Bem
me esforço para não ficar triste em Junho. Mas já percebi que este esforço por
vezes torna-se inglório. É difícil esquecer que neste mês em dois anos
consecutivos despareceram duas pessoas que eu tanto amava. Faço o que posso
para acalmar a dor no meu peito. Existem dias em que as estratégias utilizadas têm
sucesso, mas existem outros dias, que a receita não funciona. O tempo também
não ajuda nada. Em Portugal o Verão parece não querer montar Arraial. O nosso
país que é internacionalmente conhecido como o país do sol, este ano, não faz jus
à fama. Pessoalmente, sinto-me, em muitos dias, como o tempo, com o humor intermitente.
Olha, pai, decidi escrever este desabafo, não por acaso, na véspera do Dia de Portugal.
Não quero de todo que as minhas emoções, passem para as palavras, quando o
calendário entrar na última semana de Junho. Já houve anos e, tu, bem sabes,
que mais ao menos dissimulado, transformei uma tristeza, numa alegria, mas este
ano não apetece fazer isso. Escrevo agora, algo para desanuviar, ou talvez para
mudar de rota as emoções que vão surgindo em cada frase construída. Ando
intrigada e, ao mesmo tempo feliz. Diz-me lá, do sitio de onde te encontras, vais vendo o desenrolar das vidas
daqueles que deixaste na Terra, certo? Sou obrigada a esboçar um sorriso. Sabes,
porquê? Às vezes até tenho receio de desejar as coisas… Desde há dois meses,
quase tudo o que desejo acontece, como se alguém muito atento, aos meus pensamentos,
se encarregasse de os tornar realidade… calculei que esse alguém só podias ser
tu! Só tu alinharias comigo neste tipo de sonho. Solta-se-me a lágrima, mas
garanto que não é de tristeza, é antes de alegria. Vês, pai, afinal, sempre
consegui ficar contente no mês de Junho e o mérito é todo teu! Não tenho sombra
de qualquer dúvida que os pais protegem os filhos para sempre! Um filho é coisa
demasiado séria, é uma doce responsabilidade, que por vezes, também, transporta
alguns espinhos, nem sempre as coisas correm bem entre pais e filhos… connosco,
também, foi assim. Contudo, desde que partiste, a cada dia que passa, sinto-me, mais ligada a ti. Há um sentimento que me transcende e me leva direitinha a ti... Deve ser consequência dos nossos diálogos intermináveis, passamos horas em
silêncio a falar… E, diz-me uma coisa, o Simão e a avó, também, estão bem? E,
os meus dois anjinhos celestes, portam-se bem? Tenho a certeza que um dia
teremos a oportunidade de colocarmos a conversa em dia… aguardemos, serenamente,
quando a hora chegar, saberemos… Um beijo, com eterno amor!
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