Como vem sendo habitual desde alguns meses, todos os sábados pela manhã, tomo o pequeno-almoço, ao mesmo tempo que assisto na televisão às notícias que marcam o dia. Depois, sento-me, ao computador e dedico, aproximadamente, duas horas a mim própria. Rezo para que não seja perturbada pelos afazes familiares, nesta minha espécie de refugio intimo e começo a dedilhar palavras na folha em branco. Nos dias que antecedem esta espécie de ritual, diga-se, muito aprazível, começo a pensar num tema que depois consigo ou não desenvolver no sábado seguinte. Confesso, que algumas vezes, o tema no qual pensei durante a semana, não consigo, mentalmente, organizar os argumentos necessários para desenvolver a temática, e esta é substituída por outra. Para mim o ato de viver é de tal maneira precioso, que considero que todas as vidas podiam ser contadas, como se tratassem de um romance, onde cada um de nós, é o protagonista no seu próprio argumento. Todos os dias acrescentamos ação ao desenrolar da nossa história. Escrever como já o disse pode servir de terapia, a escrita permite exteriorizar por palavras muitas das situações que nos sucedem no dia-a-dia. Histórias mais ou menos trabalhadas, as palavras podem ser a passagem secreta para o nosso inconsciente. A par da escrita, não consigo viver sem a música, esta arte milenar que consegue combinar os sons e os silêncios e que é intrínseca a qualquer cultura humana, desde o início dos tempos. Na próxima semana, mais, precisamente, no dia 8 de Maio, acrescentar-se-á, mais um ano à minha existência. Acho que hoje acordei a pensar no dia do meu aniversário. Há alguns anos atrás, tinha, também, um ritual para o meu dia de anos que depois devido a circunstâncias várias (infelizmente) foi perdendo importância. O ritual compreendia em dedicar o dia do meu nascimento a mim própria! Desde a minha adolescência até à idade madura que nesse dia, ia comprar uma fatiota nova, arranjava o cabelo no cabeleireiro e tirava uma fotografia. Assim, devido a este ritual, consegui guardar por imagens, numa espécie de caixa de recordações, factos da minha vida carregados de simbolismo. Considero que já vivi metade do tempo que é expectável a um ser humano viver... a partir de agora, depois dos quarenta anos existirá pouco espaço para os erros, terei a coragem de me olhar ao espelho e aceitar-me tal como sou.
sábado, 28 de abril de 2012
quarta-feira, 25 de abril de 2012
terça-feira, 24 de abril de 2012
25 de Abril, Sempre!
Eu
era uma criança de pouca idade, mas tive o privilégio de assistir ao 25 de
Abril de 1974! Não me recordo de
ver os militares nas ruas, retive na memória, as palavras da minha mãe, para
que nesse dia “eu não fosse para a rua brincar”.
Não sei em que
período do dia estava, se era manhã ou de tarde. Recordo que as pessoas não
sabiam muito bem o que pensar do dia seguinte, pois, no ar havia um clima de
incerteza.
Portugal em Abril
de 1974 era um país subdesenvolvido, cujas populações (ainda) não sabiam, mas,
estavam a dizer adeus a um regime ditatorial, que governou o país durante
quase cinquenta anos, Ditadura Nacional (1926-1933) e o Estado Novo de Salazar e Marcello Caetano (1933-1974). A canção " E depois do Adeus" vencedora do
Festival RTP da Canção de 74,
(interpretada por Paulo Carvalho) foi a primeira senha à revolução de 25 de
Abril de 1974, para que os bravos militares saíssem dos quarteis e dessem início às operações.
Com o avançar da
idade, fui-me, consciencializando, do preciosíssimo legado deixado pelos capitães
de Abril, dos militares em geral e de muitos homens e mulheres, que lutaram na
clandestinidade contra a ditadura para que no presente, todos os portugueses
possam viver em liberdade!
Amanhã, 25/04/2012,
comemoram-se 38 anos, desde o dia em que se abriram horizontes de esperança aos
portugueses para um futuro melhor! E, o sonho tem que continuar...
sábado, 21 de abril de 2012
Começar de novo
Nesta
última semana tive uma agradável conversa com uma amiga que já não via há muito
tempo. Engraçado como as amizades podem perdurar no tempo, independentemente,
das distâncias entre as pessoas. Nem sei dizer ao certo, há quanto tempo não estava
com a minha amiga Sofia, mas, não, estarei a fugir à verdade se disser, que já
não nos víamos, há quase cinco anos. Ambas, estávamos, fisicamente, cinco anos
mais velhas. Contudo, a nossa conversa, continua, a mesma de sempre. Foi muito
curta a pausa de almoço para colocarmos em dia a conversa. Eu continuo a
viver e a trabalhar em Lisboa e a Sofia está neste momento a viver em
Lagos uma linda cidade, ao sul de Portugal. Durante alguns anos convivemos intensamente, trabalhávamos juntas e aproveitávamos a pausa do almoço para tagarelar,
até que a voz nos permitisse. Depois houve um período na vida da Sofia que a
fez repensar na vida que levava. Um casamento falhado criou nela a vontade de partir
para um lugar onde pudesse recomeçar um novo ciclo na sua vida. Para mim considero-a uma heroína! Houve um dia depois de episódios desagradáveis no seu casamento onde a falta de companheirismo e atenção eram uma constante divorciou-se
e saiu de casa. Acreditando que a vida não podia estar confinada à rotina
casa-trabalho. Habituada a ter um nível de vida confortável, preferiu aos
quarenta anos, pegar nas parcas economias e começar tudo de novo.
Arriscou e ganhou uma alegria para a vida que durante algum tempo, foi impedida
de saborear. Para ser sincera acho que passados cinco anos depois da sua
separação a Sofia rejuvenesceu, o seu olhar voltou a ganhar um novo brilho. E,
como são lindos os olhos da Sofia! Quando a Sofia fala, os seus olhos, acompanham
o ritmo das palavras. Falou-me da sua nova casa, um T1 que embora de dimensões
reduzidas, é bem diferente, da casa onde viveu alguns anos em “família“, mas, consegue,
abrigar a ela e aos seus dois filhos sem, se acotevelarem. O entusiasmo com que fala dos cortinados,
dos móveis, da decoração, em geral, dá-me vontade de a abraçar! É visível o entusiasmo com que fala das aquisições, para o seu novo lar. As pessoas sentadas nas
mesas ao lado da nossa, caso, estivessem, a escutar a nossa conversa, a páginas
tantas, deviam, pensar, que se tratava, da decoração, de um palácio. Deixo-me
sorrir com esta frase porque recordo a engenharia que a Sofia faz todos os
dias para arrumar as roupas, de três pessoas num T1, composto por um quarto uma
sala e uma cozinha. O que eu saliento de tudo isto é que as coisas materiais, a
que as pessoas se habituam na realidade não preenchem as suas reais necessidades.
Afinal, na vida é bem mais importante, possuir um modesto T1, onde resida o amor,
o companheirismo e, exista dialogo entre as pessoas do que possuir uma bela casa com
muitas divisões que podem conferir conforto mas onde a alma da casa morta, leva
as pessoas, a passar de divisão para divisão, fazendo-as sentir cada vez mais isoladas.
sábado, 14 de abril de 2012
Estados d'alma
Esta
manhã o tempo estava chuvoso, havia vento e o céu estava coberto de nuvens.
Antes de ter começado a escrever dei um passeio pelo jardim. Gosto de observar
as árvores, a relva, as flores, todo o conjunto dá-me uma sensação de calma
interior. Junto
de mim estava o Óscar, o meu fiel amigo de quatro patas que me acompanha para
tudo o que é lado. Quando ainda era cachorro dei-lhe o nome de Óscar porque do
conjunto das várias raças que possui, a raça cocker destaca-se, fazendo-me lembrar um distinto escritor inglês.
Tem pêlo preto em grande parte do corpo, semelhante a uma espécie de smoking. No peito o pêlo branco, lembra uma camisa branca a condizer com a restante
fatiota. Para não destoar na indumentária as patinhas pretas são matizadas de cor branca. Enquanto eu caminhava no jardim esta manhã, o Óscar
saltitava ao meu lado, querendo atenção, mas o meu pensamento estava longe…
Parei junto das buganvílias, deliciando-me com a sua cor, umas amarelas, outras
cor-de-rosa, que no conjunto conferem ao jardim uma decoração muito aprazível.
Acariciei os pequenos troncos, em jeito de cumprimento. Desde que
despontam e até que morrem as plantas e as árvores estão sempre paradas no
mesmo sítio. As suas raízes estão enterradas no chão, enquanto, procuram, o céu
em função da luz. Esperam no mesmo local pelo sol e pela chuva, passam de uma
estação para outra, até ao dia em que deixam de viver. Podia-se pensar que nos
humanos as coisas, também se passam um bocadinho assim, mas, não, ao contrário de outros seres vivos que estão totalmente, dependentes, dos ciclos da natureza, os
humanos têm características únicas, têm sentidos que permitem interagir com o
mundo exterior. Durante o percurso de vida, irão se deparar com múltiplos caminhos. Várias são as estradas que se abrirão diante de nós. E, quando não soubermos, por qual caminho optar, não devemos nos precipitar na escolha. Devemos nos lembrar que uma árvore com muita ramagem, mas, com curtas raízes é, facilmente, derrubada na primeira rajada de vento.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Vesti-me de azul
Demorei
30 anos, parece muito tempo mas, na realidade, recordo como fosse ontem... Tudo se
passou quando tinha 9 anos e estava preparada para realizar a Primeira
Comunhão e não compareci na Igreja, porquê? Porque o preconceito social em finais
dos anos setenta ainda impunha que as meninas nestas ocasiões, fossem vestidas
de branco e eu não tinha o tal vestido... Certamente que podia ter ido na
mesma, desafiando os cânones da época mas não tive coragem de ir lá sozinha. Nenhum adulto da minha casa se disponibilizou para me acompanhar.
Afinal, eu desde cedo, tinha frequentado a catequese por livre e espontânea
vontade. Na infância percorri ano após ano, os ritos para
receber o sacramento e, quando chegou o dia, num domingo de manhã, eu não
fui...foram precisos 30 anos para voltar! Mas, ontem, 18/05/2008, a menina de
"9 anos", esteve comigo, radiante na Igreja e, desta vez fomos ambas vestidas
de azul, a minha cor favorita! Sem, qualquer tipo de critica associada, muitas
pessoas estavam vestidas a rigor, como há 30 anos atrás, eu estava vestida como
todos os dias, apenas desta vez, não receei o olhar dos outros, nem outro qualquer
preconceito. O meu "eu" de 9 anos foi levado pela mão do "eu"
de 39, ambas com um sorriso estampado no rosto elucidativo de um
grande sentimento de Felicidade. Este dia perdurará na minha memória como um
dia muito emotivo, como teria sido há 30 anos atrás, mas desta vez, será
recordado pela concretização de um desejo antigo! Parafraseando a minha catequista, a
Helena, uma mulher inteligente que me descodificou saudavelmente, muitas
imagens da Bíblia e, também, me mostrou o lado positivo da Igreja Católica:
"o Tempo de Deus, não é o tempo dos homens"! Palavras às quais eu, acrescento, cada um de nós deve fazer o
melhor que sabe para viver bem e fazer o bem, todos os dias são dias de
escolha, entre o bem e o mal. Se Deus nos criou à sua imagem e semelhança não
pode como Pai que ama os filhos nos ver tristes, nem tão pouco infelizes ou
mesmo nos penalizar, aceita-nos como nós somos. Os homens, esses, sim, pela sua
pequenez arrogam-se a um poder julgador que não possuem! Acredito que não há
Deus à medida dos homens, nem um Deus castigador, quem, efetivamente, julga os
nossos actos é a nossa consciência, pelo que todos os dias fazemos escolhas.
Ontem, o primeiro beijo de felicitação veio da minha mãe, aquele momento foi muito
nosso, seguiram-se outros, da restante família, onde se incluem os meus queridos
filhos, mas, efetivamente, aquele beijo da minha mãe foi muito especial, pois
agora, estamos ambas em Paz!
18 maio de 2008
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