A pessoa que o meu avô desposou e, a quem carinhosamente, chamávamos de tia Micas, acolheu o meu pai em sua casa e, inclusivamente, obrigou, o meu avô Francisco, a perfilhar o filho no registo civil. Desses tempos em Portugal, existem, muitos filhos de pai incógnito, o meu pai não fez parte dessa estatística. Não foram tempos nada fáceis para a minha avó Ana... Reza a história familiar que o seu filho mais novo, o meu tio Diamantino, morreu ainda criança e pouco tempo depois, houve um incêndio que lhes destruiu a habitação, possivelmente, devido ao lume da braseira que lhes servia de aquecimento, estar mal acondicionado. Valeram-lhes, as gentes da terra, que mediante tanto infortúnio, prontamente, lhes providenciaram outro tecto. Estou convencida que a minha avó Ana durante a sua vida, jamais conseguiu ultrapassar o sentimento de abandono por parte do meu avô, e tão pouco, a morte prematura do seu filho mais novo. A minha avó Ana aos vinte e poucos anos, tornou-se uma mulher amarga, deixando de expressar publicamente, os seus sentimentos e as emoções. Em 1964, consigo imaginar o seu sofrimento ao ver o meu pai embarcar num navio que o ia transportar para a guerra do Ultramar, sem a mínima garantia que ele voltasse com vida a Portugal… Tenho que referir que a extrema dedicação ao meu pai, em nada facilitou, a sua a relação com a minha mãe. Foi uma sogra demasiado austera, sem que a minha mãe, merecesse tal tratamento… Como avó, foi tudo aquilo o que eu e a minha irmã poderíamos desejar. Passados tantos anos, pelos meus olhos, rolam todas as lágrimas de saudade, com a sua partida…
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Voltar às origens
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Sem dizer adeus
Uma palavra quebrou o silêncio que existia na sala, ela não disse palavra e limitou-se a escutar a voz do outro lado da linha. Haviam passado anos desde a última conversa e sem nunca terem dito adeus, seguiram as suas vidas. Certamente, que em alguns dos dias, quando a nostalgia resolve visitar as almas, desejaram conversar. Na realidade, algumas vezes tentaram marcar encontro, mas por uma razão ou por outra, nunca chegaram a encontrar-se. Deixaram no tempo a possibilidade de algum dia, olhar olhos nos olhos… O destino que um dia os apresentou e permitiu o encantamento, não arranjou maneira dos caminhos voltarem a cruzar-se. Existem coisas na vida que mais vale deixá-las arrumadas, num lugar, onde nem mesmo o tempo, faz perder o valor inicial. A recordação é semelhante a um tesouro precioso, que foi embrulhado em papel de fina textura por mãos delicadas e, onde a magia permanece imutável. Não creio que agora as palavras trouxessem algo de belo a tão doce memória. Há que manter o equilibro das emoções e tudo está bem como se apresenta. Num impulso, ela desligou o telefone…
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Os idosos em Portugal
Os idosos no meu país vivem o drama da solidão. Os noticiários televisivos estão repletos de noticias macabras que dão conta de idosos falecidos nas suas casas há vários anos, sem existir alguém a reclamar a sua falta. A população portuguesa de ano para ano é uma população mais envelhecida. A par da arquitectura urbana que não favorece as redes de vizinhança, o problema do isolamento dos idosos, merece uma reflexão mais aprofundada sobre a organização da própria sociedade. Em Portugal, os valores e princípios de solidariedade intergeracional que nortearam a nossa sociedade até aos anos cinquenta e sessenta do século XX, foram progressivamente desaparecendo. É do conhecimento geral que as famílias alargadas foram dando lugar às famílias nucleares. Dentro das próprias famílias, tios, sobrinhos e primos, foram-se distanciando, até, chegarmos à dura realidade dos nossos dias, que ditou o afastamento entre avós, pais e netos. Os idosos foram perdendo em nome do progresso e do desenvolvimento o estatuto de sábios anciãos, de guardiões das memórias, que faziam a passagem de testemunho do conhecimento de geração para geração. Os idosos passaram a representar um fardo para as famílias em nome de uma organização do trabalho que favorece o lucro em detrimento de valores humanos! Fala-se há demasiado tempo destas temáticas, sem existirem planos de acção para combater no terreno a problemática do abandono dos idosos. Sinto vergonha pelos sucessivos dirigentes do meu país, que ainda não tiveram a arte nem o engenho ao longo dos tempos, para travar a mais ignóbil condição de isolamento a que chegaram os idosos portugueses. Desconheço se a triste realidade que atinge os idosos em Portugal tem reflexo em outros países europeus. Mas o que eu sei e, me desgosta profundamente, é pensar que em Portugal existem dois milhões de pessoas na terceira idade e que uma larga percentagem desses idosos vive sozinha e doente. Considero que a sociedade está doente, quando as pessoas que a compõem, olham somente para o seu umbigo e não se interessam pelo sofrimento alheio. As pessoas são pessoas e não podem ser tratadas como farrapos!
A minha Amiga de Elvas
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g h g h g h
É por gostar muito da minha amiga de Elvas, que nesta última quinta-feira, fiquei com a sensação de ter levado um “murro no estômago”, quando à hora de jantar atendi a sua chamada e do outro lado da linha, ela me disse:
- Tenho um cancro na cabeça!
Sem nunca desvalorizar, nem tão pouco relativizar a gravidade da situação direccionei as minhas palavras para um total apoio e encorajamento perante esta adversidade, a qual estou convicta que ela irá superar!
Na próxima semana, a minha amiga de Elvas no hospital em Lisboa vai travar mais uma batalha, como outras passadas e, que uma vez mais, colocará à prova toda a resistência que possui.
Boa sorte, amiga de Elvas, acredito que tudo, vai correr bem! Aguardo receber em breve as tuas noticias!
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