Tal,
como nos contos de fadas, quase todas as meninas sonham, um dia casar-se. Ema,
no dia do seu casamento, não foi diferente, sentia-se única! Não houve lugar a
preparativos muito elaborados para o enlace. O vestido de Ema era de corte
simples e ao mesmo tempo majestoso. O decote em “V”, com pequenas tiras nos
ombros, faziam sobressair a pele ligeiramente morena. As pequenas pérolas
bordadas no corpete formavam cornucópias que realçavam a cintura . É costume
afirmar que todas as noivas são lindas, mas Ema, na minha opinião estava
esplendorosa! O que de imediato sobressaia além da sua beleza física era a
enorme felicidade, a alegria e confiança no futuro. Tinham passados três
anos e meio desde que conhecera Afonso e aquele dia foi a concretização dos
seus desejos. Afonso tinha sido o Escolhido. O casamento representava para Ema
o compromisso entre duas pessoas que passariam a partilhar no dia-a-dia, as
conquistas, os sucessos e as frustrações. Enquanto, colocava o vestido, lembrou-se
de um filme que assistira no cinema, onde o guião colocou em ênfase, as questões
sobre os valores e os princípios morais, nas sociedades materialistas. A
protagonista do filme, decidira sair do seu país para ir ter com o
noivo, que se encontrava num congresso profissional, em outro país. A protagonista,
seguindo uma antiga tradição irlandesa, que permitia às mulheres, em ano
bissexto, pedir os noivos em casamento, decidira ela própria tomar o rumo dos
acontecimentos. Infortúnios da viagem, em vez do confortável avião ou comboio, a
protagonista do filme caminhara a pé por zonas rurais, dormiu em lugares pouco
confortáveis. Teve por companhia um modesto rapaz, pouco preocupado com a
etiqueta dos comportamentos corretos, que imperam nas sociedades, ditas desenvolvidas.
Diálogo bastante intenso entre os dois principais atores do filme foi descobrir
o que cada pessoa, levaria consigo, num cenário de incêndio e tendo apenas
sessenta segundos para se salvar... Parece simples a resposta, mas,
possivelmente, tratar-se-á de algo complexo de responder, qualquer coisa
como agarrar em algo muito precioso (e, simbólico), deixando para trás todas as
outras coisas que apenas o poder aquisitivo pode comprar. Ema, sorriu para os
seus pensamentos, não tinha dúvida na resposta. A partir daquele momento, o
único bem precioso “a salvar num incêndio” chamava-se Afonso e todas as outras
coisas, com maior ou menor grau de dificuldade seriam supérfluas, o Amor, esse,
é insubstituível. No entender de Ema, o casamento significa uma construção
diária em que todos os dias são dias de aprendizagem a dois, onde o caminho
trilhado é comum, sem desvios...
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