Em 2012 ocorreram mudanças socioeconómicas, que alargaram o fosso das desigualdades entre os portugueses. Começa haver demasiados “portugais” dentro de Portugal. Desde
o 25 Abril de 1974 até à atualidade, os vários decisores políticos, não
conseguiram ao longo de trinta e oito anos, implementar medidas que
permitissem aos portugueses viverem condignamente. O ano de 2012 ficará na
História como um ano de retrocesso nas políticas sociais desde a Revolução dos
Cravos. É com tristeza que assisto à saída para o estrangeiro da geração de
jovens mais qualificada de sempre! Estes jovens que partem em busca de melhores
condições de vida, dificilmente, regressarão ao seu país natal. Estes jovens
se ficassem, muitos deles, dariam o seu contributo para o desenvolvimento e para
o progresso de Portugal. Atualmente, vivemos sob um regime de assistência financeira
estrangeira e em nome das medidas de austeridade de quem nos resgatou, o governo
português aproveita para incrementar outras medidas que atentam
contra os direitos sociais. A população portuguesa, em particular a classe
média está a caminhar para o limite em termos de impostos. As taxas de
desemprego estão altíssimas, perder o trabalho a partir dos 40 anos, pode significar
não voltar a encontrar trabalho. Entre os jovens a taxa de desemprego é
igualmente alta. Não pode quem nos governa esquecer a manifestação ocorrida
em 15 de Setembro de 2012 que juntou nas ruas em Lisboa, de forma espontânea,
mais de meio milhão de pessoas. Este movimento é um retrato da sociedade portuguesa,
ali estavam representadas várias gerações de pessoas, muitas delas, sofrendo no dia-a-dia,
a dificuldade para se alimentarem, pagarem habitação e outras despesas básicas.
Se os governantes persistirem neste tipo de políticas restritivas, estão a negar aos
portugueses o direito de terem filhos, consequentemente, de renovar a sociedade,
que já é uma das mais envelhecidas, atualmente, existem 128 idosos, por cada 100
jovens! Os portugueses transportam no olhar um futuro sem esperança…
Não é possível aos portugueses compreender a razão de pagarem uma divida que
não contrariam e que em nada os beneficia. Não é entendível que sucessivos governos
resgatem grupos económicos ou façam parcerias com grupos privados lesando o
interesse coletivo. Os sucessivos governos hipotecaram o futuro dos atuais
portugueses e das gerações seguintes que antes de nascerem já têm uma dívida para saldar.
A sociedade portuguesa rejeita as políticas económicas que não estabeleçam as
pessoas como prioridade! Gostava que este meu último texto, em 2012, tivesse
muitas palavras de esperança… infelizmente, não consigo deslumbrar num futuro
próximo, melhorias significativas que permitam aos portugueses viverem
melhor…
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