domingo, 9 de junho de 2013

Junho

Bem me esforço para não ficar triste em Junho. Mas já percebi que este esforço por vezes torna-se inglório. É difícil esquecer que neste mês em dois anos consecutivos despareceram duas pessoas que eu tanto amava. Faço o que posso para acalmar a dor no meu peito. Existem dias em que as estratégias utilizadas têm sucesso, mas existem outros dias, que a receita não funciona. O tempo também não ajuda nada. Em Portugal o Verão parece não querer montar Arraial. O nosso país que é internacionalmente conhecido como o país do sol, este ano, não faz jus à fama. Pessoalmente, sinto-me, em muitos dias, como o tempo, com o humor intermitente. Olha, pai, decidi escrever este desabafo, não por acaso, na véspera do Dia de Portugal. Não quero de todo que as minhas emoções, passem para as palavras, quando o calendário entrar na última semana de Junho. Já houve anos e, tu, bem sabes, que mais ao menos dissimulado, transformei uma tristeza, numa alegria, mas este ano não apetece fazer isso. Escrevo agora, algo para desanuviar, ou talvez para mudar de rota as emoções que vão surgindo em cada frase construída. Ando intrigada e, ao mesmo tempo feliz. Diz-me lá, do sitio de onde te encontras, vais vendo o desenrolar das vidas daqueles que deixaste na Terra, certo? Sou obrigada a esboçar um sorriso. Sabes, porquê? Às vezes até tenho receio de desejar as coisas… Desde há dois meses, quase tudo o que desejo acontece, como se alguém muito atento, aos meus pensamentos, se encarregasse de os tornar realidade… calculei que esse alguém só podias ser tu! Só tu alinharias comigo neste tipo de sonho. Solta-se-me a lágrima, mas garanto que não é de tristeza, é antes de alegria. Vês, pai, afinal, sempre consegui ficar contente no mês de Junho e o mérito é todo teu! Não tenho sombra de qualquer dúvida que os pais protegem os filhos para sempre! Um filho é coisa demasiado séria, é uma doce responsabilidade, que por vezes, também, transporta alguns espinhos, nem sempre as coisas correm bem entre pais e filhos… connosco, também, foi assim.  Contudo, desde que partiste, a cada dia que passa, sinto-me, mais ligada a ti. Há um sentimento que me transcende e me leva direitinha a ti... Deve ser consequência dos nossos diálogos intermináveis, passamos horas em silêncio a falar… E, diz-me uma coisa, o Simão e a avó, também, estão bem? E, os meus dois anjinhos celestes, portam-se bem? Tenho a certeza que um dia teremos a oportunidade de colocarmos a conversa  em dia… aguardemos, serenamente, quando a hora chegar, saberemos… Um beijo, com eterno amor!

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