domingo, 18 de agosto de 2013

AS FÉRIAS – parte I: Velhas Tradições

Uma parte das férias ainda é passada na casa bem ao sul de Portugal. Todos os anos desde há três gerações, pelo menos dez dias estão destinados ao sol. Quando o calor aperta, o clima, a água e as gentes algarvias, convidam à viagem por autoestrada que não demora mais de três horas. À chegada depois de se descarregarem as bagagens o ritual das limpezas repete-se ano após ano. Abrir as janelas da casa para arejar, limpar a poeira do chão que se vai acumulando ao longo dos restantes meses do ano. Por incrível que pareça a sensação de chegar à pequena povoação é sempre fascinante. Já se passaram anos desde a primeira vez que nos deram a conhecer o maravilhoso local. São muitas as histórias dignas de constarem num livro de viagens ou mesmo de emoções. Sim, porque a minha avó materna, sendo uma nata contadora de histórias, podia escrever muitos livros de temas bem diferentes. Sempre ouvi a minha avó dizer que escrevia para que as gerações futuras pudessem saber sobre as vivências dos antepassados. Acho que a minha avó decidiu relatar muitos dos seus momentos porque lamentava o facto dela em criança não ter sido suficientemente fotografada. Convínhamos que há cinquenta anos atrás as máquinas de fotografar  não eram do domínio público. Quem quisesse tirar uma foto teria que se deslocar a uma loja para o efeito. As câmaras instantâneas da Polaroid só se tornaram populares nos países desenvolvidos a partir dos anos setenta do século XX. A novidade de fotografar sempre que apetecesse, também chegou a Portugal em finais dos anos setenta e muito por culpa dos emigrantes. Deve-se a muitos dos compatriotas portugueses que partiram para outras paragens a divulgação das novidades electrónicas e de muitas outras espécies. A minha avó lamenta o facto de os pais não terem investido suficientemente nesse tipo de registo documental. Portanto ela atribui um significado muito especial a todas as fotos que possui desde o seu nascimento, da infância, da passagem pela escola primária, da adolescência. Não se precipitem a julgar a minha avó como sendo uma pessoa excêntrica. Se eu aplicar a palavra excêntrica para definir a minha avó é pela forma dela encontrar soluções não-convencionais para resolver as situações que nos surgem e nunca pela maneira de vestir ou falar. (continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário