sábado, 3 de dezembro de 2011

Para os pescadores de Caxinas: A Portuguesa

Foram resgatados do mar com vida os seis pescadores da localidade de Caxinas, freguesia  de Vila de Conde, no norte de Portugal, ao fim de 60 horas de naufrágio!
Esta é uma daquelas notícias que eu não podia deixar passar sem comentar, dado o meu fascínio, em primeiro pelas histórias com finais felizes e, em segundo, pela tentativa de  perceber "ao" que se agarram as pessoas em momentos de aflição.
Comecemos pelo final feliz, ocorrido, ontem, sexta-feira, dia 2 de Dezembro de 2011.


Como potencialidade económica, a atividade da pesca em Portugal, emprega uma parte significativa de homens, oriundos principalmente, das zonas litorais. São conhecidas as rudes condições em que laboram estes homens, seja pelas condições adversas do mar ou pela falta de condições de segurança das próprias embarcações.

O «Virgem do Sameiro» assim, se chamava o barco, onde seguiam os seis pescadores, não dispunha de um sistema de GPS, que permitisse por meio da vigilância por satélite, verificar a sua  localização. O «Virgem do Sameiro» naufragou terça-feira à noite, ao largo da Figueira da Foz.

Após o resgate, os pescadores relataram que o Mestre da embarcação depois dos homens terem lançado as redes ao mar mandou-os  descansar, para depois prosseguirem com a faina.

Foi, no entanto, um curto descanso, dado que o Mestre, ao verificar que a água entrava na casa das máquinas e que o afundamento da embarcação estava eminente,  os alertou !

Rapidamente foi lançada ao mar a “balsa”  de 5 metros, que haveria de  abrigar os seis pescadores nas 60 horas que se seguiram.

A balsa estava equipada com um pequeno kit de água potável,  alimentos e foguetes de sinalização (very lights) .  Quatro sinalizadores foram lançados pelos pescadores sempre que avistavam ao largo alguma embarcação, sem no entanto, conseguirem os resultados esperados.

Imaginem a pequenez humana de seis homens, dentro de uma balsa insuflável perante a imensidão de água em pleno oceano Atlântico.  

As Entidades em Portugal utilizando meios marítimos e aéreos lançaram uma operação de busca e salvamento da embarcação desaparecida. Esta operação de resgate foi por duas vezes interrompida durante a noite. Com o desenrolar das operações e com o passar das horas e sem deslumbrar qualquer sinal, a “esperança” ia-se dissipando em encontrar  os pescadores com vida.

As notícias que vieram a público eram desoladoras. Todas as circunstâncias apontavam que uma vez mais, a desgraça e a perda de vidas humanas, ia de novo assolar a comunidade piscatória de Caxinas. As famílias dos pescadores preparavam-se para receber a noticia da morte dos seus entes queridos.  

Mas, eis que na manhã de sexta-feira, pelas 11H, um helicóptero da Força Aérea Portuguesa, que não estava envolvido na “operação de resgate dos pescadores”, apenas fiscalizava pelo ar possíveis atividades de pesca ilegal, deslumbra na imensidão da água, a luz do quinto sinalizador lançado pelos pescadores!

A tripulação da embarcação
«Virgem do Sameiro» tinha finalmente sido encontrada ao fim de 60 horas à deriva!
A partir daquele momento, em que muitos, afirmam de “acaso”, a tripulação do helicóptero desencadeou os meios para resgatar os seis náufragos.
A operação foi de alto risco, dadas as condições adversas do mar com forte ondulação e com  baixa temperatura da água.

Os militares lançaram-se ao mar para içar um a um os seis pescadores para o  helicóptero que os haveria de transportar para terra.

Vamos à segunda parte da notícia, como conseguem os “Homens” sobreviverem em  condições tão  adversas?  Onde encontram a esperança quando já nada parece fazer “sentido” perante  a iminência da morte?

Recordo-me uma vez mais, dos mineiros chilenos que em 2010 sobreviveram 69 dias soterrados nas profundezas da terra. Também, uma vez mais, o que sobressai dos relatos dos sobreviventes, quer sejam os mineiros, quer sejam neste contexto, os pescadores de Caxinas, foi a FÉ que os manteve vivos perante a aversão!

Dá que pensar, que pelo facto de uns Acreditarem que podem ser salvos, e outros que podem salvar, às vezes os milagres acontecem!

Horas mais tarde a balsa que protegeu os seis pescadores de Caxinas foi recuperada pela Marinha Portuguesa. Dentro da balsa encontravam-se alguns pertences dos seis pescadores, entre os objetos encontrados, estava um terço, que se tornou um símbolo de união e de conforto das longas  horas de provação. O Comandante do navio de resgate da Armada Portuguesa, estava com o terço na mão e disse aos repórteres  que  gostava de o entregar pessoalmente ao Mestre da embarcação, porque segundo as suas palavras sabia bem do valor do “terço” naquelas horas de espera...

Os seis pescadores foram recebidos na terra de Caxinas, como heróis do mar! Aliás, faz todo o sentido, chamarem-lhes “heróis do Mar”! Sem sombra de dúvida, foi por existirem homens com esta fibra e que com este tipo de resiliência que os bravos nossos antepassados, ultrapassaram muitos “cabos das tormentas” e cujo hino nacional os imortalizou.  

Bravo pescadores de Caxinas!

Sejam muito bem-vindos à vossas famílias e ao orgulho nacional, pela resistência e pela força de acreditarem perante obstáculos (quase) intransponíveis!

 Para os pescadores de Caxinas,  A Portuguesa


“Heróis do mar, nobre Povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!”

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