sábado, 16 de março de 2013

Diário do meu país empobrecido


Como cidadã portuguesa junto-me às vozes de todos os meus compatriotas que se erguem contra a brutal austeridade na nossa sociedade. Não me junto aos grupos com interesses instalados. Não concordo com os vários subsistemas que existem na sociedade portuguesa sejam de que espécie forem. Não estou com aqueles que afirmam que as “coisas” têm de mudar e que o Estado não aguenta tanta despesa, mas, na hora do aperto do cinto o corte não toque nos interesses dos próprios. Não gosto dos corporativistas que subvertem os vários direitos da Democracia em benefício próprio. Uma percentagem substantiva de portugueses já não aguenta mais cortes na despesa. Estou ao lado de todos os meus conterrâneos que perderam o emprego, esgotaram as prestações sociais e no presente vivem da caridade das Instituições Sociais. Muitas destas pessoas há muito pouco tempo eram mencionadas nas estatísticas como pertencentes à classe média. Muitos portugueses estão a engrossar a classe dos indigentes. O sobre endividamento das famílias portuguesas cresce de dia para dia. Há agregados familiares que já não conseguem pagar a prestação da habitação, não tem dinheiro para alimentação e tão pouco para a educação dos filhos. Não basta virem para os órgãos de comunicação social uns quantos “iluminados” afirmar que não há mal algum um licenciado limpar matas… duvido é que existam florestas suficientes para ocupar todos os licenciados que estão no desemprego. E, pergunto, se o lugar de “limpador de matas” for ocupado por licenciados o que fazer aos outros cidadãos que têm apenas o ensino o secundário ou menos habilitações escolares e, que, também, estão nas fileiras do desemprego? Agradeço que haja bom senso nas palavras dos vários gurús da economia que orbitam pela comunicação social porque suspeito que estas pessoas não sejam  conhecedoras da real situação social em que o país mergulhou. Há um exército de portugueses que sobrevive diariamente sem esperança no futuro. É preciso de uma vez por todas os governantes de Portugal deixarem de afirmar que o país vai no bom caminho. Não, não, vai no bom caminho, os portugueses estão todos os dias a caminhar para o abismo! Há o perigo de haver uma revolta social sem precedentes em Portugal! Afirmam –se pela comunicação social absurdos como baixar o salário mínimo em Portugal para tornar a economia mais competitiva! Gostava que estas pessoas explicassem como pode alguém na sociedade portuguesa sobreviver com € 431,65 mensais, depois de deduzidos impostos? Pessoas que se atrevem a falar e a pensar neste tipo de registo auferem mensalmente salários no minimo 10 vezes superiores! O sistema económico neoliberal, não confere direito no trabalho, nem tão pouco direitos  à pessoa humana. É o lucro pelo lucro, exploração da massa trabalhadora até à exaustão. O sistema está minado e tem que levar uma valente volta na redução dos muitos privilégios que existem nas várias classes dominantes. Não pode haver sistemas de saúde, justiça diferentes de português para português. Não podem uns pagarem com os seus impostos os benefícios que apenas outros usufruem. Defendo uma sociedade solidária com os mais desfavorecidos, mas não posso pactuar com medidas económicas e politicas que castigam sempre os mesmos!

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