sexta-feira, 22 de junho de 2012

Uma carta de Amor



22 de Junho de 2012
                                  Querida Avó,

Estejas, onde estiveres, desejo que estejas bem! Aliás, desejo, que estejas, muito bem! Quando esta semana, depois do trabalho, cheguei a casa da minha mãe, para ir buscar os meus filhos, estava longe de imaginar, que me ia encontrar contigo… em cima da mesa da sala de jantar, estavam dois envelopes. Quando cheguei junto das cartas, vi que se tratava de correspondência antiga, um era de uma amiga, com a qual há muito, perdi o contacto, e o outro era teu. Fiquei uns instantes, com a tua carta na mão, um pouco incrédula, face à emoção que senti. Quando li as tuas palavras escritas há 25 anos atrás, as lágrimas rolaram pelo meu rosto abaixo, sem que as conseguisse parar. Avó parecia que eu tinha recebido a carta naquele dia. Apeteceu-me, tanto voltar àquele tempo e dizer-te o quanto eu ainda gosto de ti. Confesso que já não me lembrava de ter-te enviado selos, mas, naquelas palavras tão simples, os selos, representavam o nosso amor. Voltei,  por um breve instante, aos meus 18 anos, voltei ao tempo em que deixei de ser adolescente, para continuar a vida, como jovem adulta. Querida Avó, tantas coisas se passaram em 25 anos… Tu, própria, partiste na Primavera de 1993, cinco anos depois daquela carta… como, facilmente, constatarás, jamais foste esquecida… Durante muitos anos sonhei em algumas noites contigo. Avó confesso que não gostava de sonhar contigo, nos meus sonhos, embora não fossem agitados, sentia que tu não estavas, completamente, tranquila… Depois, houve um dia, passados 16 anos da tua partida, em que decidi, entre lágrimas, agrupar 4 fotografias nossas e emoldurei-as, com uma pequena dedicatória: só se morre verdadeiramente, quando se é esquecido. Coloquei as fotografias, junto à secretária onde habitualmente escrevo  os meus textos. Nessa parede, foram também penduradas fotografias do meu batizado, onde está o meu pai, o teu adorado filho. Não sei se foi coincidência…e, tu sabes que eu não acredito em coincidências, mas, a partir desse dia, deixei de sonhar contigo… Querida avó, falar das partidas daqueles que amamos, continua a doer na alma… amanhã, por exemplo, faz 3 anos que o Simão viajou e dia 27 Junho, faz 2 anos que o meu pai viajou para junto de ti… fico feliz, por pensar que vocês estão todos juntos, mas, emocionalmente, custa lidar em simultâneo, com sentimentos de amor e de perda. Não deixa de ser curioso, que neste momento, em que estou a escrever estas linhas, sinto junto de mim, uma espécie de vento, semelhante a um soprar. Como algumas vezes isso já me sucedeu, gosto de pensar que são vocês, os meus anjos protetores, que às vezes se fazem sentir, junto de mim… se, assim for, saibam que fico muito feliz, por saber que continuamos ligados …pelo Amor!
Um beijo enorme, descansa em paz e até um dia destes…

A tua neta

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