domingo, 1 de dezembro de 2013

Violência Gratuita

Vivenciei com tristeza os acontecimentos ocorridos esta semana no final das aulas na escola do meu filho. Depois de um dia na escola qualquer criança gosta de ouvir o toque que anuncia o final das aulas. O recreio representa os minutos mágicos. Eu consigo com facilidade ainda recordar aquela ansiedade em criança para que os minutos passassem a correr para  terminar uma qualquer brincadeira deixada a meio dum recreio anterior. Ressalvo que o meu tempo de criança não se assemelha muito ao de hoje excetuando-se, obviamente o facto de termos todos a mesma idade. Só para recordar as diferenças em Portugal em finais dos anos 70 e início dos 80 a televisão tinha início de emissão apenas ao final da tarde; nós as crianças de então brincávamos no espaço público umas com as outras sem muitos dos receios que presentemente existem. Claro que há vezes existiam as “tais” rivalidades que originavam pequenas lutas e que por vezes deixavam marcas físicas, principalmente nos mais fracos fisicamente que eram facilmente dominados pelos mais fortes ou pelo grupo com mais elementos. Devido à edução que recebi em casa e que estruturou para sempre a minha forma de pensar e de agir quase sempre me posicionei como defensora de todos aqueles que eram rejeitados das brincadeiras. Nunca senti um “especial” prazer em excluir um amigo ou colega de turma e muito menos fazer chacota por falta de algum atributo físico ou mental. Lembro-me de entrar em brigas que inicialmente não eram minhas só porque algum dos meus amigos estar envolvido. Houve alturas que suportei algumas “arrochadas” por não medir convenientemente a força dos intervenientes da briga. Após esta breve introdução volto ao tema que me desagradou a semana passada. O meu filho de 8 anos estava no recreio no final das aulas a brincar com os seus colegas de turma onde se incluía o seu melhor amigo. O meu filho e o seu “melhor amigo” conhecem-se do tempo da creche onde ambos ingressaram com 4 anos e instantaneamente desenvolveram uma forte ligação. Quando transitaram da Infantil para a Primária eu própria empenhei-me junto da escola para que os dois não fossem colocados em turmas diferentes. Lembro-me inclusivamente que escrevi uma carta à Direção Escolar onde expus os motivos que considerava importantes para não separar “os dois melhores amigos”.  Até à semana passada nutri um especial carinho por aquele menino de sorriso fácil companheiro das brincadeiras do meu filho. Na passada segunda-feira, 25 de novembro, estavam os dois mais um grupo de colegas a brincar à apanhada, quando um colega de ambos decidiu parar a brincadeira para imaginem colocar dentro da boca do meu filho algumas folhas secas e inclusivamente um saco plástico que estava no chão. O “melhor amigo” do meu filho achou tanta graça à brincadeira que em vez de proteger o amigo quis também encher a boca dele com lixo. Nem consigo imaginar a reação do meu filho, além de tentar afastar os dois colegas deve ter ficado incrédulo com a atitude do seu “melhor amigo”. Não satisfeitos os dois rapazes do lixo desataram ambos a malhar no meu filho. Valeu ao Daniel um outro colega da turma que achando existir desproporcionalidade naquela luta interveio em sua defesa. Logo depois chegou a auxiliar que vigiava o recreio e que repreendeu veemente os dois incitadores da briga e porque é conhecedora dos comportamentos individuais de cada um, castigou-os. Recordo que algumas semanas atrás o meu filho tinha comentado que o seu “melhor amigo” lhe tinha tirado um autocolante que inicialmente lhe tinha oferecido para depois o entregar a outro colega – ele ficou sentido – na altura eu desvalorizei o ocorrido q.b. e disse-lhe que o “amigo” tinha agido mal.  No dia seguinte à briga, o Daniel não queria ir para a escola, queixou-se com dores de barriga. Eu compreendi que esta era a forma dele reagir ao episódio do dia anterior, mas incentivei-o a enfrentar o problema. Ora, nessa terça-feira, o “melhor amigo” do meu filho, não satisfeito com o desfecho do dia anterior decidiu fazer campanha entre os colegas de turma para não brincarem com ele! Chegou a fazer chantagem dizendo quem brincasse com o Daniel não brincaria com ele. Uma vez mais o “melhor amigo do meu filho”  não foi bem-sucedido na pretensão de exclusão do Daniel das brincadeiras, houve um  colega de ambos por considerar o pedido sem sentido, afastou-se dele! Esta reação dos colegas deve ainda ter irritado mais o “melhor amigo do meu filho” que decidiu voltar à carga e decidiu num dos recreios agredir gratuitamente o Daniel. Acredito que o meu filho fez o que pode para se defender mas de certeza que não estava a contar com esta atitude do “ seu melhor amigo”! Mais do que as nódoas negras que resultaram da agressão, notei o desgosto dele por sentir que amizade de ambos foi gravemente comprometida. A Escola desempenhou o seu papel. A professora na quarta-feira de manhã expôs à turma a bizarra situação e aplicou uma medida corretiva aos dois agressores do meu filho impedindo-os de frequentarem o recreio. Não os deixou na sala de aulas – isso, implicaria ter uma auxiliar por conta deles – ambos passaram os recreios toda a semana sentados num banco a verem os colegas a brincar. Sei que também chamou à escola o encarregado de educação do ex-melhor amigo do meu filho. Alguns que leem esta história podem ser tentados a pensar que se tratou se uma simples “brincadeira” de crianças. Eu como mãe não concordo. Devemos estar atentos a todos os sinais. Além das mazelas físicas que resultaram da briga esteve em causa, uma tentativa de exclusão entre colegas – diga-se como sempre despropositadíssima…  Este sábado o meu filho esteve na festa de aniversário de  um colega de turma, os dois agressores não foram convidados. Ao mesmo tempo que eu dava os parabéns ao aniversariante aproveitei para lhe agradecer pela defesa do meu filho, foi ele que terminou a luta igualando as forças – no lugar dele eu teria feito a mesmíssima coisa! Desejo profundamente que a situação fique por aqui!

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