Nesta
última semana tive uma agradável conversa com uma amiga que já não via há muito
tempo. Engraçado como as amizades podem perdurar no tempo, independentemente,
das distâncias entre as pessoas. Nem sei dizer ao certo, há quanto tempo não estava
com a minha amiga Sofia, mas, não, estarei a fugir à verdade se disser, que já
não nos víamos, há quase cinco anos. Ambas, estávamos, fisicamente, cinco anos
mais velhas. Contudo, a nossa conversa, continua, a mesma de sempre. Foi muito
curta a pausa de almoço para colocarmos em dia a conversa. Eu continuo a
viver e a trabalhar em Lisboa e a Sofia está neste momento a viver em
Lagos uma linda cidade, ao sul de Portugal. Durante alguns anos convivemos intensamente, trabalhávamos juntas e aproveitávamos a pausa do almoço para tagarelar,
até que a voz nos permitisse. Depois houve um período na vida da Sofia que a
fez repensar na vida que levava. Um casamento falhado criou nela a vontade de partir
para um lugar onde pudesse recomeçar um novo ciclo na sua vida. Para mim considero-a uma heroína! Houve um dia depois de episódios desagradáveis no seu casamento onde a falta de companheirismo e atenção eram uma constante divorciou-se
e saiu de casa. Acreditando que a vida não podia estar confinada à rotina
casa-trabalho. Habituada a ter um nível de vida confortável, preferiu aos
quarenta anos, pegar nas parcas economias e começar tudo de novo.
Arriscou e ganhou uma alegria para a vida que durante algum tempo, foi impedida
de saborear. Para ser sincera acho que passados cinco anos depois da sua
separação a Sofia rejuvenesceu, o seu olhar voltou a ganhar um novo brilho. E,
como são lindos os olhos da Sofia! Quando a Sofia fala, os seus olhos, acompanham
o ritmo das palavras. Falou-me da sua nova casa, um T1 que embora de dimensões
reduzidas, é bem diferente, da casa onde viveu alguns anos em “família“, mas, consegue,
abrigar a ela e aos seus dois filhos sem, se acotevelarem. O entusiasmo com que fala dos cortinados,
dos móveis, da decoração, em geral, dá-me vontade de a abraçar! É visível o entusiasmo com que fala das aquisições, para o seu novo lar. As pessoas sentadas nas
mesas ao lado da nossa, caso, estivessem, a escutar a nossa conversa, a páginas
tantas, deviam, pensar, que se tratava, da decoração, de um palácio. Deixo-me
sorrir com esta frase porque recordo a engenharia que a Sofia faz todos os
dias para arrumar as roupas, de três pessoas num T1, composto por um quarto uma
sala e uma cozinha. O que eu saliento de tudo isto é que as coisas materiais, a
que as pessoas se habituam na realidade não preenchem as suas reais necessidades.
Afinal, na vida é bem mais importante, possuir um modesto T1, onde resida o amor,
o companheirismo e, exista dialogo entre as pessoas do que possuir uma bela casa com
muitas divisões que podem conferir conforto mas onde a alma da casa morta, leva
as pessoas, a passar de divisão para divisão, fazendo-as sentir cada vez mais isoladas.
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