sábado, 4 de maio de 2013

Felizes para Sempre


Pode-se morrer por amor? Poderá à partida parecer uma frase sentimentalista, mas, a prática, ajuda a contrariar, alguns artifícios da escrita. Aconteceu, enquanto esperava pela minha boleia, assistir a um insólito na minha cidade. Duas senhoras, colegas de trabalho, dirigiram-se a uma casa, que se situa numa zona antiga mas muito aprazível. Reparei, que junto da entrada da pequena casa de rés-do-chão e primeiro andar, estavam outras pessoas, que não saiam da frente da porta de entrada. De início, considerei, que, efetivamente, alguma coisa se passava dentro da habitação, mas, tratando-se de uma zona residencial antiga, onde a vizinhança se conhece, que nada de muito grave acontecera. Mas, eu estava enganada… passados, poucos instantes, depois das duas senhoras que há pouco referi, terem entrado na dita casa, elas saíram de lá. Uma das senhoras, mal conseguia, andar, saiu, da casa amparada pela outra, lavada em lágrimas. Fiquei de repente sem perceber o que estava a acontecer. Como tinha que voltar ao local na semana seguinte, procurei saber o que sucedera naquele dia. Então, contaram-me, que naquela casa, vivia um casal de idosos, pais da senhora que eu vi a chorar convulsivamente e, como sempre ela fazia no final de cada tarde, saia do trabalho, entrava na casa para ver como eles estavam. Naquele dia aconteceu o insólito! Mal entrou na casa, deparou-se com um cenário macabro. Na cama jazia a sua mãe, uma senhora de idade, acamada por doença perlongada há vários anos e no corredor jazia o pai que colocou fim à própria vida, naquele dia, com uma corda… Não consigo imaginar o que terá passado pela cabeça daquela senhora ao visualizar aquele cenário… Numa assentada, ela, naquele final de Abril, ficou sem os  pais. Terão dito outras pessoas, que o pai, sendo um senhor já idoso, não terá aguentado o desgosto de ver a sua companheira de muitos anos sem vida e, decidiu, também, partir… Pensei ao ouvir esta história, que, efetivamente, a dor da partida da pessoa que tanto gostamos pode ser tão forte que não permite resistir ou deslumbrar um futuro sem a companhia da outra metade de nós... Outra situação que me ocorreu e, que sucede a alguns  idosos na atualidade é,  confrontarem-se com a dor da solidão. Os nossos idosos, percebem, ou melhor, sentem, que a velhice não os favorece e podem com facilidade transformarem-se em fardos incómodos para os filhos ou netos… Pessoalmente, prefiro neste caso em concreto, pensar que se tratou, sem dúvida de um ato de amor! Desejo mesmo que uma entidade superintendente permita a estas duas almas, continuarem juntas, onde a doença, a dor, o sofrimento, não os acompanhe na eternidade dos dias e, possam  ambos serem Felizes para todo o sempre!

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