sábado, 4 de fevereiro de 2012

Os idosos em Portugal


Os idosos no meu país vivem o drama da solidão. Os noticiários televisivos estão repletos de noticias macabras que dão conta de idosos falecidos  nas suas casas há vários anos, sem existir alguém  a reclamar a sua falta.  A população portuguesa de ano para ano  é uma população mais envelhecida.  A par da arquitectura urbana que não favorece as redes de vizinhança, o problema do isolamento dos idosos, merece uma  reflexão mais aprofundada sobre a organização da própria sociedade. Em Portugal, os valores e princípios de  solidariedade intergeracional que  nortearam a nossa sociedade até aos anos cinquenta e sessenta do século XX, foram progressivamente desaparecendo. É do conhecimento geral que as famílias alargadas foram dando lugar às famílias nucleares. Dentro das próprias famílias, tios, sobrinhos e primos, foram-se distanciando, até, chegarmos à dura realidade dos nossos dias, que ditou o afastamento entre avós, pais e netos. Os idosos foram perdendo em nome do progresso e do desenvolvimento o estatuto de sábios anciãos, de guardiões das memórias, que faziam a passagem de testemunho  do conhecimento de geração para geração. Os idosos passaram a representar um fardo para as famílias em nome de uma organização do trabalho que favorece o lucro em detrimento de valores humanos! Fala-se há demasiado tempo destas temáticas, sem existirem planos de acção para combater no terreno a problemática do abandono dos idosos.  Sinto  vergonha pelos sucessivos dirigentes do meu país, que ainda não tiveram a arte nem o engenho ao longo dos tempos, para travar a mais ignóbil condição de isolamento a que chegaram os idosos portugueses. Desconheço se a triste realidade que atinge os idosos em Portugal tem reflexo em outros países europeus. Mas o que eu sei e, me desgosta profundamente, é pensar que em Portugal existem dois milhões de pessoas na terceira idade e que uma larga percentagem desses idosos vive sozinha e doente. Considero que a sociedade está doente, quando as pessoas que a compõem, olham somente para o seu umbigo e não se interessam pelo sofrimento alheio. As pessoas são pessoas e não podem ser tratadas como farrapos!

2 comentários:

  1. Bom dia,
    Li o seu comentário sobre os idosos no nosso país e infelizmente partilho do mesmo sentimento. Sou licenciada em Educação Social e o meu contexto quer profissional, quer pessoal sempre esteve ligado aos idosos. De facto, os nossos governantes não fazem o suficiente pelos nossos idosos, as listas de espera dos lares aumentam cada vez mais, os serviços de apoio domiciliário não abrangem todos que precisam, originando situações como as que assistimos nos telejornais em que muitos idosos são encontrados sem vida nas suas casas ou então vivem em condições desumanas.
    Mas a verdade é que não é só o Estado que tem que cuidar dos seus "velhos". A própria familia também é responsável pela situação em que muitos se encontram. Bem sei que os altos níveis de stress que a grande maioria das pessoas são submetidas, as exigências profissionais que muitas vezes passam por horas extraordinárias nos seus postos de trabalho, tudo isto faz com que seja bastante dificil dispender o tempo suficiente para os nossos familiares mais idosos. Tem assim que haver um equilibrio entre as respostas estatais e o suporte familiar para que situações como as que vemos actualmente sejam mais raras. Estarmos mais atentos aos nossos vizinhos, àquele "velhinho que vive sozinho" é uma obrigação moral e pode ser fulcral na vida de alguém que um dia também foi jovem, também produziu, também cuidou mas que agora precisa de todos nós.
    Felicito mais uma vez o seu blogue e caso queira partilhar algum comentario sobre a terceira idade convido-a a visitar a minha página do facebook Terceira Oportunidade Consultoria-Social http://www.facebook.com/#!/profile.php?id=100003512126839

    Joana Roma

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    1. Joana gostei muito de ler o seu comentário! Será com muito gosto que irei visitar a sua página no facebook. É a sociedade no seu todo que tem o dever de cuidar de todos aqueles que deixaram de ser activos em termos económicos e perderam a importância social. A temática dos idosos é algo que acompanho com muita peocupação porque a mudança das mentalidades à qual Portugal não poderá fugir colocará na margem da sociedade os grupos mais vulneráveis, onde se incluem os idosos. Bem Haja Joana por dar a sua voz,a quem (já) não tem voz!

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