Algumas, vezes, ficamos
presos às memórias, por uma data ou por um determinado acontecimento. Ao
colocarmos um acontecimento em evidência estamos sempre a atribuir-lhe um significado
maior, seja ele de sentido positivo ou negativo. As nossas ações são o resultado de um conjunto de juízos. Agimos de determinado modo, em função do impacto que
pretendemos causar junto de nós próprios ou de outras pessoas. Nem sempre temos
a verdadeira noção do resultado final de uma tomada de decisão. Comungo
da clássica que afirma que existem quatro coisas na vida que não se recuperam
“a pedra, depois de atirada; a
palavra, depois de proferida; a ocasião, depois de perdida; e o tempo, depois
de passado". Considero que a vida é feita do somatório das nossas
decisões. Os pequenos gestos são os expoentes máximos dos sentimentos. São os pequenos gestos que mostram a verdadeira essência das pessoas. Por vezes aquilo
que designamos por experiência de vida, vai colocando sobre os nossos ombros
uma couraça difícil de penetrar. Aparentemente, a função de nos proteger face às
agruras da vida, é substituída pela ausência de emoções face a determinados significados.
Assim, ocasiões com grande significado são relevados para patamares inferiores do grau da sua importância. Estamos sempre a falar de perdas, não acredito na
desvalorização dos sentimentos, sem existirem perdas associadas. A
desvalorização, seja ela de que natureza for, tem sempre significado negativo. Muitas
vezes gostaríamos de não reagir face a atitudes pouco consentâneas com os
princípios por nós defendidos. No entanto, e porque fazemos juízos, atribuindo
significados a tudo o que nos envolve de maneira espontânea ou elaborada, reagiremos
sempre, face a outros comportamentos. Assim, datas e acontecimentos, revestidos de
grande significado, caso não haja cuidado, perdem o estatuto da grandeza inicial
e, são facilmente, transformados no seu oposto…
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