Quando
tinha dez anos durante uma aula de educação visual a professora pediu para
desenharmos o rosto do colega sentado à nossa frente. Desde muito nova percebi
que tinha poucas hipóteses de ser bem sucedida nas expressões plásticas. Tentei
sem sucesso desenhar o rosto da minha colega, segui as orientações da professora, mas, infelizmente, o
resultado ficou aquém, do modelo original. Embora a minha colega, tivesse, tal,
como, eu, desenhado o meu rosto, o resultado, também, não, foi bem, o esperado.
Mas, devo reconhecer que existiam algumas semelhanças. Esta história, vem a
propósito de hoje, ao visualizar uma foto, a imagem salientar o
traçado dos meus lábios. Instantaneamente a minha memória, regrediu trinta anos no tempo, fazendo-me, recordar, daquele dia, na aula de desenho com a
minha colega Helena. Ela aos dez anos havia conseguido captar e desenhar esse contorno.
Confesso que realizei um esforço suplementar para me recordar do seu nome.
Neste instante com o passado, retive, também, um sentimento positivo. Embora já
não me lembre muito bem das feições da Helena, recordo-me de gostar e de me dar
bem com ela. Não me lembro em pormenor de alguma conversa ou de algum
acontecimento que tivesse ocorrido durante as nossas caminhadas de
casa para a escola. Quando aos doze anos finalizamos os estudos naquela escola
preparatória não nos voltamos mais a encontrar. Desejo que na trajetória de
vida a Helena tenha sido feliz …Também, a propósito da lembrança de pessoas com
as quais nos cruzamos na vida, recordo um episódio que ocorreu esta
semana. Tive uma colega de trabalho com a qual trabalhei durante quatro meses
e, de forma quase instantânea, a ela me afeiçoei. Sendo certo, que mantenho com esta
colega, mesmo à distância, um contacto regular foi um prazer revê-la
pessoalmente! Depois de um caloroso abraço inicial, estivemos à conversa como
se nunca tivéssemos deixado de o fazer. A dado momento, perguntei-lhe em
brincadeira em quantas vidas, nós a duas já nos havíamos encontrado. Na certeza
que se tal sucedeu, gostei sempre dela. Ela relatou-me que naquele dia, fazia
exatamente um ano, que tinha deixado de trabalhar naquele lugar. Aproveitámos
todos os minutos da visita para colocarmos em dia a conversa. Quando ela saiu
de junto de mim, senti-me invadida por uma sensação de carinho. Decidi nesse
instante escrever e dizer-lhe o quanto tinha gostado de a rever. Cada vez
mais com o avançar da idade, considero que devemos expressar aos outros aquilo
que sentimos porque amanhã pode ser tarde demais. Tenho a convicção que
palavras positivas, poderão em alguns momentos fazer a diferença junto daqueles
de quem gostamos. As palavras e os “ombros amigos” são muitas vezes suficientes
para inverter situações indesejadas. Embora não seja uma tarefa fácil explicar
os sentimentos, considero que a amizade é um conjunto de emoções cujos
alicerces assentam, essencialmente, no conhecimento mútuo, no respeito, na
estima e na afeição entre pessoas e que vale a pena preservar!
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