Tenho dificuldade em imaginar a sociedade portuguesa dentro de vinte
anos! A taxa de natalidade em Portugal era, em 2011, a quarta mais baixa da
União Europeia, com 1,35 nados-vivos e, em 2013 o declínio de nascimentos
continua a acentuar-se. Estamos perante uma sociedade muito doente e
aparentemente nada se faz de concreto para travar este hediondo flagelo. As
explicações para compreender os contrastes sociais residem na própria
organização da sociedade! Numa sociedade moderna somos todos definidos pelo
trabalho. Não podia no meu entender estar mais atual a Teoria de Karl Mark
sobre o “Capitalismo”. A relação entre as classes é sempre uma relação
conflituosa, por ser desigual. Ele chamou o Capitalismo de "ditadura da
burguesia", executada pelas classes ricas para o seu próprio benefício. O
proprietário dos meios de produção é quem define o tempo, o ritmo e o valor do
trabalho do trabalhador, que por sua vez é dono apenas da sua força de
trabalho. Analisemos as condições de vida de muitos portugueses: qual o
rendimento escolar de muitas crianças que chegam às escolas sem refeições?!
Como podem muitos dos jovens constituírem família e, consequentemente, terem filhos
quando a sociedade onde nasceram lhes veda a possibilidade de conseguir
trabalho?! Diametralmente, qual a esperança que se pode transmitir a um adulto,
que em virtude das muitas falências/insolvências, procura trabalho a partir dos
quarenta anos?! Quais as condições de trabalho adotadas por muitas empresas
quando têm a consciência que existe uma percentagem de assalariados disponíveis
para ocuparem os postos de trabalho?! Salário mínimo para trabalho máximo!
Portugal está a deixar sem futuro a geração mais qualificada de sempre! De
acordo com o sociólogo João Teixeira Lopes a existência de jovens licenciados
ao emigram para França para escaparem à precariedade deve-se à sua «invisibilidade perante as instituições e
perante a diplomacia». «Na verdade [estes jovens] significam, em muitos casos,
competências, talentos, capital humano que está neste momento a ser exportado
pelo país.» São vários os estudos que apontam que o fosso entre os mais ricos e
os mais pobres é acentuado, a desigualdade de rendimentos familiares e
salariais, faz com que Portugal seja "um dos países mais desiguais da
Europa". A tomada de consciência sobre a problemática das “desigualdades sociais”
é o primeiro passo para que todos os portugueses possam exigir sobre os
responsáveis económicos, políticos e sociais medidas efetivas para inverter o
estado de situação a que chegamos. Os meus votos para 2014 passam por Acreditar
que o futuro de Portugal está nas mãos de cada um de nós e, nas ações coletivas
que possamos empreender para exigir uma sociedade mais justa!
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