Como
cidadã portuguesa junto-me às vozes de todos os meus compatriotas que se erguem
contra a brutal austeridade na nossa sociedade. Não me junto aos
grupos com interesses instalados. Não concordo com os vários subsistemas que
existem na sociedade portuguesa sejam de que espécie forem. Não estou com
aqueles que afirmam que as “coisas” têm de mudar e que o Estado não aguenta
tanta despesa, mas, na hora do aperto do cinto o corte não toque nos interesses
dos próprios. Não gosto dos corporativistas que subvertem os vários direitos da
Democracia em benefício próprio. Uma percentagem substantiva de portugueses já
não aguenta mais cortes na despesa. Estou ao lado de todos os meus conterrâneos
que perderam o emprego, esgotaram as prestações sociais e no presente vivem da
caridade das Instituições Sociais. Muitas destas pessoas há muito pouco tempo
eram mencionadas nas estatísticas como pertencentes à classe média. Muitos
portugueses estão a engrossar a classe dos indigentes. O sobre endividamento das
famílias portuguesas cresce de dia para dia. Há agregados familiares que já não
conseguem pagar a prestação da habitação, não tem dinheiro para alimentação e tão
pouco para a educação dos filhos. Não basta virem para os órgãos de comunicação
social uns quantos “iluminados” afirmar que não há mal algum um licenciado
limpar matas… duvido é que existam florestas suficientes para ocupar todos os
licenciados que estão no desemprego. E, pergunto, se o lugar de “limpador de
matas” for ocupado por licenciados o que fazer aos outros cidadãos que têm apenas
o ensino o secundário ou menos habilitações escolares e, que, também, estão nas
fileiras do desemprego? Agradeço que haja bom senso nas palavras dos vários gurús
da economia que orbitam pela comunicação social porque suspeito que estas
pessoas não sejam conhecedoras da real situação social em que o país
mergulhou. Há um exército de portugueses que sobrevive diariamente sem
esperança no futuro. É preciso de uma vez por todas os governantes de Portugal
deixarem de afirmar que o país vai no bom caminho. Não, não, vai no bom
caminho, os portugueses estão todos os dias a caminhar para o abismo! Há o
perigo de haver uma revolta social sem precedentes em Portugal! Afirmam –se pela
comunicação social absurdos como baixar o salário mínimo em Portugal para
tornar a economia mais competitiva! Gostava que estas pessoas explicassem como
pode alguém na sociedade portuguesa sobreviver com € 431,65 mensais, depois de deduzidos
impostos? Pessoas que se atrevem a falar e a pensar neste tipo de registo auferem
mensalmente salários no minimo 10 vezes superiores! O sistema económico neoliberal,
não confere direito no trabalho, nem tão pouco direitos à pessoa humana. É
o lucro pelo lucro, exploração da massa trabalhadora até à exaustão. O sistema
está minado e tem que levar uma valente volta na redução dos muitos privilégios
que existem nas várias classes dominantes. Não pode haver sistemas de saúde,
justiça diferentes de português para português. Não podem uns pagarem com os
seus impostos os benefícios que apenas outros usufruem. Defendo uma sociedade solidária
com os mais desfavorecidos, mas não posso pactuar com medidas económicas e politicas
que castigam sempre os mesmos!
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