quinta-feira, 11 de julho de 2013

Feliz Aniversário!

Ontem tirei da estante o livro que me emprestaste. Já o tinha lido há muitos anos. Talvez há quantos a nossa amizade existe. Na época li o livro em poucos dias. O autor do livro foi um dos maiores expoentes do modernismo em Portugal e um dos membros da Geração d’Orpheu. Talvez com uma saudade já distante recordo o início da nossa amizade. A nossa amizade faz parte daquelas coisas boas da vida que acontecem, que perduram na memória e nem o tempo permite o esquecimento pela forma inesperada como surgem. Connosco foi assim uma amizade que nasceu do puro acaso. O que gostei desde o início foi da intensa troca de palavras e do fluir das tuas ideias que revolucionaram a minha forma de pensar as coisas. Confidencio-te que na época algumas das tuas ideias me pareciam demasiado vanguardistas. Hoje amigo já quase que tomo as ideias como minhas pelo modo como delas me apropriei. Talvez por isso em silêncio mantenho contigo uma assídua troca de palavras. Não me digas que não dás conta desta dialéctica. Digo-te meu amigo foi, possivelmente, por causa destas coisas que ontem te consegui rever através do desfolhar das páginas do livro. Sim, estou a falar da “Loucura” de Mário de Sá Carneiro, a temática é algo que nos assenta que nem uma luva. A leitura ontem foi fugaz. Era escasso o tempo que dispunha para saborear as palavras, não li mais de dez páginas. Gostei dos teus sublinhados. Marcaste a vermelho com um traço de lápis cuidado algumas palavras do autor. Tentei em alguns momentos perceber a razão de sublinhares umas palavras e não outras. Com o pretexto deste exercício voltarei ao livro sempre que desejar ir ao encontro dos teus recônditos pensamentos e serenamente irei viajar contigo aos primórdios da tua essência. Ocorreu-me agora que nunca contabilizei o nosso tempo. Refiro de antemão que a contagem do tempo não é coisa muito importante. Desde o início da nossa amizade assumi que há muito nos conhecíamos. Também me impressionou o facto de tu uns anos mais novo que eu possuíres um conhecimento mais avançado do que a idade cronológica poderia indicar. Também, devido a esta tua característica reformulei alguns padrões pelos quais me regia. Não sei se algum dia informei mas durante alguns anos não desenvolvi amizades com pessoas mais jovens do que eu. Há muito que não penso mais assim. A experiência de vida ensinou-me que cada idade encerra os próprios conhecimentos e algumas vezes a idade cronológica tão pouco corresponde à idade física ou mental. Talvez por isso tenho alguma dificuldade em assumir como minha a imagem que o espelho reflecte. Também por isso privilegio a criança que existe em mim. Pensar na infância transporta-me para uma espécie de jardim secreto onde me refugio sempre que necessito de paz. Um dia quando regressares desse local distante não iremos sentir dificuldade em continuar alguma conversa inacabada. Com certeza que não me recordarei da temática da altura, mas entre gargalhadas e uma frase que talvez nos anos seguintes faça história pela erudição do raciocino iremos conversar até mais não aguentarmos. A esta hora da narrativa deves estar curioso do porquê de tamanho discurso. Amigo, esta foi a forma singela de te homenagear pelo teu aniversário! Parabéns e que contes muitos anos, com saúde, sucesso e junto das pessoas que amas.

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