quinta-feira, 22 de agosto de 2013

AS FÉRIAS – parte VIII: Na hora da despedida

Os dias de descanso no Algarve estão  a terminar. Já tenho na mala as roupas e tudo aquilo que considerei essencial para as férias. É costume no dia da partida fazer praia de manhã, almoçar e sair. Não há dúvida que estes dias de férias foram óptimos, o sol marcou presença e água do mar esteve sempre fantástica! Hoje o ritual das limpezas voltou a iniciar-se, a mãe quer que a casa fique arrumada para quem vier a seguir. A casa situa-se numa aldeia onde até há uns anos atrás quase todas as pessoas se conheciam. Era frequente passar na rua e ver as chaves no exterior das fechaduras; os habitantes, alguns já idosos, sentiam-se completamente seguros dentro da sua aldeia. Muitos desses idosos já partiram; algumas das habitações foram entretanto recuperadas pelos familiares e com o intuito de homenagearem  as suas memórias  colocaram placas de cerâmica nas fachadas exteriores com a inscrição “casa da avó” ou “casa dos avós”, numa clara demonstração de carinho. A avó contou-me que houve um ano quando a mãe e o tio ainda eram pequenos uma senhora que ia a passar na rua e vendo a porta da habitação aberta foi ver quem lá se encontrava. A senhora procurava a tia Isabel, mas não a tendo encontrado não se importou e iniciou uma agradável conversa com avó que demorou horas. A avó ficou a saber que a D. Guilhermina uma querida senhora septuagenária que residia perto de Lisboa tinha por tradição ficar nos meses mais quentes em terras algarvias. O que mais tocou a avó durante a conversa foi quando a senhora a informou que era madrinha da Paula Mateus uma antiga amiga da tia Isabel. A mãe recordou-se das conversas que mantinha em adolescente com a tia Isabel. Pessoalmente a avó nunca conheceu a Paula mas era como se a conhecesse desde sempre. A tia Isabel, a Paula e a prima desta a Ana foram amigas inseparáveis durante anos e mesmo quando as férias terminavam davam notícias por carta. Sim, por carta, porque as tecnologias tipo telemóvel ou email, na altura não eram acessíveis, nem vulgares como presentemente. A Paula Mateus foi criada desde tenra idade pela D. Guilhermina e o amor que as unia era extremamente forte. O casamento da Paula realizou-se em Sintra, um lugar mágico e perfeito para unir duas almas. O infortúnio infelizmente bateu à porta desta família. Pouco tempo depois da realização do enlace, a Paula, o marido e uma irmã deste seguiam em viagem quando ocorreu um grave acidente! Uma ultrapassagem nocturna que não foi bem calculada ceifou a vida aos três ocupantes da viatura. A tristeza sentida foi imensa. Mesmo passados anos depois da despedida a tia Isabel devido ao desgosto que sentiu, confidenciava que às vezes passava em lugares por onde lhe parecia visualizar a amiga. Já estamos a rodar na estrada algum tempo, o Miguel cansado, acabou por adormecer. O pai já nos informou que só vai fazer alguma paragem se houver necessidade caso contrário a próxima paragem será em casa. Também fico contente por voltar a casa! Alegra-me quando na autoestrada começo a ver placas com indicação dos quilómetros que faltam para chegarmos ao nosso destino. Quando passamos Alcácer do Sal, falta já pouco para a viagem terminar. Entretanto, o Miguel acorda e pergunta quanto tempo falta para chegarmos a casa, a mãe responde–lhe: 
- Quando aquela montanha além nos parecer cada vez maior estamos quase em casa! Ao longe no horizonte já se deslumbra a bonita Serra da Arrábida.
                                          -  Fim  -

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