enrolado no seu cobertor. Às sete da tarde, no Verão, o sol ainda lhe bate nos olhos, as estrelas chegarão, mais tarde, para iluminar o teto do lar e servirem-lhe de companhia. Não consigo atribuir-lhe uma idade. Vejo que já não é um homem novo, mas não é velho. As suas barbas brancas, não são sinal de sabedoria, são infelizmente, marcas de alguém que não acredita em melhores dias. Bem sei, que este homem é um dos muitos que estão à margem da nossa sociedade. Aos poucos habituamo-nos a “achar normal” que estas pessoas coabitem connosco. Repudio esta ideia de organização social, todos nós sem exceção, com mais ou menos responsabilidades, podemos fazer mais e melhor para aliviar o sofrimento dos nossos semelhantes. Este homem sobre quem desconheço quase tudo, não me é indiferente, não gosto de pensar que a rua seja  o lugar de alguém até ao fim dos dias. Como, pessoa, aflige-me, que outros semelhantes, possam andar nas ruas de um lado para o outro, até encontrarem abrigo numa esquina de um prédio! Da minha parte, quando regressar ao trabalho, vou sair duas paragens antes do meu destino e levar-lhe alguma comida e algumas palavras de conforto. Acredito que na passagem pela vida, temos que dar significado aos nossos atos diários. O somatório das nossas ações diárias será o balanço de toda a trajetória. Eu desejo que o meu saldo seja muito positivo!

2 comentários:

  1. Bom dia,
    Infelizmente esta é a sociedade que todos "nós" criámos, sem excepção, não vale a pena, retirarmos a nossa culpa deste tipo de situações, nem que seja, pela passividade como todos encaramos estes actos, somos também responsáveis. Os políticos, com uma dose acrescidade de responsabilidade, só aparecem nas eleições, prometendo "mundos e fundos" por um voto, que apenas acalenta o seu interior, de uma vida melhor, mas apenas para ele e família e talvez meia dúzia de amigos, mais chegados e nós votamos, a troco de promessas vãs e enganados, como sempre. Já é altura de dizer basta, de correr com toda esta escumalha, que se apoia no povo para maltratar o povo, e a estupidez é enorme, porque caímos quase sempre no mesmo...é tempo de dizer BASTA.

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  2. Bom Dia Alexandre, estou completamente de acordo com as tuas palavras. Cada um de nós deve fazer o que está ao seu alcance para intervir em prol daqueles que por circunstâncias várias, não conseguem fazer por meios próprios. Os politicos, têm um dever acrescido, são estes senhores que são mandatados para gerirem as necessidades sociais e a distribuição do erário público. Há muito que se fala em ajudar, mas continuamos de dia para dia a ver pessoas a cairem na margem da sociedade. É hora de todos os cidadãos dizerem BASTA!

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