sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A Travessia


 «Em busca de uma segunda oportunidade, Anthony fará uma jornada de redenção e encontro com o seu verdadeiro ser. A Travessia de WM. PAUL YOUNG»

Todos temos muralhas que crescem no nosso interior! Cabe a cada um de nós tratar do terreno interior para que seja fértil e, permita nele existir, ao invés de muralhas, um lindo jardim! As muralhas a que me refiro foram magistralmente descritas no livro “A Travessia” de WM. Paul Young. Possivelmente, este foi um dos melhores livros que li! Terminei, hoje, 27 de dezembro de 2013, a leitura das 300 páginas com lágrimas a escorrem-me dos olhos sem que as pudesse evitar. Ao mesmo tempo fui invadida por um turbilhão de sentimentos que foram desde a alegria até à saudade. Já é longa a mania de escrever na contracapa ou nas páginas sobrantes dos livros que leio. Este exercício permite-me guardar para memória futura um comentário ou desabafo sobre a leitura finda. Possivelmente esta é uma das razões para não emprestar os livros a outras pessoas, por conterem aspetos íntimos da minha alma, que não desejo partilhar. Porém, desta vez, contrariando o habitual, nada escrevi! Preferi partilhar as palavras iluminadas deste autor (não o conhecia). Confidencio, também, que, possivelmente, dada a riqueza da mensagem, voltarei a reler o livro, de modo a compreender melhor alguns dos ensinamentos. Sublinhei  algumas frases que a mim me pareceram dirigidas. Desde o início da leitura considerei que o autor só podia ter escrito todas aquelas palavras se estivesse em Comunhão com Deus. É incrível o fio condutor da história, a forma como o autor articula as frases entre capítulos, prendendo a atenção do leitor desde o início até final do livro. Realmente existem pessoas raras com o propósito de guiarem outras almas perante as encruzilhadas terrenas. Durante a leitura do livro foram inúmeras as vezes que me senti esmagada com a força das palavras de WM. Paul Young. A leitura foi demorada, foi realizada aos “pedacinhos”, entre viagens de transportes públicos casa-trabalho. Houve alturas durante a leitura, refira-se com esforço, reprimi algumas das emoções que sentia em determinadas passagens do livro. O estado de espirito ia variando de acordo com ação das personagens entre a alegria, tristeza, esperança, arrependimento e a redenção. Mas o que importa ressalvar é a mensagem de Amor que o autor transmite e, enaltecer o poder da Oração que norteia toda a narrativa. Podia fazer inúmeras citações das palavras que me tocaram, no entanto, muito do que atrás escrevi, poder-se-á resumir nestas frases: « – A confiança implica riscos, (…), e há sempre riscos nas relações. Mas sabes uma coisa? Sem as relações entre pessoas, o mundo não faria sentido. Algumas relações são mais complicadas do que outras, algumas duram pouco, outras são difíceis e poucas são fáceis, mas todas são importantes. » - Aconselho a leitura!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Sociedade de Contrastes


Tenho dificuldade em imaginar a sociedade portuguesa dentro de vinte anos! A taxa de natalidade em Portugal era, em 2011, a quarta mais baixa da União Europeia, com 1,35 nados-vivos e, em 2013 o declínio de nascimentos continua a acentuar-se. Estamos perante uma sociedade muito doente e aparentemente nada se faz de concreto para travar este hediondo flagelo. As explicações para compreender os contrastes sociais residem na própria organização da sociedade! Numa sociedade moderna somos todos definidos pelo trabalho. Não podia no meu entender estar mais atual a Teoria de Karl Mark sobre o “Capitalismo”. A relação entre as classes é sempre uma relação conflituosa, por ser desigual. Ele chamou o Capitalismo de "ditadura da burguesia", executada pelas classes ricas para o seu próprio benefício. O proprietário dos meios de produção é quem define o tempo, o ritmo e o valor do trabalho do trabalhador, que por sua vez é dono apenas da sua força de trabalho. Analisemos as condições de vida de muitos portugueses: qual o rendimento escolar de muitas crianças que chegam às escolas sem refeições?! Como podem muitos dos jovens constituírem família e, consequentemente, terem filhos quando a sociedade onde nasceram lhes veda a possibilidade de conseguir trabalho?! Diametralmente, qual a esperança que se pode transmitir a um adulto, que em virtude das muitas falências/insolvências, procura trabalho a partir dos quarenta anos?! Quais as condições de trabalho adotadas por muitas empresas quando têm a consciência que existe uma percentagem de assalariados disponíveis para ocuparem os postos de trabalho?! Salário mínimo para trabalho máximo! Portugal está a deixar sem futuro a geração mais qualificada de sempre! De acordo com o sociólogo João Teixeira Lopes a existência de jovens licenciados ao emigram para França para escaparem à precariedade deve-se à  sua «invisibilidade perante as instituições e perante a diplomacia». «Na verdade [estes jovens] significam, em muitos casos, competências, talentos, capital humano que está neste momento a ser exportado pelo país.» São vários os estudos que apontam que o fosso entre os mais ricos e os mais pobres é acentuado, a desigualdade de rendimentos familiares e salariais, faz com que Portugal seja "um dos países mais desiguais da Europa". A tomada de consciência sobre a problemática das “desigualdades sociais” é o primeiro passo para que todos os portugueses possam exigir sobre os responsáveis económicos, políticos e sociais medidas efetivas para inverter o estado de situação a que chegamos. Os meus votos para 2014 passam por Acreditar que o futuro de Portugal está nas mãos de cada um de nós e, nas ações coletivas que possamos empreender para exigir uma sociedade mais justa!

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Nas Tuas mãos

Dou por mal empregue o tempo ocupado pelo meu pensamento para estruturar frases sobre o que havia de escrever nesta data. Ensaiei por algumas vezes a combinação «certa» de frases cujas palavras descrevessem  os  sentimentos que pairavam na mente. Em alguns dias consegui expressar em outros textos o que sentia no momento. O livro da vida é composto por múltiplos capítulos, alguns já escritos, outros cujas páginas em branco aguardam palavras de uma história (quase sempre) diferente do plano inicialmente traçado. A conclusão a que chego é que tudo o que vem até nós vem no tempo certo. Nas páginas do livro pessoal que leva mais de quatro décadas  apenas tenho o conforto de saber que jamais desvirtuei o sentido das palavras, escrevi o que era verdadeiro mesmo quando a inspiração ou o rumo dos acontecimentos pareciam fugir de mim. Afinal, aqui, estou eu, no dia por que tanto ansiei, fazendo uma espécie de balanço deste quarto de século que me pertence, como se este exercício arrumasse dentro do meu interior os acontecimentos no devido lugar, catalogando-os por assuntos, conforme o seu grau de importância. Nesta espécie de introspecção com data marcada dou comigo a pensar que as etiquetas mentais são resultado das aprendizagens adquiridas ao longo da vida, valorizam o que é de valorizar, perdoam o que é de perdoar. Lamentavelmente, direi, que (ainda) não tenho o condão de esquecer o que é de esquecer, possivelmente por acreditar que a responsabilidade de cada um deve ser assumida. Sendo, igualmente, verdadeiro que a palavra rancor ou outras suas semelhantes não farão parte do meu léxico e tão pouco da minha essência. No entanto, sublinho que «não darei o outro lado da face» a alguém, que deliberadamente (ou gratuitamente cause sofrimento ou mal-estar), antes pelo contrário, defenderei como guerreira, com todas as armas ao dispor  os princípios e valores que norteiam a minha maneira de pensar e de agir. Consequentemente, arcarei, com as responsabilidades que me serão devidas pelas escolhas efectuadas. Se por um acaso, seja no início, a meio, ao mesmo no final da trajectória verificar que errei, ou me precipitei na tomada de decisão, estarei na primeira linha do campo de batalha a pedir perdão e tudo fazer  para remediar os estragos causados. Neste balanço que me parece oportuno e, por isso, digno de registo, confirmo que nem tudo correu como planeado, mas o saldo é muito positivo! E, porque considero que a vida é uma grande oportunidade, hoje não finalizarei a minha história fazendo alusão ao tempo passado, decidi  que dado o rumo dos acontecimentos o que é importante é a minha acção presente. Desejo libertar o meu pensamento das coisas insignificantes e elevar o meu espírito até Deus agradecendo-Lhe pela oportunidade de me deixar viver. Desejo que a minha alma esteja suficientemente leve para que Ele escute as minhas preces e, continue a proteger as «minhas» duas preciosidades terrenas que são os meus dois filhos. Não poderia de maneira alguma, esquecer, os «outros» dois anjinhos celestes, que Deus acolheu até à minha chegada. Lembro-me, também, de todos aqueles que eu amava e, que entretanto, partiram, para o merecido descanso. A todos os que me honrarem com a leitura deste desabafo, direi: «Aproveitem a vida. Ajudem-se uns aos outros. Não deixem nada por dizer e nada por fazer1».

António Feio, ator, 1954-2010 

sábado, 7 de dezembro de 2013

Partiu um homem bom!


Partiu um homem bom! A derradeira caminhada ocorreu a 5 de Dezembro de 2013, aos 95 anos. A noticia foi dada ao mundo pelo  atual Presidente da África do Sul, Jacob Zuma: "A nossa nação perdeu o seu melhor filho. O nosso povo perdeu o seu pai". Milhões de pessoas juntarão as  vozes e em uníssono dirão que  perdemos o exemplo vivo de dignidade, de tolerância, capacidade de perdoar, liderar e virar o rumo histórico do seu país. Esteve 27 anos em cativeiro, vítima de um hediondo regime de apartheid. A segregação racial vigorou na África do Sul desde 1948 a 1994 legitimada pelos sucessivos governos onde a maioria negra foi descriminada por uma minoria branca. O apartheid trouxe violência e um significativo movimento de resistência interna. Nelson Mandela foi o exemplo da grandeza humana e quando eleito como o 1º Presidente negro da África do Sul empenhou-se na reconciliação nacional. Nelson Mandela amainou os ventos carregados de ódio e cultivou a Paz entre os sul-africanos. Defendeu que brancos e negros eram filhos da mesma nação. A Humanidade tem que volver milénios na sua História para encontrar outro Homem da mesma grandeza, Jesus Cristo. Sim, Nelson Mandela, poder-se-á comparar a Jesus Cristo! Sorte daqueles que lhe foram contemporâneos, congratulando-me por ter vivido neste tempo e expressar com  palavras humildes  a minha enorme admiração pelo seu exemplo de vida. Comovo-me com a sua partida. O Céu espera o Seu regresso. Nos anais da História da Humanidade perdurará o legado de Nelson Mandela. Descansa em Paz Madiba. 1


1 Madiba é o nome do clã Thembu a que Mandela pertence. Foi também o nome de um chefe Thembu no século XIX. Chamar Madiba a Mandela é sinal de carinho e respeito.

Nelson Rolihlahla Mandela foi um advogado, líder rebelde e presidente da África do Sul de 1994 a 1999, considerado como o mais importante líder da África Negra, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1993, e Pai da Pátria da moderna nação sul-africana.
 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Violência Gratuita

Vivenciei com tristeza os acontecimentos ocorridos esta semana no final das aulas na escola do meu filho. Depois de um dia na escola qualquer criança gosta de ouvir o toque que anuncia o final das aulas. O recreio representa os minutos mágicos. Eu consigo com facilidade ainda recordar aquela ansiedade em criança para que os minutos passassem a correr para  terminar uma qualquer brincadeira deixada a meio dum recreio anterior. Ressalvo que o meu tempo de criança não se assemelha muito ao de hoje excetuando-se, obviamente o facto de termos todos a mesma idade. Só para recordar as diferenças em Portugal em finais dos anos 70 e início dos 80 a televisão tinha início de emissão apenas ao final da tarde; nós as crianças de então brincávamos no espaço público umas com as outras sem muitos dos receios que presentemente existem. Claro que há vezes existiam as “tais” rivalidades que originavam pequenas lutas e que por vezes deixavam marcas físicas, principalmente nos mais fracos fisicamente que eram facilmente dominados pelos mais fortes ou pelo grupo com mais elementos. Devido à edução que recebi em casa e que estruturou para sempre a minha forma de pensar e de agir quase sempre me posicionei como defensora de todos aqueles que eram rejeitados das brincadeiras. Nunca senti um “especial” prazer em excluir um amigo ou colega de turma e muito menos fazer chacota por falta de algum atributo físico ou mental. Lembro-me de entrar em brigas que inicialmente não eram minhas só porque algum dos meus amigos estar envolvido. Houve alturas que suportei algumas “arrochadas” por não medir convenientemente a força dos intervenientes da briga. Após esta breve introdução volto ao tema que me desagradou a semana passada. O meu filho de 8 anos estava no recreio no final das aulas a brincar com os seus colegas de turma onde se incluía o seu melhor amigo. O meu filho e o seu “melhor amigo” conhecem-se do tempo da creche onde ambos ingressaram com 4 anos e instantaneamente desenvolveram uma forte ligação. Quando transitaram da Infantil para a Primária eu própria empenhei-me junto da escola para que os dois não fossem colocados em turmas diferentes. Lembro-me inclusivamente que escrevi uma carta à Direção Escolar onde expus os motivos que considerava importantes para não separar “os dois melhores amigos”.  Até à semana passada nutri um especial carinho por aquele menino de sorriso fácil companheiro das brincadeiras do meu filho. Na passada segunda-feira, 25 de novembro, estavam os dois mais um grupo de colegas a brincar à apanhada, quando um colega de ambos decidiu parar a brincadeira para imaginem colocar dentro da boca do meu filho algumas folhas secas e inclusivamente um saco plástico que estava no chão. O “melhor amigo” do meu filho achou tanta graça à brincadeira que em vez de proteger o amigo quis também encher a boca dele com lixo. Nem consigo imaginar a reação do meu filho, além de tentar afastar os dois colegas deve ter ficado incrédulo com a atitude do seu “melhor amigo”. Não satisfeitos os dois rapazes do lixo desataram ambos a malhar no meu filho. Valeu ao Daniel um outro colega da turma que achando existir desproporcionalidade naquela luta interveio em sua defesa. Logo depois chegou a auxiliar que vigiava o recreio e que repreendeu veemente os dois incitadores da briga e porque é conhecedora dos comportamentos individuais de cada um, castigou-os. Recordo que algumas semanas atrás o meu filho tinha comentado que o seu “melhor amigo” lhe tinha tirado um autocolante que inicialmente lhe tinha oferecido para depois o entregar a outro colega – ele ficou sentido – na altura eu desvalorizei o ocorrido q.b. e disse-lhe que o “amigo” tinha agido mal.  No dia seguinte à briga, o Daniel não queria ir para a escola, queixou-se com dores de barriga. Eu compreendi que esta era a forma dele reagir ao episódio do dia anterior, mas incentivei-o a enfrentar o problema. Ora, nessa terça-feira, o “melhor amigo” do meu filho, não satisfeito com o desfecho do dia anterior decidiu fazer campanha entre os colegas de turma para não brincarem com ele! Chegou a fazer chantagem dizendo quem brincasse com o Daniel não brincaria com ele. Uma vez mais o “melhor amigo do meu filho”  não foi bem-sucedido na pretensão de exclusão do Daniel das brincadeiras, houve um  colega de ambos por considerar o pedido sem sentido, afastou-se dele! Esta reação dos colegas deve ainda ter irritado mais o “melhor amigo do meu filho” que decidiu voltar à carga e decidiu num dos recreios agredir gratuitamente o Daniel. Acredito que o meu filho fez o que pode para se defender mas de certeza que não estava a contar com esta atitude do “ seu melhor amigo”! Mais do que as nódoas negras que resultaram da agressão, notei o desgosto dele por sentir que amizade de ambos foi gravemente comprometida. A Escola desempenhou o seu papel. A professora na quarta-feira de manhã expôs à turma a bizarra situação e aplicou uma medida corretiva aos dois agressores do meu filho impedindo-os de frequentarem o recreio. Não os deixou na sala de aulas – isso, implicaria ter uma auxiliar por conta deles – ambos passaram os recreios toda a semana sentados num banco a verem os colegas a brincar. Sei que também chamou à escola o encarregado de educação do ex-melhor amigo do meu filho. Alguns que leem esta história podem ser tentados a pensar que se tratou se uma simples “brincadeira” de crianças. Eu como mãe não concordo. Devemos estar atentos a todos os sinais. Além das mazelas físicas que resultaram da briga esteve em causa, uma tentativa de exclusão entre colegas – diga-se como sempre despropositadíssima…  Este sábado o meu filho esteve na festa de aniversário de  um colega de turma, os dois agressores não foram convidados. Ao mesmo tempo que eu dava os parabéns ao aniversariante aproveitei para lhe agradecer pela defesa do meu filho, foi ele que terminou a luta igualando as forças – no lugar dele eu teria feito a mesmíssima coisa! Desejo profundamente que a situação fique por aqui!